Dia 31

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3 da tarde.

Voltei ao bar, o Pérola.
Ele estava lá, a afogar-se na bebida,como sempre.
De certa forma, isso reconfortou-me.
O estranho era ele ter as mãos ligadas e com sangue seco, mas não fiz perguntas.
Ele não reparou em mim até eu lhe ter tocado no braço.

O que é que estás a fazer aqui?

Será que ele se tinha esquecido da noite que passámos?

O que é que tu estás a fazer aqui? Eu sei que não queres ser mais um perdido. Eu sei disso.

Deixa-me em paz. Não te devias estar a chatear. Tens uma vida pela frente. Eu não fui mais do que... Sei lá! Do que nada!

Ele bateu com a mão aleijada na mesa , eu sei que lhe doeu, mas ignorou a dor.

Não

Não?

Não te vou deixar afogar. Tu salvaste-me. Obrigada. Eu... Eu...

Eu sei...

Ele virou-se e percorreu o meu corpo com os olhos. Depois beijou-me. E depois pegou no casaco e foi-se embora.

Porquê?

Corri até ao exterior, estava frio e ele estava a entrar no carro.

Não. Não vás!

Ele largou a porta.

Tu és só uma miúda. Eu não voltar a fazer mal a uma garota! Não vou fazer o mesmo erro duas vezes. Tu não mereces...

Corri até ao carro e agarrei-lhe os colarinhos em biquinhos dos pés.

Eu... Eu amo-te. Eu amo-te!

Ele afastou-me com os braços , mas eu continuava firme.

Tu nem sequer me conheces! Como é que me podes amar? Explica-me! O que é que tu sabes sobre isso?

Ele estava praticamente a gritar comigo e eu comecei a chorar. O tempo que passámos não foi nada? Como é que ele podia ser tão insensível?!

O suficiente para saber que é isso que sinto por ti. Não me abandones! Por favor...!

Ele entrou no carro, ligou a ignição e partiu. Só isto.

E o meu coração estilhaçou-se contra um prédio.

PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora