Capítulo 5

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- Eu acho que nunca estive tão feliz antes! - digo, apenas para o meu marido e nossa pequenina. -Depois do casamento, da Nanda. Um dia de paz, enfim!

No momento, estamos embaixo de um grande e velho carvalho, o campo verde claro com flores amarelas pequenas a perder de vista, os Montes enfeitando o horizonte de fim de tarde. Finalmente uma folga, não somos rei, rainha e princesa,agora somos apenas pai, mãe e filha.

- ôlo, mamaman... - balbuciou Nanda,pedindo bolo de maracujá.

Tirei um pequeno pedaço e observei enquanto ela saboreava, para não correr o risco de se engasgar.

-Eu concordo, meu amor! - diz Charles , que está ao lado de Miranda, deitado com as costas dela encostando em sua barriga.

- Você já pensou,como seria, se não fôssemos rei e rainha? - parte de mim amava estarmos assim, relaxando. Mas uma parte sempre pensaria que tem muito o que fazer no Castelo.

Ele demorou um pouco pra responder, um braço rodeando a cintura gordinha de Nanda depois que deitou de frente pro céu.

- Já! - sorriu - Me imagino em muitas profissões diferentes.

- Tipo?

- Padeiro!

- Você seria um ótimo padeiro! Cozinha melhor do que eu!

Ele me deu um olhar zombeteiro. Como quem diz, qualquer um cozinha melhor que você,amor!

- Nossa sorte é que somos reis. Amor, sua comida... É intragável! - diz em tom de desculpa.

Faço uma falsa cara de espanto, já que provei minha comida e na verdade,ele foi até gentil em chamar apenas de intragável.

-Saudade de quando você fingia que gostava! - digo brincando.

- Não dava pra continuar depois daquela intoxicação!

Durante nossa adolescência, eu pedia para que ele experimentasse meus pratos. Uma rainha deveria saber cozinhar, mesmo que não o fizesse.

Resultado: intoxicação alimentar e uma Ava chorosa que vigiava o sono e febre dele.

- Mas eu gostei bastante de ver você dormindo em cima de mim! - diz malicioso.

- Como você ama aumentar as coisas, Charles! Eu deitei em cima da sua barriga, apenas! - me defendo, limpando a boca de Miranda que sorri com meu gesto.

Ela é um bebê tão alegre!

- Dormiu por cima da minha barriga mas acordou em outra parte do meu corpo, não é?! - diz, seu olhar me desafiando.

- Inclusive essa parte ficou bem dura depois de me olhar não sei quanto tempo, não é?! -Rebato e o vejo ficar levemente vermelho.

Charles era imprevisível quando o assunto era eu. Ele era ousado, Boa parte do tempo,mas quando lembrava da adolescência, ficava tímido. Fico tentando adivinhar seus pensamentos. Conheço meu marido, ele só fica assim quando sabe que o que pensou era muito errado. A definição dele de muito errado é muito pouco perto da minha.

- O que pensou naquele dia? Quando me viu sobre seu... - olhei para nossa neném, justificando por que não conclui a frase.

- Eu pensei em como seria, nossa lua de mel. - diz melancólico,aparentemente perdido em lembranças - Foi incrível, não foi?! Nossa lua de mel?!

- Sim! Foi perfeita! - digo me lembrando como estávamos ansiosos, cada um por sua primeira vez e por estar com os outros.

Fecho os olhos e me permito relembrar cada toque de Charles naquela noite, cada gemido que me escapou, e cada expressão dele, cada toque da sua língua em mim. Cada sussurro daquela noite,que passamos a luz das estrelas do mesmo lugar do nosso primeiro beijo. Cada vez que temi seu nome, morei e chupei sua boca, cada frase que ele fazia questão de sussurrar: " eu te amo" " você é minha" " tão perfeita" " Você é tão linda".
Quase podia senti-lo agora.

Abri os olhos vendo Nanda, e sentindo mesmo a língua do meu marido no meu pescoço, uma mão apoiada na mesa de piquenique, a outra segurando Miranda e a cabeça em meu pescoço.

Colamos as testas em seguida, e nossa bebê colocou a mão no rosto do pai, sorrindo.

- Bom, - disse Charles depois de se afastar - Está na hora de você conhecer a tradição do piquenique, princesa! - conversa com nossa menina.

A segunda vez que vi Charles, depois daquele dia na biblioteca, foi em um convite dele para um piquenique. Eu fiquei indecisa sobre o que levar, não sabia bem do que ele gostava, sabia que gostava de sorvete e suco de graviola, e só.

Conclusão: levei bolo,frutas, batata frita que sempre amei, e sorvete de graviola com cajá, que era meu suco favorito.

Desde então, apesar do piquenique não ter acontecido no dia 15, decidimos fazer outro cada ano nesta data, para comemorar nosso dia: o que nos conhecemos.

Havia um momento para comer apenas batata frita com sorvete de graviola e cajá.

O vi dando batata frita e em seguida o sorvete.

- Ela não pode acabar vomitando? - pergunto.

- Dei apenas um pouquinho!

Mas aparentemente Nanda não gostou, já que cuspiu na mão a mistura e deu ao pai, que sorriu e pegou a gosma.

- 11 meses de pura fofura, não é, moranguinho?! - diz comendo o que Miranda o entregou.

Depois voltou a pegar os pedaços de melões.

- Isso mesmo, meu amor! Nada de amar porcarias que nem a sua mãe. Tem que comer coisas saudáveis! - Charles diz todo orgulhoso, me dando um olhar debochado e em seguida brindando com a taça de sorvete.

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Beijos, e até a próxima!

A Princesa De GardéliaOnde histórias criam vida. Descubra agora