Capítulo 11

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Arrumo meus cabelos com precisão. Mentira. Eu só os deixo como querem. Ava gosta dele natural.

Tem duas semanas que ela foi pra ala oeste. Duas semanas sem ficar ao meu lado na cama. A primeira foi um inferno.  A segunda?

Está sendo igual a primeira!

A insônia não me abandonava. Com tanto tempo para pensar, eu descontava no trabalho e na reflexão.

Ava tem o direito de não querer ter mais filhos. Ainda mais na nossa posição. Por quê me afastei tanto dela por isso?!

Entro na sala de reuniões. Ela ainda não chegou. Todos se curvam com minha chegada e lhes dou bom dia. Lowell não me dá muita atenção após sentar em sua cadeira perto de mim analisando papéis de maneira meticulosa, assim como todos os outros, esperando por Ava.

Não demora muito para ela e mais duas pessoas entrarem. Ela estava perfeita em um vestido branco que me encheu ainda mais de saudades e fez com que me condenasse pela milésima vez de ter estragado a surpresa dela
Havia uma capa de lã preta por cima.

Estamos no inverno, e apesar de não ser a sensação térmica que eu estou procurando, o grosso material do terno do rei me mantém aquecido. Antes, Ava fazia questão de passar ele pelos meus braços, tirando uma casquinha enquanto conversávamos. Não que eu desviasse os olhos dos seus seios enquanto isso.

Todos, inclusive eu, levantamos, todos os outros se curvaram novamente e Ava evitava me encarar. Notei isso a um tempo. Não dois sabíamos que não tínhamos a capacidade de nos olhar por muito tempo sem nos beijar. Foi uma brincadeira da adolescência após nosso primeiro beijo e início de namoro.

Ficamos a menos de 3cm de distância do rosto um do outro. Quem beijasse primeiro perdia. E eu queria muito perder. Ava mordia os lábios de forma sedutora, olhava para minha boca e em seguida para meus olhos com luxúria e prazer. Comecei a ficar ofegante. Em algum momento tentando me concentrar em qualquer outra coisa que não sua boca e olhar maligno, percebi que amava tanto aquela garota a minha frente que, até sem me tocar, ela conseguia abalar minhas estruturas.

E o que me deixava ainda mais excitado, era ver que era recíproco. Ela me deixava assim facilmente, mas ficava da mesma maneira. Não me concentrava muito em fazer alguma coisa por que não é possível ter qualquer pensamento lógico com uma garota daquelas a minha frente. Um dia, perguntei como era minha expressão nesses momentos.

- Você me olha como se quisesse me devorar, mas ao mesmo tempo, fosse refém de mim, da minha boca... - respondeu, encaixada certinha em cima de mim.

- Eu quero ser refém da sua boca pra sempre.

Voltei a realidade com as palavras de Ava.

- Perdoem meu atraso, por favor. - sentou -se em seu lugar e demos início a reunião.

- Temos uma questão seria para tratar! - começou Lowell  - O inverno está ainda mais rigoroso esse ano, e talvez nossas provisões não sejam suficientes para alimentar o povo.

- Podemos importar comida de Pewnar. Eles são ricos em agricultura, a vegetação é vasta e o inverno lá é bem quente. - respondeu Magnos.

Lowell me encarou.

- Yakob rescindiu toda relação comercial entre Gardélia e Pewnar ao me recusar a garantir o casamento da princesa Dandara com seu novo filho. - declaro sem retirar os olhos de Ava, que também me encarava. Ela deu um riso discreto e sem som, com uma expressão   quem ele pensa que é pra se ousar pedir a mão da minha bebê?!

- Precisamos tentar uma reconciliação ! - protestou Heitor, um dos mais antigos dos conselheiros. - Pewnar é a única região com a qual temos relação com condições ambientais boas o suficiente para importar comida.

A Princesa De GardéliaOnde histórias criam vida. Descubra agora