Quarto Verso: sobre estrelas e Sirius Black;

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Nem sempre a gente precisa ir a Lua para conhecer o espaço.


Eu queria ser astronauta.

Antes mesmo do sonho de dançar aparecer na minha mente fértil e apaixonada por Michael Jackson, eu queria ser um astronauta. Conhecer o espaço, ver a Terra lá de cima, testar aquela coisa louca chamada gravidade, sabe? Isso até eu ver "Armagedom". Esquece todo o plano de ser astronauta e vamos focar em algo que me deixe bem vivo aqui na Terra.

Fiquei tão triste de não poder conhecer o espaço que meu pai resolveu me animar construindo um foguete na sala de casa.

Era um simples lençol branco com um recorte quadrado no meio, que deveria ser uma janela, e ele fez questão de decorar toda a sala com coisas azuis, verdes, marrons, alguns pisca-piscas e quando cheguei em casa da escola e encontrei tudo escuro e aquele infinito na sala... Foi um dos melhores dias da minha vida, com toda certeza.

Meu pai me perguntou se eu queria chamar Jisung para participar de tudo aquilo, mas aquele era o meu sonho e pode até ser um pouco egoísta, mas eu queria viver tudo isso sozinho, sabe? Eu queria me imaginar na imensidão do Universo e foi assim que peguei no sono duas horas depois. Sorrindo, cansado, feliz pra caramba, amando meu pai mais um pouco e sonhando com estrelas.

Todo o trabalho do meu pai em realizar meu sonho me ensinou uma coisa importante: a gente não precisa ir para o espaço para realizar nossos sonhos, dá pra fazer isso na sala de casa com alguns pisca-piscas.

Seria uma linda história sobre um menino que ama estrelas se elas não tivessem sido substituídas brutalmente por desenhos desconexos e alguns olhos de gato.

No fim das contas eu não sinto mais falta das estrelas.

Estranho.




Nem acredito que o final de semana chegou. Me recuso a levantar da cama e nada poderá me tirar dessa paz, a não ser a droga do meu melhor amigo que está praticamente grudado em mim como um coala, implorando por uma ajuda, afinal amanhã é o dia do encontro com Minho e ele quer estar com a roupa perfeita, mesmo que meu senso de moda se resuma a calça jeans e camiseta básica.

– Jisung, é sábado! – resmungo – Sábado!

– E eu sou seu melhor amigo! – rebate – O seu melhor amigo do mundo inteiro e que precisa da sua ajuda ou será obrigado a queimar todos os seus livros de Harry Potter.

Solto algo parecido com um ronronar quando ele enfia as mãos nos meus cabelos, fazendo carinho, e logo depois o puxa para trás com força.

– Levanta logo daí – ordena, me fazendo chorar pelo puxão em meus fios – E você sabe que a Kate deve chegar de viagem hoje, então você estar jogado nessa cama quando o maior fenômeno da natureza está para chegar, não faz sentido nenhum.

Oh, a Kate!

Esqueci de mencioná-la, não é mesmo? Peço desculpas.

Kate é... como posso descrevê-la? Incrível. Ela é a nossa terceira peça, a terceira mosqueteira, se Jisung é o Harry, eu sou o Rony, Kate é a Hermione, só que sem a parte que a gente se casa e tem dois filhos, Hugo e Rosa que me desculpem. Pensa num monumento de mulher. Ela mesma, Kate. E que ainda não foi mencionada porque sua avó faleceu há uma semana e ela esteve esse tempo todo com os pais em uma cidade próxima o suficiente para não estar no fim do mundo, mas longe o suficiente para que Jisung e eu não pudéssemos ir até ela.

Sonetos - changlixOnde histórias criam vida. Descubra agora