NA MONTANHA RUSSA

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"Não acredito! Clara! Como pôde fazer isso?" Disse Beatriz, a melhor amiga de Clara no colégio, após a mesma relatar o ocorrido com Thomas no cemitério no dia anterior.
"Isso foi incrível!" Completou Beatriz.

"Eu sei, nem eu entendi o que houve direito" respondeu Clara um pouco envergonhada. A sala estava meio vazia após o fim da primeira aula do dia. A hora ideal para as garotas falarem tudo sem os professores interromperem.

"Mas você ainda não terminou! Me fala o que seu pai e seu tio fizeram!" Falou Beatriz num tom de empolgação que Clara raramente presenciava.

"Meu pai falou um monte, principalmente pro Thomas! Ele estava perto de bater nele, mas meu tio o segurou, depois o Thomas se desculpou e saiu" respondeu Clara da maneira mais simples possível.

Ela não era de falar tudo mesmo para a melhor amiga. A não ser que precisasse urgentemente desabafar, preferia manter as coisas para si.

Clara evitou contar para Beatriz que seu pai havia gritado para com ela "Sua vaca desprezível! Você é pior que sua mãe! O que te deu na cabeça sair beijando desconhecidos? Ainda no velório do George!!!" Clara evitou contar que após isso seu pai estava prestes a lhe dar um tapa no rosto mas que Thomas impediu. Evitou contar que após isso seu pai atacou Thomas e então foi quando seu tio apartou a briga.

E principalmente, evitou contar que ouviu uma das piores e mais frias frases já ditas para ela "Eu achava que você tinha respeito para com o George, para comigo e para com a nossa família. Mas estava enganado, você não respeita ninguém. Muito menos a si mesma, Clara" ditas pelo seu tio Martin com lágrimas nos olhos e um olhar de nojo, que logo em seguida expulsou Thomas do velório.

Ouvir tantas palavras fez com que a morte de George subitamente voltasse a tona e mais forte que nunca.
As vezes um acontecimento ruim faz outros piores ainda voltarem a tona, ainda mais fortes.
Um exemplo disse é a própria Clara, que somente chorou a morte de sua mãe quando uma semana depois. E foi quando recebeu a notícia de que ela teria de se mudar do lar onde crescera.

Não é como se a mudança fosse pior do que a morte da mãe, mas sim, que ela já estava segurando dores por tempo demais.

A dor é como um balão se enchendo de ar. As vezes fica imenso de tanto segurar, mas, as vezes só basta um pouco mais para estourar...

Após aquela situação no velório, Clara estava acabada. Porque além de toda a dor que já suportava, ainda se sentia culpada.
O enterro fora desgastante, com olhares frios para ela. A volta de carro, um pouco melhor visto que seu pai não falou uma palavra para ela.

E apesar de Clara não dizer nenhuma dessas coisas para Beatriz; tudo voltou como um flash para ela, que abaixou a cabeça em pesar.

"Podia ser pior" disse Beatriz. "Vamos, não fique assim. Ainda está triste pelo George não é? Eu também estou" concluiu Beatriz com um sorriso confortante.

MORTO EM COMUM [Original]Onde histórias criam vida. Descubra agora