Capítulo 1

49 24 3
                                    

- Lalau, meu amor, me dê nossa princesinha. Você precisa descansar, minha rainha. Por favor! - Charles me pede.

Miranda não para de chorar devido as cólicas, e minha vontade é de chorar junto. Ser mãe é a maior das loucuras, já dizia minha mãe. Pra quem já lutou contra polvos gigantes e florestas assassinas, isso parecia exagero.

Agora vejo que não é!

Há mil criadas disponíveis, mas nenhuma faz a Nanda parar de chorar. O Charles consegue, algumas vezes, conversando com ela. Mas bem raramente.

Se eu pudesse transferir essa dor pra mim, meu Deus... Não aguento ver minha menininha assim.

- Não, meu amor! Eu vou conseguir! Eu tenho que conseguir. - digo tentando me convencer.

- Ava! - ele me faz parar de dar voltas balançando a Miranda, me segurando pelos ombros. - Somos pais de primeira viagem. Vamos cometer erros,não se julgue tanto querida!

- Que erros, Charles?! Eu nem sei o que fazer! - digo,as lágrimas escorrendo por minhas bochechas. Tomei cuidado para não cair em Nanda.

Meu marido tem estado ocupado. Por mais que ele tente ao máximo ficar comigo e nossa filhinha, ele é o rei. E como me recuso a deixar Miranda sozinha com as criadas, minhas tarefas de rainha estão sendo feitas por ele também.

Pode parecer egoísmo, por causa do trabalho,mas não consigo deixar meu neném com outra pessoa que não o pai. Espero que isso seja apenas nos primeiros meses, por quê meu marido precisa de ajuda em gerir o reino.

Eu admiro muito meu Charles. Ele coloca nossa princesa no bebê conforto, em cima da mesa enquanto assina os papéis relacionados ao reino, ou usa o canguru enquanto está em reuniões, sem nunca deixar ninguém tocar nela.

Ele pega cuidadosamente nossa Nanda, me repreendendo com o olhar, então lhe entrego nosso maior tesouro e não tiro os olhos dela.

- A quanto tempo você não dorme, Ava? -pergunta sério. Não é meu marido agora, é o rei.

- Algumas horas... - minto, ajeitando a manta branca com um lindo M vermelho bordado e uma coroa em cima.

- Não minta para mim, meu anjo! - diz, acariciando o lado esquerdo do meu rosto com uma mão e segurando Miranda com a outra, ninando. - Você não dorme direito a quase uma semana!

- Você está sem fechar os olhos a uma semana! Do escritório, para reuniões, para mim e nossa menina, e de volta pro escritório! -  rebato.

- Sim... Ambos precisamos de férias, e de tempo um para o outro. - Diz acalmando Nanda, que para de chorar aos poucos e faz aquele biquinho de quando está prestes a cair no sono. - Deu certo? - sussurrou.

- Eu te amo tanto, Charles! - digo aliviada ao ver nossa garotinha dormindo em seus braços. Algumas lágrimas escapam.

Ele a coloca no berço branco, com adornos bem feitos, e levanta a grade de proteção. A observa com o sorriso cansado e a barba por fazer. É incrível a relação que ele tem com nossa bebê. Da para ver o amor e admiração transbordando do seu olhar.

Ele suspira e então vem até mim, me abraça e afunda a cabeça em meu pescoço, me cheirando.

- Está tarde! Vamos dormir! - diz me levando em direção ao nosso quarto, que é anexo ao de Miranda.

- Não. Vou ajudar no trabalho! - digo fugindo do seu toque mas ele me pega em meio segundo.

- São duas da manhã, Ava! - tenta argumentar.

-  Você costuma amanhecer o dia. Eu posso sentar aqui do lado e usar a cômoda dela como mesa para resolver alguns detalhes das obras da nova escola infantil do Sul de Gardélia. Sabe que nunca vou estar cansada para isso! - argumento.

E era a mais pura verdade. Como rainha, boa parte das responsabilidades do Reino estavam sob meus ombros. O Sul de Gardélia era a região com alto índice demográfico, mas com o Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo.

Wardley se fundiu a Gardélia com meu casamento. Agora, o Sul da Gardélia era a antiga área pobre de Wardley,que apesar de ser rico em ouro e prata, sofre da escassez de recursos naturais e solo fértil. Me interessei imediatamente pela região assim que entrou em minha jurisdição. Claramente teria uma atenção especial, e sempre começava as mudanças pela categoria infantil. Então a construção de uma escola de qualidade que ofereça refeição adequada,não apenas para os alunos,mas para as famílias em si, era um grande projeto. Nem mesmo o cansaço me tirava a empolgação de trabalhar em algo assim.

- Não durma tarde, tá? - pede, meu rei.

- Quer que eu lhe faça uma massagem? - pergunto. Charles guardava a irritação e o cansaço a fim de me poupar, agrada-lo não seria nenhum sacrifício.

Acho que esse era o segredo da nossa relação: o fato de pensarmos um no outro antes de tudo.

- Não, minha rainha! Obrigada. Estou muito cansado. Até amanhã, vou te esperar em nosso quarto. - diz ao me dar um beijo na testa, depois um suave na Miranda, e sair do quarto.

Nossa garotinha contava seus quatro meses. Quatro meses sem dormir direito, se questionando se seríamos bons pais e coordenar tudo isso com nossas obrigações com Gardélia.

Sorrio sozinha com a Luz fraca do abajur e as balbucias da minha garotinha quando afirmo mentalmente de que Charles e eu faríamos tudo exatamente igual.

Estou apaixonada por esse casal gente. De verdade.
Votem
Comentem
Leiam CPS
E até a próxima.

A Princesa De GardéliaOnde histórias criam vida. Descubra agora