Entre o Sangue e o Paixão (Duologia Entre Lobos e Amores, Livro II)

06

Sento-me no sofá ainda chocada que meus pais saibam sobre mim e Luca. Pelo menos sobre o que nós deveríamos ser. Levo alguns minutos para pensar em algo bom o suficiente para distrair os dois desse assunto. Penso em voltar ao assunto "bruxa que me segue de agora em diante", porque para mim eles tinham reagido muito naturalmente. Talvez falar do primeiro dia de aula, só que isso acabaria voltando ao assunto Luca novamente. E se eu tentasse correr? Obviamente mamãe me derrubaria antes. Então faço a coisa mais sensata possível. Fico calada. Eles me observam esperando uma resposta que eu não darei.

— Então? Não vai dizer nada, filha? — Papai pergunta e abaixo a cabeça, negando lentamente. Ouço um suspiro da parte dele e posso praticamente vê-lo se encostar no sofá. — Era por isso que você estava triste, não era? Por causa dele. Querida, se esse homem tiver feito algo para você, tem que nos dizer. Só assim poderemos resolver.

— Talvez a base de sangue e guerra, mas iremos ajeitar tudo. — Arregalo meus olhos e levanto minha cabeça para minha mãe. — O que aconteceu, meu bem?

— Anda, Juliet, fala logo! — Meus olhos de dirigem a bruxa que também havia se mantido calada esse tempo todo. Poderia ter continuado desse jeito.

Inspiro fundo e deixo o ar sair lentamente. Olho para cada canto da sala e decido que só há um jeito de sair daqui. Começo contando como descobri que Luca é meu companheiro.

— Eu lembro como se tivesse sido ontem. Eu estava preocupada com Joana, ela não atendia as ligações, mal respondia as mensagens e grande parte de seu tempo era dedicado a estar longe de nós. Então comecei a ir atrás dela, seguindo cada passo. Então em um dia que não estive lá, Jo levou Ana até a antiga cabana do nosso bisavô. Eu ouvi por meio de outras pessoas e corri para chegar lá antes que ela decidisse fazer outra besteira, ou sofrer com as consequências das que já tinha feito. Tive tanta sorte de ter chegado lá na hora em que Ana fugiu. Ninguém sabe disso além de mim, mas eu fui a única a nocauteá-la e levar ela dali. Merda, eu tinha muita noção do que Joana fez, mas eu ainda não podia simplesmente jogá-la aos lobos. Literalmente.

"Foi daí e diante que realmente vi que ela não era a mesma. Os surtos em casa, atacando do nada e sempre gritando. Ela se encontrava a beira de um precipício e em sua cabeça a solução era ser uma líder com a companheira do alfa dos lobos ao seu lado. Minha irmã ia se autodestruir, ela já estava nesse processo. Então, no outro dia, após o sequestro, decidi ir falar com Enrico, porque achei que era mais que necessário. Eu não a queria morta, mas não podia deixá-la impune. Tinha ido pela manhã, mas devido a "situação", voltei ao lugar que mantinha Joana presa, apenas para descobrir que ela havia escapado. Durante a noite, voltei a pequena vila dos lobos e estava pronta para conversar sobre Joana com o alfa e sua família. Só que antes de me transformar de volta na minha forma humana, uma garotinha apareceu correndo ali perto, com um coelho branco em mãos. Era irônico, já que normalmente lobos comem outros animais, não adotam eles. Sorri para a cena, até que o pai dela apareceu, correndo atrás da menina. No instante em que ele apareceu, tudo ficou meio turvo. O aroma dele chegou até e eu soube. Soube que ele era o único. Eu estava pronta para dar um passo mais a frente, para que ele me sentisse ali também."

"Esse foi o momento em que eu o ouvi conversar com a pequena garota. Ele estava dizendo que eles não podiam ir ver a Ana agora porque ela ainda estava se sentindo mal por causa da "raposa malvada" que a levou. Não pude me mexer depois disso. Eu era uma raposa, eu sou uma raposa. E era da minha irmã de quem eles estavam falando. Como poderia ir lá me apresentar quando eu sou tudo que eles não queriam por perto? Não pensei em mais nada e apenas fugi. Eu não sou boa para eles por ser quem eu sou. Não posso ficar com eles porque isso poderia prejudicar aos dois. E eu sei, eu sei que se eu ficar vai acontecer algo ruim."