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Levanto pela manhã e me arrumo para o trabalho, com toda a tarde de ontem ainda me consumindo. Esfrego meus olhos e olho para o colchão onde Elizabeth havia se acomodado até o outro quarto ficar pronto. Passo por ela, pego minhas coisas e saio dali o mais silenciosamente possível. Depois de me arrumar e sair de casa, sinto minha manhã passar como um vulto. Dou toda minha atenção as crianças, sem me permitir pensar em outra coisa senão eles. Luca não vem deixar Giovana, sua mãe que vem e acabo por receber um olhar de conforto da parte dela. Com o fim da aula, as crianças vão saindo com os pais, até que Gio fica por último, com seu pai aparecendo um pouco atrasado. Ela vem e me abraça, arrancando um sorriso de mim. Aceno para a pequena loba vendo-a sair com o pai, mas quem acaba acenando de volta é ele. Vendo que não era pra ele, Luca passa sua mão em sua cabeça, tentando disfarçar. Não consigo me segurar e acabo rindo dele. Luca sorri para mim, seus olhos encontrando os meus. Meu sorriso some e abaixo a cabeça, apressando-me para guardar as coisas. Aquele sentimento me atinge de novo, sem nada mais para me distrair. Olho para a porta e eles não estão mais ali. Mas o que eu faria se estivessem?

Ando apressada para vê-los mais uma vez. Só porque sim. Porque eu precisava disso, mesmo que me machucasse. Egoísmo da minha parte, mas eu não podia deixar ir sem dizer adeus também. Praticamente correndo para saída, vejo que o carro dele não está tão longe assim do meu e o de Patrick. Calma. Patrick? O que diabos ele está fazendo aqui? Eu tinha certeza de que ele podia ver minha cara de desgosto, mas mesmo assim acenou freneticamente na minha direção. Ando até ele, pronta para chutar sua bunda dali. Chegando perto dele, sussurro minha pergunta.

— Vim buscar você. Tem alguém querendo te encontrar. — Ele me responde com a maior cara de pau.

— Do que você está falando? — Pergunto, me encostando no carro dele, motivada a manter a paz no estacionamento do meu novo trabalho. Meu olhar vacila e vejo que Luca ainda estava lá, só que agora observava a mim e a outra raposa.

— Seu avô, quer falar com você sobre algumas coisas. Ele me mandou aqui porque achou que seria melhor não causar nenhuma confusão no seu local de trabalho. Ele foi atencioso com você. Não foi uma boa ideia? — Atencioso merda nenhuma. — Ele também mandou dizer que seria uma pena se ele mesmo tivesse que vir aqui convocar você, Juliet.

Sinto a ameaça em suas palavras e me endireito. Trago seus olhos para se alinharem com os meus e dou um passo mais perto dele.

— Aí meu avô manda logo você para vir me avisar, não é mesmo? Interessante. Será que ele tinha ideia de que eu poderia, sabe, fazer isso? — Empurro seus ombros com força o suficiente para que ele caísse para trás. — Pela Deusa! Tudo bem aí, Patrick? — Digo com um sorriso no meu rosto.

Ouço passos perto e levanto a cabeça para encontrar Luca caminhando em nossa direção. Ele tinha suas mãos em punhos e seu rosto parecia retorcido em raiva. Ele estava irritado comigo por fazer uma cena no estacionamento? Mas só havíamos nós ali. Luca se aproxima de mim e me desloca para trás dele. Quando Patrick finalmente se levanta do chão, Luca chuta seu joelho, fazendo com ele volte ao seu antigo estado. Fico tão surpresa com a atitude do meu lobo que mal reajo.

— Você está bem, meu doce? — Luca me pergunta. Tento respondê-lo normalmente, mas apenas gaguejo um sim. — Por que que você não me deixa resolver isso?

Porque não, penso. Não era realmente sua luta para lutar e eu tinha isso sob controle. Mas como eu não consigo só dizer isso?

Antes que Luca tente nocautear Patrick, coloco minha em seu braço, chamando sua atenção para mim. E eu consigo. E é tanta atenção e intensidade que seus olhos me dão que acho que vou perder o ar.

Entre o Sangue e o Paixão (Duologia Entre Lobos e Amores, Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora