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Ando com aquelas palavras fixas em minha mente. A mãe da minha menina era humana? Eu não tinha ideia disso. Pobre Giovanna, perdeu a mãe sem ao menos conhecê-la. E meu Luca? Como deve ter sido difícil para ele lidar com a perda e ainda criar sua filha sozinho. Bem, talvez não sozinho, pois ainda havia Martha para ajudá-lo. Essa pequena família sofreu tanto.

Sento-me na minha cadeira, tão inundada pelos meus pensamentos que nem noto que Enrico e Ana já estavam no pequeno altar. As celebrações entre os paranormais são diferentes das dos humanos. Mas dessa vez tínhamos uma humana e um lobo. Então as coisas forma misturadas. Além de ser o anúncio oficial da união dos novos alfas, também era uma pequena cerimônia de casamento. E foi incrível. Era possível sentir o amor deles, praticamente palpável. Todos que estavam ali e viam a relação entre eles sabia que o destino e a lua não haviam errado.

Nunca erra, Juliet.

Quieta, raposa intrometida.

As palmas são bem-vindas quando a cerimônia é selada por um beijo do casal. Nos levantamos assim que eles saem do altar e desce para o salão de dança. Fui pega desprevenida ao ver Enrico dançar com Ana. Um doce som instrumental soava, enquanto eles praticamente flutuavam pelo salão. Ouço alguém fungar ao meu lado, e me deparo com meus pais abraçados e minha mãe enxugando suas lágrimas. Fico sorridente, pois até mesmo quando suas lágrimas eram de felicidade, meu pai estava pronto para ajudá-la a limpá-las.

Outros casais começam a entrar na pista e incentivo os dois a irem também. Sempre amei ver eles dançando, como nos momentos em casa, onde brincaríamos que eu e Jo éramos princesas com seu rei e sua rainha, em um grande baile. Boas lembranças. Sinto uma pequena lágrima deslizar pelo meu rosto e apenas deixo. Novamente, era por uma boa coisa. A música acaba e os casais se dispersam, voltando aos seus lugares. Vejo meus pais sorrindo um para o outro durante todo o seguimento da festa. Sei que eu adoraria me levantar e dançar, mas o medo de ser vista estava maior. Então até o último segundo, fiquei sentada observando as pessoas e rezando para não esbarrar com meu companheiro.

Tudo corria bem, até mesmo se alguns lobos rosnavam em nossa direção, permanecíamos pacíficos. Bem, estávamos até Aaron nos abordar apreensivo.

— Talia, Jericho, Juliet. É ótimo revê-los. — Ele fala, olhando para cada um de nós. — Será que vocês poderiam me acompanhar, por favor?

Olho entre minha mãe e meu pai, porém só me levanto quando meu pai o faz. Isso estava muito estranho, era uma certeza. Seguimos Aaron até a casa dele, vendo que uma Ana assustada e um Enrico bravo estavam lá também. Não tinha notado quando eles saíram.

— O que está acontecendo? — pergunto a eles. Enrico me nota ali e se aproxima de mim, mantendo a raiva em seu rosto.

— Juliet, por que você não me explica como sua irmã conseguiu enviar um maldito presente para a minha festa de casamento? — Sua voz me deixa alerta, o que faz com que eu me coloque na frente dos meus pais. Ergo minha cabeça e olho em seus olhos, esperando que ele entenda que não irei recuar.

— Acalme-se, Enrico, talvez eles também não saibam o que está acontecendo. — Talvez? Era muito claro pelo rosto assustado da minha mãe ao ouvir sobre minha irmã que não sabíamos o que estava acontecendo. Mas Ana disse que talvez.

— Ouça sua esposa. — Falo me mantendo séria. — E aproveite para se afastar. Não comece uma guerra por ser imprudente.

Vejo Aaron chegar mais perto do filho e puxá-lo para trás, pedindo, mais de uma vez, para que ele respire fundo. Enrico se senta ao lado de Ana que está me observando, como se quisesse saber de algo mais. Viro-me para Aaron, que parece ser o único com razão suficiente para me responder aqui, e perguntou-lhe o que realmente havia acontecido.

Entre o Sangue e o Paixão (Duologia Entre Lobos e Amores, Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora