Clara se perguntou se conseguiria lidar com isso. Seu primo era um abusador, Thomas era um assassino e o investigador era o próximo da lista de Thomas."Então, pode mostrar a gravação?", Perguntou o investigador Ricardo. Um dia havia se passado após a confissão de Thomas para Clara, eles estavam na sala de estar da casa dela. A Investigadora Suzane estava acompanhando tudo com um bloco de notas e uma caneta.
Clara se lembrou de tudo que passou na noite anterior, uma verdadeira guerra de sentimentos a invadia enquanto descobria a verdade.
Na noite anterior Thomas lhe pediu ajuda para matar o investigador.
"Como pode me pedir algo assim? Você só estava me usando o tempo todo pra chegar nele então?" disse Clara deixando a ira e desconfiança tomar conta.
"Foi necessário, ele precisava achar que estava na pista certa e você foi uma da confirmações mais convincentes para ele", disse Thomas "mas não é só isso, Clara. Desde o momento que te vi eu sabia que ia me apaixonar de verdade por você!".
Clara virou o rosto em desaprovação.
"E você pensa que vou acreditar? Você só se aproveitou de mim... Eu... Eu me entreguei pra você!" disse Clara, muito irritada e inflexível.
"O que esperava que eu dissesse? 'Oi, matei seu primo, te achei uma graça e preciso da sua ajuda pra matar um abusador', era isso que esperava?", retrucou Thomas.
"Você só me usou, Thomas! E ainda está tentando fazer isso!" disse Clara "Você é um psicopata, sem sombra de dúvidas você é!".
Thomas se aproximou e pegou em sua mão, mas Clara logo a tirou, se afastando.
"Você sabe que isso não é verdade, Clara. Sabe que o que sinto por você é real", afirmou Thomas com grande confiança.
"E como você pode ter tanta certeza disso?" indagou a garota com mais lágrimas escorrendo em seu rosto.
"Pois você sente o mesmo que eu!" disse Thomas por fim.
Clara pediu pra ele abrir a porta, Thomas não tardou a lhe entregar a chave.
Clara se virou e foi andando decidida para a porta, colocou a chave e a girou.
Não tinha certeza se era a chave veradeira, se Thomas só estava a testando, se era mesmo perigoso.
Ela colocou a mão na maçaneta. Sabia que Thomas estava a observando do final do corredor.
"Tem uma criança sendo abusada" disse Thomas. Clara parou, ainda sem olhar para trás e Thomas prosseguiu "se não me ama não precisa ficar mais comigo, vou ficar desapontado, claro, mas é como você desejar. Mas Clara, me ajude com isso, só você pode me ajudar a pegar Ricardo, assim como George, ele é um abusador".
"Acredito... Acredito no que disse sobre George. Por mais que isso me destrua..." disse Clara, agora se virando para Thomas "mas como posso saber que o investigador Ricardo também está envolvido?".
"Sabe como eu faço as coisas, Clara?", perguntou Thomas a encarando "eu mato pessoas, abusadores faz muito tempo, nunca fui pego. Nunca deixei pistas. Faço isso desde que me tornei legista. Eu caçava pessoas pela internet, fóruns de abusadores. Sou muito bom com computadores, sabe? Eu conseguia descobrir o IP, saber quem era a pessoa, um tempo depois, fazia amizade na vida real sem me apresentar como nos fóruns, e me aproximava da forma mais natural que podia".
"Para! Não quero saber como matava os outros" disse Clara.
"É importante que saiba!" retrucou Thomas de forma imponente, e Clara tornou a ouvir. "Mas no caso do investigador foi diferente. Um dia, durante a troca de plantão no necrotério, ouvi meu colega ser ameaçado. Como estava no outro lado de uma cortina pegando minhas coisas, não fui visto. O investigador Ricardo colocou uma arma na cabeça dele, meu colega era muito baixo e frágil. Qualquer um conseguiria intimida-lo, ainda mais com um revólver apontado no rosto. Havia o corpo de uma mulher, ela havia sido morta e estuprada.
Ricardo proibiu meu colega de dar o resultado do laudo do corpo daquela mulher para a polícia pois ele era o culpado. Ele deu um bolo de dinheiro e ameaçou sua mulher e filhas caso e legista contasse a verdade pra alguém. O verdadeiro motivo da morte de Mônica Santos Albuquerque nunca foi descoberto.
Mas eu sabia a verdade: Ricardo era o abusador e assassino. Então eu fui atrás dele, o segui descobri tudo sobre ele. Era divorciado e cuida sozinho de sua filha que aliás é sua atual vítima".
Clara olhava incrédula, agora sentia nojo de quando o investigador a tocou e comparou com sua filha. Aquilo fazia sentido.
"Não existia uma forma fácil de me aproximar de Ricardo, então eu decidi ser investigado por ele. Não posso revelar exatamente o que fiz mas digamos que 'mexi os pauzinhos' para que ele pegasse o caso. Deixei pistas nas minha últimas vítimas para que ele me perseguisse. E agora com sua ajuda, Clara, finalmente tenho um elo com Ricardo que parece 100% natural. Ele acha que está me caçando, mas ele é a caça".
Um silêncio brandiu o local. Clara finalmente estava ligando os pontos. Thomas era um tipo de justiceiro psicopata mas... Aquilo não estava errado para ela.
Afinal, tudo que ele fez não chega aos pés do que abusadores fazem, estaria Thomas tão errado assim?
"Não sei... Thomas por qual motivo tinha que ser comigo? Existiam outras pessoas do velório e...", Thomas a interrompeu "uma conexão instantânea, Clara. Podia ser sim com qualquer um, seria até mais fácil se não fosse com você. Algumas coisas simplesmente acontecem".
Clara desviou o olhar... Olhou novamente para a maçaneta.
"Se você quiser pode ir e nunca mais me ver. Mas posso te provar tudo sobre o investigador, é só fazer o que eu disser", afirmou Thomas.
Clara após lembrar disso se viu novamente na sala de estar, prestando depoimento para os investigadores Ricardo e Suzane.
"Ele é o assassino, e vai fazer sua próxima vítima. Ele me disse hora, data e local. Vocês tem que impedi-lo!" disse Clara, dissimulando preocupação e tristeza. Agora ela estava jogando dos dois lados.
O próximo assassinato era uma pista falsa para que o plano de Thomas fosse concluído.
Ela agia como a parceira de Thomas e como espiã para a polícia.
Ela se perguntou como Thomas provaria que o investigador era culpado e se fosse, se teria coragem de arquitetar sua morte.
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MORTO EM COMUM [Original]
Romance[Esta não é uma história de romance comum] Alguns casais podem dizer que se conheceram por algum amigo, lugar, festa em comum. No caso de Clara e Thomas, este algo "em comum" é um MORTO. Cuidado. Assassinatos em série, manipulação psicológica e uma...