Eu gosto da Taylor Swift.
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A sociedade nos molda para odiar qualquer coisa que fuja do padrão e aprendi isso muito cedo. Houve uma época em que Jisung, Kate e eu não fomos tão amigos e eu me culpo até hoje por aquele ano horrível.
Aconteceu quando eu tinha dezesseis anos e Jisung estava se descobrindo. Por um acaso do destino, e má sorte a minha, Kate, Jisung e eu fomos separados de turma pela primeira vez desde que nos conhecemos ainda bem novos. Foi difícil, foi horrível, eu não queria estar numa sala onde o meu Esquilete e a minha Celie não estivessem, mas no fim das contas fui para a escola naquele primeiro dia de aula sem eles.
E descobri que posso ser influenciável.
Acontece que Jisung gosta de beijar garotos também e nunca fez nenhum esforço para esconder isso (não que ele deveria, não é?), e Kate é negra (e nem tem como esconder isso), e a escola se tornou um show de horrores. Jisung e Kate se tornaram alvos certos sendo vítimas de todo tipo de bullying que possam imaginar. Durante toda nossa infância eu fui vítima junto com eles, mas por não ser mais da mesma sala fui completamente ignorado pelos agressores. Sem surras, sem xingamentos, sem ofensas e vou ser bem sincero: fiquei ligeiramente aliviado.
Então passei a andar com garotos idiotas que tinham a heterossexualidade tão frágil quanto meu cabelo quando resolvi descolori-lo e fiquei dias e mais dias depois tentando recuperar aquele cabelo platinado horroroso (que eu achava lindo pra cacete na época).
Passei a viver numa bolha de testosterona. Não podia gostar de nada que fugisse do padrão que isso era motivo de chacota, nem falar qualquer coisa que não fossem peitos, garotas, pornô, sexo. Que inferno, sério mesmo. Eu estava sendo moldado para achar que a cor rosa é coisa de menina, que lugar de mulher é na cozinha, que só os meninos podem beijar várias bocas sem ser taxado de fácil ou nomes piores (e no meu caso eu não beijava ninguém e já já vou voltar pra essa crise existencial), enfim, eu estava me tornando um ser humano de merda enquanto meus melhores amigos eram alvos de todo tipo de preconceito.
Eu só me dei conta do caminho que estava seguindo quando ouvi uma música da Taylor Swift.
Aconteceu por acaso. Eu estava vegetando no celular, tentando ignorar os idiotas que eu chamava de amigos, quando minha mãe resolveu ouvir rádio enquanto lavava louça. A melodia já era um pouco familiar, mas nunca tinha parado para prestar atenção na letra, afinal aquilo tocando era Taylor Swift e eu não podia gostar de Taylor Swift porque só gosta da loira quem é gay ou meninas adolescentes virgens sem namorado que choram em seus violões por causa de um garoto chamado Drew*.
E peço desculpas se você gosta da Taylor Swift. Eu estava mesmo me tornando um ser humano de merda, sabe? De qualquer forma, a música era "Fifteen". Não sei se vocês já se dispuseram a prestar atenção à letra dessa música, mas a Taylor sabe o que escreve! O primeiro verso que me pegou desprevenido foi
"Na sua vida você vai fazer coisas melhores do que namorar o menino do time de futebol, mas eu não sabia disso aos quinze anos."
Na minha vida eu vou fazer coisas melhores do que falar sobre peitos e rir das pessoas diferentes, vou fazer faculdade de dança que eu já queria tanto e que os idiotas dos meus "amigos" disseram que era coisa de gay (sim porque a mente deles era pequena dessa forma).
Percebem que um verso simples se expandiu completamente na minha cabeça e fez total sentido para minha vida e como ela se encaminhava? E piorou no final da música
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Sonetos - changlix
RomanceFelix viu seu primo Changbin quatro vezes e essas quatro vezes foram suficientes para transformar o Lee. Changbin é assim, um furacão que varre tudo sem perceber o estrago causado, mudando sonhos com seus olhos de gato e tatuagem de bússola. Caótico...