Dia 29

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Casa do gajo do bar.
E não, ainda não tenho coragem de lhe perguntar o nome.

O que é que estás a fazer aqui?
Ele continuava a segurar a porta à espera que eu lhe desse uma resposta.

Coisa que eu não tinha.
Limitei-me a dar um sorriso e a pedir para entrar.

Tal como me lembrava, a casa era confortável, mobilada com bibelôs.

Senta-te. O que é que queres?

Companhia. Por muito estranho que pareça. Eu pedi o número da tua casa ao barman, por isso...

Ele olhava para mim com uma sobrancelha arqueada. Cheirava a tabaco e a álcool no pequeno apartamento dele e algumas roupas ainda estavam no chão. Estava melhor do que eu pensava.

Ele acendeu um cigarro e ofereceu-mo. Eu recusei e ele encolheu os ombros.

Tens sorte. Achas que estás numa posição pior do que estás, mas isso é mentira.

Sentei-me melhor em cima da cama por fazer e ele reparou levemente em mim, enquanto estava a olhar para o lado de fora.

Não vieste aqui para ficares na minha cama, ou foi?

Fui agraciada com um riso trocista. No que é que ele alguma vez me podia ajudar? E, no entanto, eu tinha pedido o número da casa dele a um barman...

Como  é que o barman sabia onde vivias?

Ele puxou o cigarro e riu-se.

Eu não sou o primeiro bêbado que têm de pôr em casa, sabias? E nem vou ser o último.

Eu percebi a indireta.

A pergunta é: porque é que me querias ver? E não me venhas com essa história da companhia.

Ele acabou o cigarro e deitou-o pela janela.

Tinha saudades tuas. Isso chega?

Eu sabia que tinhas... Fui eu que dei a minha morada para o caso de me acontecer alguma coisa ou alguém precisar de mim. Alguém que interesse.

Levantei-me da cama , tirei o meu casaco e fui até à janela.

Não faças isso, por favor.

Ele aproximou-se de mim e beijou-me da forma mais bruta que é possível.
Quando acabou, o meu lábio sangrava.

Era esta a companhia que querias?

PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora