O renascer do velho mundo

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Sinto algo a tocar meu corpo, algo a me despertar, sinto que se move, e que está vivo. Seriam os anjos que criei a milhares de anos atrás? Não. Se eu não estiver ativo eles também não estaram.

Abro aos poucos meus olhos, e percebo que estou em um ambiente completamente estranho. E ao me levantar, me deparo com um pequeno bando de minúsculos serezinhos extremamente apavorados com a minha presença. Eles se comunicavam com extremo desespero em uma distinta linguagem, a qual eu não podia compreender.

"Estes devem ser os filhos de Lilith..." Pensso, enquanto saio para o lado de fora daquele lugar.

Ao sair, me vejo diante de um mundo completamente diferente do qual eu havia me recordado quando começei a hibernar. Este, ao completo oposto do outro que ja havia visto, era fresco, e coberto por uma extensa variedade de espécimes, cada um completamente distinto ao outro. Tentei abrir minhas asas para poder voar para longe dali, mas ao fazer isso, a pressão exercida pelos lilin para me despertar, somada à altíssima carga de energia que emanava de meu corpo, fez com que eu não suportasse mais tamanha energia. O que inevitablemente fez com que meu corpo se sobrecarrega-se e se reduzi-se a um estado embrionário, enquanto a massa restante comprimia-se e explodissea-se de maneira anormalmente instável. Porém, antes que eu se quer pudesse fazer algo, me vi adormecido novamente.

E lá estava eu, abrindo meus olhos novamente. E diante de mim estava um de meus anjos. Seu núcleo havia sido retirado, e estava com a sua cabeça decapitada.

— Tabris? Você acordou? — Dizia um estranho lilin de cabelos grisalhos.
— Consegue se mover?

Tentei colocar-me de pé, e então, olhando ao redor, vi-me em frente ao lilin, que agora estava a medir bem mais que eu.

— Ótimo, ótimo! Então tudo ocorreu como o previsto. — Disse aquele estranho senhor, dando as costa para mim. — Sendo assim, confio a Dra. Stella Mannerheim o proceder deste projeto. — Logo ele olhou para uma mulher de cabelos loiros que estava à sua esquerda.

A mulher voltou, então, o seu olhar para mim.

— Você... Consegue me compreender?
— Indagou a moça, analisando-me milimetricamente de cima a baixo.

Devido ao contato que tive com os lilin, consegui absorver parte de suas ondas cerebrais, e pôr isso podia entender cada uma de suas palavras.
E para responder ao seu questionamento, tentei elaborar alguma frase sucinta.

- S-sim...- Este foi o máximo que conseguia dizer naquele momento, e mesmo assim, eu havia falhado.

Vi então seu semblante sério se transformar então em uma expressão de imensa curiosidade e surpresa.

— Realmente estou surpresa que mesmo ainda tão pequeno consiga falar. — Ela logo começou a anotar alguma coisa em um pequeno caderno que havia pegado em um mesa que estava ao lado.

- P-pequeno? - Pergunto, tentando entender oque estava a passar.

Ela se vira um pouco para trás, e pega um grande espelho, e vira-o para que eu possa mirar-me.

Han?! - Fico estremante surpreso ao ver uma pequena forma rechonchuda e estranha.

— Prendemos a alma de Adão ao corpo de um humano recém nascido, e usamos o núcleo de Tabris para ativa-la. — Assim, a loira guarda novamente o espelho que havia pegado.

— A-a quem p-pertência este c-corpo?
— Vi então ela abaixar seu olhar, e seu semblante tornar-se obscuro e severo.

— Este corpo é um clone do antigo chefe de nossa organização. — Ela olhou-me profundamente, e consegui ver em seus olhos dor e tristeza. - Seu nome era... Era Kaworu Nagisa.

Vi então escorrendo de seus olhos uma pequena lágrima que acariciou gentilmente sua bochecha redonda.

— Preciso mesmo ir agora. Vou deixar você imerso em LCL. E amanhã retornarei para encontrá-lo. — A mulher aproximou-se de mim, e me pagou em seus braços, carregando-me até um enorme tanque de LCL, abrindo a escotilha e colocando-me no local. Logo, se afastou, não antes de encarar-me com seu olhar tristonho.

— Até logo. Tabris.

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