Ela me olhava de uma forma que eu não podia decifrar se eu apanharia ou ganharia um abraço. Um breve suspiro saiu dos seus lábios chamando minha atenção, ela foi até o sofá e se sentou passando a mão pelos cabelos. Ela respirou fundo e me olhou novamente.-Senta!- ela apontou para mesa de centro a sua frente eu me sentei ficando na altura dos seus olhos.
-Mãe!- ela levantou a mão para que eu parasse de falar.
-Para, quando você nasceu Ludmilla eu era perdidamente apaixonada pelo Jorge, então arrumei briga com todos ao meu redor somente porque queria estar com ele. Nós tínhamos tudo, então eu sai de casa gravida de você e fui morar com ele. Todo o dinheiro que ele tinha envolvia problemas com a policia ou até mesmo esquemas de tráficos e um dia ele foi comprar cigarro e desapareceu. Um tempo depois me disseram que ele havia sido preso e morto na cadeia, meu mundo caiu naquele momento, você tinha um ano. Eu deixei de comer e até mesmo de dormir pra velar o seu sono e te alimentar. Então eu não consigo ainda dizer que te perdoou, você sempre foi tudo para mim e preferiu um homem que você nunca nem se quer viu.
Eu não tinha palavras, meus olhos ardiam e eu não tinha nem forças para fazer qualquer tipo de argumentação, ela se levantou indo em direcção ao carro e eu fui atrás em silencio, no carro os meninos faziam piadas o tempo todo e pareciam não se importar com o clima tenso entre minha mãe e eu.
Eu estava tão perdida em meus pensamentos que nem notei quando chegamos ao jogo, haviam alguns repórteres em frente ao jogo e pediram fotos nossas, posamos e logo saimos dali sem dar nenhuma entrevista. Mandei mensagem para a Bru pedindo que ela almoçasse comigo e Ramon e mamae, ela perguntou se o clima estava melhor e eu disse que não.
No fim do jogo, Bru havia chego e estava toda babona pra cima de Ramon nem parecia que estava brava com o mesmo a algumas horas atrás eu admirava o poder que ela tinha de perdoar algo sem deixar que nenhum ressentimento ficasse na cabeça dela, se fosse eu o coitado ia ta comendo o pão que o diabo amassou. Vi a mulher vindo em minha direção com aquele sorriso sereno me dando um selinho rápido.
—Te ver e a melhor parte do meu dia. — a mesma disse me fazendo sorrir ela passou a mão por meu rosto e vi minha mãe passando para entrar no carro com os meninos.
-Ela não quer me perdoar Bru - a mesma me deu mais um selinho olhando nos fundos dos meus olhos.
-Algumas pessoas levam mais tempo que outras, respeite o espaço dela.
Fomos em direcção ao restaurante o caminho era um total silencio, a não ser por Ramon e Yuri que conversavam empolgados sobre o jogo, descemos no restaurante preferido da minha mãe e a mesma revirou os olhos.
-Não pense que me bajulando as coisas vão melhorar Lud - ela disse séria - mas já é um começo! - Ela piscou descendo do carro com os meninos que riam, olhei pra Bru e a mesma sorriu e desceu sem dizer nada, suspirei sentindo pela primeira vez em todo esse tempo que minha mãe poderia me perdoar.
O almoço estava sendo tranquilo eu e Bru riamos da cara do Ramon enquanto eles no contava sobre seu primeiro beijo.
- Mãe foi especial parecia que tinha muitos fogos de artificio, acho que eu me apaixonei. - Ele dizia e meu filho era doce como a Bru.
- Que coisa de viado Ramon! - Yuri disse rindo da cara dele eu revirei os olhos os mesmo começaram a se trollar e minha mãe ria
- Yuri, você quando deu seu primeiro beijo só faltou beijar os pés da menina, deixe o Ramon em paz! - Eu ri caçoando do mesmo e ela me olhou rindo - Não ria muito também não, você quando deu seu primeiro beijo só não tatuou o nome dela porque eu não deixei.
-Mamãe você era emocionada! - Ramon disse e todos rimos e eu revirei os olhos.
A conversa parou quando uma sombra se fez sob a nossa mesa. Todos olhamos e eu estava pálida, Brunna apertou minha mão com força e Ramon parecia com raiva, e Silvanna estava assim como Brunna me olhando atenta.
[...]
Jorge
Mais uma vez eu estava voltando para casa depois de ter ido a barra resolver algumas coisas com alguns traficantes de lá, eles sempre acabavam me dando problemas. Vi o carro de Ludmilla e pensei porque não seguilos? Eu tinha falta de ser um homem comum que ficava acordado contando historias para a filha eu perdi muita coisa por conta das escolhas que fiz e me arrependo, vi eles descendo rindo e conversando sobre algo. Parei minha moto do outro lado da rua, eles conversavam animados na mesa quando uma mulher conhecida por mim entrou no restaurante, mas como?
Minha cabeça estava um turbilhão enquanto eu via aquela imagem parada sob a mesa, eu não poderia entrar no restaurante chamaria muita atenção. E se ela fizesse algo a minhas vidas, eu não poderia deixar ela ali, sem fazer nada. Todos os cabelos do meu corpo se arrepiavam eu peguei meu telefone discando o numero de Ludmilla. Vi a mesma desviar a atenção pro celular e logo depois para a mulher ela pegou o telefone.
-Ludmilla- eu disse e a mesma
-Olá! - ela disse animada, acho que a mulher tinha pedido para que ela agisse naturalmente
- Você está correndo risco?- Ela engoliu em seco
-Sim, está tudo bem!- ela disse sorrindo para a mulher
-Está ocupada, vai sair? - perguntei de um forma que ela fosse conseguir me responder
-Estou num restaurante, vou passear só com a mamãe! - Ela disse nervosa e eu tinha entendido aquela porra queria levar a Silvana, ela queria me atingir e teria as consequências necessárias.
Encerrei a ligação e Ludmilla deixou o celular sob a mesa, ela tinha um olhar perdido e encarava a mulher a sua frente como se estivesse e realmente estava nem nos meus piores pesadelos encontraria Carla.
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TRUE II
FanfictionAgora que ja estávamos casadas e tínhamos uma família completa, eu e Brunna só precisávamos cuidar do nosso amor e do nosso filho Ramon, mas eu nunca imaginei que...