Capítulo VII

281 41 14
                                    

[Capitulo não revisado]

-Ce ta legal?
Levantei os olhos e encarei o rosto preocupado dele.
Eu não sabia ao certo oque responder, afinal, havia um misto de sentimentos que me tomavam como um turbilhão.
Belancei a cabeça em um aceno tentando me convencer de que a resposta positiva era o mesmo que sentia.
A imagem de minha mãe ficando pra tras em meio a poeira da motocicleta não me saia da mente. Aquelas horas ela já devia ter arrancado os cabelos de raiva.
Me debrucei sobre o parapeito da ponte e saboreei o toque do vento, la em baixo o rio escuro parecia ainda mais profundo.
- Esse lugar é lindo. - comentei, ja fazia muito tempo desde a ultima vez em que eu parei para observar a paisagem da cidade. Tinha esquecido do quão magestosa a natureza podia ser, com seus morros altos que circundavam o vale onde a cidade estava e os floridos ipês amarelos que enchiam tudo de cor anunciando a chegada da primavera.
-Você deve estar me achando uma maluca. - sorri levemente lançando um olhar para o rapaz ao meu lado.
- Talvez um pouco. - ele esboçou um sorriso.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, então ele se recostou ao meu lado:
-Suponho que já tenha visto a matéria no jornal. - comentei.- Sinto muito!
- Acho que eu que tenho que me desculpar, não devia ter me metido na sua vida...Pelo visto acabei bagunçando tudo.
- Não se preocupe- tranquilizei-o- Minha vida sempre foi uma bagunça!
Parado ao meu lado era impossível não notar o quanto o garoto era bonito e havia algo em seu semblante que o diferenciava dos jovens de sua idade.
- Qual sua história Senhor Xavier? Oque te traz a esse fim de mundo?
Eu quis saber. Naqueles poucos dias eu tinha certeza que ele sabia bem mais de mim do que eu dele, me vi no direito de equilibrar a balança.
Ele herdara a casa da avó. Foi oque dissera. Esse era o motivo de estar em Vila Velha:
- E Você pretende vende-la? - perguntei tentando me certificar de que havia entendido corretamente.
-É isso ai.
-E já tem um comprador?
-Ainda Não...preciso fazer alguns concertos, tem toda a burocracia com a prefeitura e ...
-Eu compro.
Falei ,quase que por impulso. Eu tinha algumas economias no banco e podia fazer um ou dois emprestimos, sempre quisera investir em algo que valesse a pena. Comprar aquele chalé seria meu ato de emancipação. Eu não viveria mais no apartamento que pertencia a meus pais. Teria minha própria casa. Isso soava tão excitante em minha mente.
-Como assim? - o garoto parecia estar completamente aturdido.
-É...eu compro...compro a casa.
-Mas Você nem sabe quanto ela vale, e como eu disse precisa de reformas.
-Faça as reformas eu vou ficar com a casa!

....
Joaquim

O sorriso no rosto daquela mulher brilhava mais do que o sol em um dia quente. Eu não sabia oque estava se passando na mente dela naquele momento. Mas a ideia de comprar a casa que foi da minha avó a fizera resplandecer.
Cento e trinta mil reais ela ofertara. Mais os custos da reforma e dos impostos atrasados. Definitivamente era bem mais do que aquela casa valia atualmente. Mas aquela mulher parecia decidida a ficar com ela.
-Isso é loucura.- eu disse.
-É pegar ou largar. É a unica oferta que posso fazer mas tenha certeza que aquela casa ficara em boas mãos.
Cocei a cabeça pensativo. Na minha frente ela me encarava com aqueles olhos que lembravam o gato de botas naquele filme do Shrek.
Eu não tinha nada a perder e tinha certeza de que não receberia melhor oferta. Afinal, as pessoas costumavam sair da Cidade e não comprar casas e se estabelecer ali.
- Ok.- disse por fim.
-Sério? Isso é sério mesmo? Vai me vender a casa?
Antes que eu pudesse dizer algo a mulher atirou-se em meus braços como uma criança alegre. Seus braços em volta do meu pescoço. Senti seu corpo colado ao meu nossos rostos tão próximos que eu poderia beija-la se quisesse. Ela se afastou meio desconcertada ao perceber seu rompante.
- Obrigada Senhor Xavier, não vai se arrepender!
Eu sorri. Tinha algo naquela mulher que me fazia sentir diferente do que eu estava acostumado a ser. Quando se enfrenta o mundo sozinho você aprende a se fechar e isso tinha acontecido comigo. Eu tinha sido forçado a crescer e abraçar o mundo cedo demais. Mas ali estava novamente, no ponto onde tudo começara e eu conseguia sentir que aquele garoto que eu tinha enterrado no passado ainda estava ali em algum lugar.
....

Samuel

Apertei o jornal entre os dedos com raiva. Aquela matéria ridicula só podia ter sido ideia da Débora. Mas eu me entenderia com ela mais tarde. Precisava ver Anabela. Parado em frente ao prédio eu tentava tomar coragem de entrar e pedir desculpas pelo meu comportamento na outra noite. Não sabia onde estava com a cabeça, eu não era assim. Toda aquela situação estava me tirando do sério.
Depois de alguns minutos decidi tomar coragem. Estava pronto para sair do carro quando a vi estacionando alguns metros a minha frente na garupa daquela maldita motocicleta. A mesma que estampava a materia no jornal.
Os dois trocaram algumas palavras. Ela sorria como uma adolescente idiota.
Senti como se fosse explodir e então fiz oque meu instinto gritava. Desci do carro e caminhei até eles com pressa. Senti meus dedos formigarem assim que acertei o rosto dele que cambaleou quase caindo. Anabela exclamou algo inaudível, parecia em choque.
O rapaz passou a mão pelo nariz sangrando. Eu o havia acertado em cheio. Os olhos furiosos dele anunciavam o que viria a seguir. Senti meu rosto pegar fogo quando o soco atingiu meu queixo. Empurrei-o para longe. E então ela se colocou entre Nós, como um juiz em uma luta. Seus olhos negros cheios de lágrimas. As mãos trêmulas.
-Já chega! -ordenou- Por favor...
Engoli em seco, o gosto do sague descendo pela garganta.
- Anabela...- comecei.
-Não!- havia uma pequeno aglomerado de pessoas a nossa volta- Você ta maluco Samuel...
Ela se voltou para o rapaz preocupada.
-Eu to legal- ele afirmou.
Eu não sabia oque dizer. Tinha ido até ali para me desculpar, mas as coisas haviam saido bem ao contrário. Eu não sabia oque estava acontecendo comigo. Talvez ela estivesse certa, e eu estava começando a enlouquecer.
-Vá embora daqui, e não me procure mais!
Essas foram as últimas palavras que eu a ouvi dizer antes de sair.
...

Débora

-Oh meu Deus, então é verdade!
Exclamei incrédula assim que Samuel adentrou o consultório. Minutos antes uma amiga e paciente havia me mandado uma mensagem falando sobre a briga em frente ao prédio daquela maldita Anabela. Eu jamais pensara que Samuel fosse chegar tão longe por aquela mulherzinha . Mas pelo visto os sentimentos dele estavam falando mais alto.
-No que você estava pensando Samuel? Se meter em uma briga de rua e por aquela mulher?
Ele fingia não me dar atenção.
-Oque você quer? Me humilhar?
-Eu não sei do que você está falando.
-Ah não? - segurei-lhe o rosto entre as mãos e encarei-o no fundo dos olhos.- Não brinque comigo, Samuel. Ou você e aquela sonsa saberão do que eu sou capaz...
Ele me puxou para si. Retribuindo o olhar. Seu beijo cheio de furia fazendo meu coração vibrar. Eu não iria permitir que aquela maldita se metesse entre nos. Samuel era meu. Desde o primeiro momento em que nos vimos. E seria sempre assim.
...

Olá gurias!
Desculpem a demora em postar esse capítulo. Espero que gostem. Obrigada por lerem e pelos comentários! Em breve tem mais!
Me sigam no instagram @cassianelaw e vamos interagir por lá!!
Bjooos e boa leitura!
-Cassi.

De Repente 30Onde histórias criam vida. Descubra agora