Não sei o que dizer quando estamos a caminho do restaurante. Pelo menos eu achava que estávamos indo para um restaurante. Luca estava em um jeans escuro e com uma camisa de um tom azul parecido com o do meu vestido. Por acaso Elizabeth via o futuro e nunca me contou? Ele dirigia com as duas mãos no volante e seus olhos não saiam da estrada. Tive a impressão de que conhecia aquele caminho, mas não comentei. Naquele momento eu desejava muito que minha perna parasse de mexer freneticamente. Noto que seu olhar vem em mim, rapidamente. Aperto meus lábios em uma linha, sem nenhuma ideia do que fazer. E se eu falasse algo errado? Ouço-o rir e me viro para entender o que era engraçado. Ergo uma sobrancelha, querendo saber o que o fizera rir. Certamente não fora algo que eu fiz.
— Desculpe, eu só estou tão nervoso que não sei o que dizer. — Arregalo meus olhos, sem saber exatamente como o responder. — Eu cheguei a pedir conselhos a Enrico. Uma boa oportunidade para ele rir da minha cara. — Seus olhos continuam na estrada a sua frente, então ele não pode ver a surpresa em meu rosto. Nunca pensei que ouviria isso de Luca. — Eu já tive encontros antes. E eu não falo isso para me gabar, eu quero dizer que, sabe, eu tenho uma filha. — Assinto, mordendo meu lábio inferior. Era impressão minha ou ele ficava fofo nervoso? — É que eu quero que seja perfeito para você.
Sorrio instantaneamente. Ele estava preocupado comigo. Que fosse um tempo bom para mim. Mexo em meus dedos, sentindo meu próprio nervosismo. Bem, ao menos eu entendia sua risada. Suspiro, criando coragem para encarar o seu perfil. Mal ele sabia que cada segundo já era precioso demais para mim. Queria tanto apenas dizer: "ei, esqueça isso e me leve para casa, assim nós três podemos ser uma família feliz". Porém era difícil visualizar a parte em que estamos felizes quando sei que isso tudo poderia ser usado contra mim. Suspiro, voltando meu olhar para a frente com a sensação de estar sendo uma grande medrosa rondando minha cabeça.
— Você gosta de italiano? — Ouço sua pergunta, sentindo minha mente ainda voando, tanto que nem presto atenção quando respondo.
— Claro que gosto de você. Pensei que minhas caras e bocas haviam deixado isso claro — começo a rir baixinho, envergonhada, até notar que o carro havia parado. Até, enfim, perceber que não era esse italiano que ele falava sobre. — Ah, sim? Eu gosto de massa.
Pela Deusa. Talvez esse fosse o momento de um ataque surpresa do inimigo. Faria ele esquecer o que acabei de dizer. Arrisco um olhar em sua direção, apertando meus lábios em uma linha fina. É quando vejo seu sorriso, praticamente brilhando, que meu coração acelera mais. Aquele homem era como uma salvação e uma perdição com um tanquinho (não que eu já tenha visto, só uma teoria).
— Então você gosta de mim? — Sua risada cresce e vejo-o balançar a cabeça. Pelo menos alguém se divertia com isso. — Um lobo italiano, bonito e gostoso.
Nunca tinha mencionado essa outra parte, mas não havia como discordar. Meu companheiro parece estar com seu ego completamente inflamado. A qualquer momento irá explodir. Balanço a cabeça, sem entender como fomos de oito para oitenta tão rápido e não consigo segurar meu próprio riso. Era engraçado a forma que ele exibia que eu gostava dele. Pousei minha mão em seu braço, tendo como resultado todo sua atenção em mim. Era maçante, mas parecia certo que seus olhos estivessem apenas em mim. Não sabia se algum dia conseguiria explicar esse sentimento profundo e forte que vinha cada vez que estávamos próximos. Era como conhecer e amar alguém pela primeira vez, nunca deixar ir. Como receber milhares de presentes de aniversário quando se é criança. Algo próximo a isso, algo mais que isso. Suspiro, seu corpo reagindo instantaneamente, já que sua mão saía do volante para minha perna e apertava a carne. Simplesmente sentia que o tecido havia ido embora e só o calor de sua palma cobria a pele. Desejava senti-lo em todos os lugares, em qualquer lugar. Parecia bom, certo. Encaixava de alguma forma e me atraía como uma armadilha especial para raposas. Parecia que um beijo me desnortearia e eu aceitaria sem problemas. E foi isso que me assustou.
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Entre o Sangue e o Paixão (Duologia Entre Lobos e Amores, Livro II)
Hombres LoboA cidade que escondia segredos agora obtinha mais um para si. Juliet é a filha mais nova dos alfas da alcatéia das raposas, irmã da considerada "a mulher louca" e a companheira de alguém proibido para ela. Determinada a continuar com isso para si...