Prólogo

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- Ela é tão adorável! - diz chorando a rainha de Gardélia, o suor grudando os fios ruivos na testa, a respiração ofegante pelo parto, e o choro emocionado pelo mesmo.

- Sim, minha rainha! - o rei não a chamava assim pelo título relacionado ao reino,o coração dele também entrava na lista de regiões que ela governava. - Tão adorável quanto você, Ava! - completou, emocionado.

Estava ali, o resultado de muitas tentativas de engravida-la. Não era nenhum sacrifício tentar repetidas vezes, e ele tinha plena consciência de que Ava pensava igual.

Mas ver que resultou naquele bebê gordinho, com cabelos ruivos como o da mãe, as bochechas tão cheias quanto as dela nas fotografias de sua infância.

Tudo tinha sido válido. Os choros de Ava Lauren, sua esposa e rainha de Gardélia por não conseguir engravidar. Os abraços para consolação quando na verdade ele também pensava na possibilidade de não conseguir gerar um herdeiro.

- Você escolheu um nome, minha rainha? - pergunta Charles Alexander Reece, rei de Gardélia.

- Sim, -e sem tirar os olhos da linda menina, acariciando sua bochecha, pronunciou - Miranda Elizabeth Isla Aubry Wardley Carpentier, herdeira do trono de Gardélia, e - novo riso acompanhado de lágrimas - a nossa princesinha.

O rei beijou a cabeça da rainha, tomou a filha nos braços, e proferiu.

- Irei ficar com nossa princesinha! Descanse, meu amor!

- Não estava ouvindo as reclamações da aristocracia* quando entrei em trabalho de parto? - pergunta, os olhos fechando.

- Por Deus, mulher! Não deixa de ser rainha nem em um momento desses! - diz falsamente indignado - É nossa filha! A aristocracia que espere! - Diz rindo orgulhoso, sua esposa o acompanha na risada, caindo em sono profundo pelo cansaço logo em seguida.

Charles analisou a criança gordinha em seus braços, já limpa, embrulhada e amamentada, de olhos fechados e um biquinho feito pelos lábios cheios.

- Oi, minha princesinha! Tenho certeza que vou te mimar muito, e sei que se lembra de mim. Lembra das nossas conversas noturnas escondidas da mamãe? - sussurra - Papai te ama tanto, Miranda. Eu vou cuidar muito bem de você, florzinha. De você, é da mamãe. E o primeiro príncipe que surgir eu jogo no calabouço, não se preocupe. - brinca, ainda sussurrando.

O rei começou a ninar Miranda lentamente, olhando para o rosto exausto de sua amada Ava.

Foi outro dia que esbarrou com ela na biblioteca do castelo de Gardélia, em uma visita que seu pai, o rei de Wardley, Ethan Jacob. Wardley Carpentier, visitou o pai de Ava, Maximilian Connor Isla.

Lembrava-se com nitidez de cada palavra dita.

Flashback

- Oi... - diz Charles, tão vermelho quanto os ruivos cabelos da princesa, que lia, O Orfanato da Senhorita Peregrine para Crianças Peculiares. - É um romance interessante.

- Aposto que só leu pela pitada de mistério e terror! - diz seca. Aquele Príncipe lindo deve ser metido, e a ideia de se casar com alguém que não deseja a fez brigar com o pai diversas vezes. Em seus plenos catorze anos, o assunto já havia sido mencionado dois anos antes, e o pai lhe apresentou uma lista de pretendentes. Todos possuiam apenas uma coisa em comum: o reino de Gardélia cresceria, ou em riqueza,ou em território, com o casamento.

- Sim, as gravuras são interessantes! Comecei a ler pensando que era um livro de terror. E os nomes de Tim Burton, John Green no final, com as opiniões,não tem como não se interessar.

A Princesa De GardéliaOnde histórias criam vida. Descubra agora