Dia 14

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São três da manhã.
Tenho sono mas não consigo dormir.
Não estou no meu quarto.
Não sei em que quarto estou ou se estou em minha casa, sequer.

Ontem saí de casa.
Vagueei como faço sempre.
Troquei umas palavras azedas e insultos com dois bêbados e acabei por ir ao mesmo bar onde tinha perdido a carteira

Isto não é lugar de garotas, principalmente, garotas bonitas. Devias ir para casa.
Eu estou bem.
Não parece. Queres alguma coisa para beber?
Eu estou bem.
Não precisas de ser mal educada. Só te ofereci alguma coisa para beberes. Água fazia-te bem.
Não tenho sede. Não preciso de si nem da sua ajuda. Eu estou perfeitamente bem
Sabes que não acredito numa única palavra que dizes, certo? Até a mentir, mentes mal. Tenho pena de ti miúda. Tu não estás bem.
Eu. Estou. Bem.
Não, não estás . Moço, trás um copo de água para esta rapariga.
Eu já disse que estou bem.

Acabei por beber o copo de água ao pé daquele perfeito desconhecido. Não faço a mais pequena ideia de quantos anos tem, se tem familia ou amigos. Se tem alguma coisa. Não sei se trabalha, se não trabalha... Não sei nada. Mas ele é um pouco simpático e isso deixa-me um pouco mais (muito pouco) confortável.

Eu não o conheço. Porque é que se está a dar ao trabalho comigo?
Eu sei. Acredita que estamos no mesmo barco, não somos muito diferentes, tu só és mais nova.

PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora