Capitulo IV❤

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Gurias, ai vai mais um capítulo. E esse promete!! Deixem suas opiniões nos comentários e não esqueçam de dar uma estrelinha se gostaram!
Bjss da Cassi e boa leitura!!!

-Como você tá?
Abri a porta e um Lucas preocupado saltou para dentro como um furacão.
-Eu tô bem.- afirmei tentando parecer convicta.
Ele franziu o cenho com seu habitual olhar inquisidor. Lucas me conhecia o suficiente para saber que apesar da casca de frieza eu estava em frangalhos.
-Vem cá.
Escorreguei para dentro do abraço dele:
-O pior de tudo não foi levar um pé na bunda...- desabafei minutos mais tarde sentada em meu tapete felpudo.-Mas ver os dois...Samuel e Débora...minutos depois...Como se estivessem comemorando minha humilhação...
Suspirei.
-Dois escrotos. Se fosse eu tinha metido a mão na cara daquela piranha.
-Eu tenho certeza que teria.
- Eu sinto muito nega...No fim das contas te fiz criar expectativas em vão.
- Ta tudo bem.
Eu iria superar. Jurei para mim mesma que iria superar. Mesmo que meu coração tivesse se quebrado. Mesmo que eu sentisse tanta falta do maldito Samuel a ponto de fazer meus ossos doerem.
Eu iria superar.
Naquela noite deitei mais cedo do que o normal. O apartamento escuro parecia ainda mais vazio.
Fechei os olhos respirando fundo. Controlando a vontade de pegar o celular e ligar pra ele. Talvez mandar uma mensagem. Não, não faça isso Anabela!
Peguei no sono.
A imagem dele em minha mente. Seu sorriso contagiante:
- Xavier..
De repente a lembrança do rapaz surgiu em meu sonho afastando a imagem de Samuel e me trazendo um doce sentimento de paz.
****
Batidas na porta. Abri os olhos sobressaltada sentando na cama. O religio na tela do celular marcava 8:35 de um sábado deprimente.
Quem estaria batendo na porta àquela hora? Se fosse Lucas eu iria acabar com ele!
-To indo!
Gritei impaciente, enquanto amarrava o roupão e corria em direçao da porta.
-Lucas eu vou...
As palavras morreram no ar assim que havistei a silhueta elegante de minha mãe parada a soleira. O vestido de corte reto e o cabelos bem alinhados combinando perfeitamente com seu semblante austero.
-Mãe...?
Ângela adentrou o apartamento. Fechei a porta atrás de nós respirando fundo. Era estranho que mesmo depois de tanto tempo eu ainda me sentisse como a adolescente amedrontada ante a presença forte de minha mãe.
- Eu não sabia que tinha voltado a cidade...- comecei, quebrando o silêncio. - Achei que vocês so retornassem na próxima semana...
- Você nunca muda Anabela...
-Oque?
-Sempre a mesma, enfiando os pés pelas mãos...Eu devia ter desconfiado.
-Mãe? Do que ta falando? - eu estava confusa, e ela me observava com seu olhar intimidador como se exigisse que eu soubesse do que estava falando.
- Oque você fez?
-Eu não sei do que está falando...
-Do que todos em Vila Velha estão falando, você quer dizer... Como foi que você conseguiu estragar as coisas com Samuel?
Senti um nó no estômago. É claro! Era exatamente sobre isso que ela falava. Eu devia ter desconfiado que Ângela ja estava ciente do acontecido. Nada passava despercebido por ela.
- Eu oque?
- Todos estão comentando. Nossa reputação esta sendo manchada por sua culpa.
Reputação? Era apenas isso que importava para ela. Ângela estava pouco se lixando para mim, ou para a forma como tudo sucedera.
Ela só queria entender como Eu havia espantado o maravilhoso doutor Samuel.
E ali estava eu, sem conseguir esboçar reação diante dela. Como um cão acuado.
-Você só me da dor de cabeça Anabela, como pode ser tão...
-Já chega...
-Eu me preocupo com você...Voce sempre foi tão diferente de suas irmãs..
-Mãe...
-Você precisa concertar isso querida...Samuel é o melhor partido que você poderia desejar....
Enquanto ela falava eu não sabia se ria ou chorava. Minha mãe sempre fora dramática demais.E aquela mascara de mãe preocupada nao combinava com ela.
Engoli em seco.
-Samuel e Débora estão juntos...- eu disse por fim tentando fazer com que ela parasse de falar- Oque nós tínhamos acabou mãe...
- Não me diga que vai desistir assim?
-E Você quer que eu faça oque? Me humilhe pra que ele volte?
- As vezes eu acho que você nao saiu de mim. - ela esfregou a tempora irritada.
Silêncio. Ela respirou fundo como se estivesse arrumando forças para continuar a falar. Cruzei os braços tentando não demonstrar nervosismo. Mas minhas mãos estavam suando frio.
-Quando eu conheci seu pai, eu sabia que ele seria meu...E eu fiz tudo oque estava ao meu alcançe, e mais, para que chegassemos onde estamos...
-Mãe...
- Oque Samuel e a filha do prefeito tem é passageiro...Todo o homem comete erros...
-Mãe chega...
-Você so precisa saber como traze-lo de volta.
-Chega! - ouvi minha própria voz ecoar, os olhos dela se arregalaram.
Era a primeira vez que eu ousava levantar a voz para Ângela. E ela estava tão impressionada quanto eu.
-Eu não quero continuar essa conversa... Samuel fez a escolha dele, acabou.
-Anabela...
-Eu tenho que trabalhar...Por favor.
- Você vai acabar se arrependendo por não me ouvir...
Fechei os ollhos e prendi a respiração em contagem regressiva assim que ela saiu pela porta.
Merda! Oque fora tudo aquilo?
Dessa vez Ângela tinha se superado. Ela sempre se orgulhou de ter tudo sob controle. E minha vida fazia parte de sua lista de problemas a resolver.
Minha mãe não conseguia aceitar que as pessoas tinham suas proprias escolhas, e nem tudo dependia dela.
E eu, aos 30 anos, ainda nao tinha aprendido como me impor diante dela.

❤❤❤

Joaquim

-Joaquim Xavier?
Parei no meio do caminho ao ouvir a voz me chamar. Procurei por alguns instantes então o cara alto e magricelo veio em minha direçao acenando como se me conhecesse de longa data.
- Sou eu.- ele disse sorrindo, nenhuma lembrança de seu rosto surgiu em minha mente.
-Não seja idiota Levi, ele provavelmente nem se lembra de você!
A mulher de cabelos vermelhos deu um tapa em seu ombro. Então se virou pra mim sorrindo.
-É claro que ele se lembra...Sou Levi. Levi Strauss...
-Estudamos juntos no fundamental. Sou a Cris!- ela completou sorrindo. Os olhos verdes brilhando.
Cris e Levi. Ah cara! Claro!
Eu me lembrava deles. Os gêmeos que viviam a duas quadras da linha do trem. Nós costumávamos brincar lá as vezes, fumando cigarros escondidos.
-Puta merda! Faz tempo. - cocei a cabeça em um gesto costumeiro.
-Uns 10 anos.
-Triste oque aconteceu com a sua avó, ela era gente boa.
-Vai ficar na cidade?
Levi quis saber.
-Não por muito tempo. Tenho que voltar pra casa...Trabalho, essas coisas.
-Claro!- Cris balançava a cabeça concordando com tudo oque eu falava.
-Legal encontrar vocês, não sabia que ainda viviam por aqui.
-Pois é, é a sina de quem vive em Vila Velha, nunca saimos daqui.- ela sorriu fazendo graça.
- E os que saem, sempre voltam!
-Pois é. - concordei, nesse aspecto ele tinha razão, eu era prova viva disso.
Um breve silêncio caiu sobre nós. Então ela estendeu sua mão pra mim:
- Foi bom te ver Professor X.
Professor X. Era assim que me chamavam na sexta serie, quando eu era obsecado pelos X-men. Sorri.
Era estranho e ao mesmo tempo legal encontrar aqueles dois. Isso me fazia lembrar do passado, e de como as coisas poderiam ter sido se minha vida não tivesse virado um caos.
-Vai ter uma festa na cooperativa na proxima semana. Se quiser aparecer, vamos estar por lá.
-Ele não vai gostar de uma festa com um bando de caipiras, deve estar acostumado as coisas na capital.
- Mesmo assim, se quiser aparecer.
Levi me entregou o folder com os dados do evento. A festa de aniversário dos 40 anos da cooperativa de Vila Velha. Parecia um grande acontecimento.
-Valeu cara.
-Nos vemos por ai!
Nos despedimos e eles se afastaram. Observei o papel por alguns instantes antes de enfia-lo no bolso do jeans.
***
Anabela
Estacionei em frente ao super mercado e esperei alguns minutos antes de sair do carro. Nas ultimas 72 duas horas tinham acontecido tantas coisas que era dificil assimilar. Eu estava cansada. Respirei fundo e decidi finalmente sair.
O vento gelado cortava o ar. Fazendo meu rosto arder. Enfiei as mãos nos bolsos do casaco e fui andando em direçao ao super mercado. O estacionamento estava lotado e por algum motivo eu sentia como se os olhos daqueles estranhos estivessem todos sobre mim.
A pobre Anabela Miller. Que mal conseguia carregar o peso dos chifres.
Peguei alguns pacotes de biscoito, macarrão instantaneo e uma garrafa de vodka. Uma combinação perfeita. Talvez umas três barras de chocolate cairiam bem também.
Estava distraida quando os havistei a alguns passos. Um típico casal de romance, comentando sobre comida saudável com belos sorrisos no rosto.
Engoli em seco.
Que sorte a minha!
Me enfiei entre as prateleiras rezando para que não me vissem. Mas acho que Deus estava ocupado no momento ou achou melhor ignorar minha prece:
- Anabela?
A voz de Debora ecoou na minha mente como um disco arranhado de um cantor ruim. Girei nos calcanhares lentamente e encarei o rosto incrivelmente belo dela. Seus olhos aveludados brilhando como dois faróis.
-Que coisa encontrar você por aqui.
-comentou olhando ao redor, certamente torcendo para que Samuel nao se aproximasse de nós .0 que era recíproco de minha parte também.
-É um supermercado, eu sempre venho aqui.
-Ah claro.
-Com licença- eu queria me afastar o quanto antes mas ela me impediu.
-Anabela eu quero que saiba que nossa amizade é importante pra mim, o que aconteceu entre mim e Samuel...
- Não é da minha conta. Se puder me dar licença.
Que vaca! Ela realmente queria que eu acreditasse naquele teatrinho? A vontade que eu tinha era de enfiar a mão na cara dela. Mas me contive.
- Anabela.
Mas que merda!!
La estava Samuel. Ainda mais bonito do que o normal. Involuntariamente meu coração acelerou dentro do peito. Fiquei com medo de eles pudessem ouvi-lo.
-Você parece bem. - ele esboçou um sorriso como se estivesse aliviado.
Oque eles esperavam? Que eu estivesse um bagaço? Talvez eu estivesse assim, por dentro.
- Ela tá otima.
Nossos olhos se voltaram automaticamente para o recém chegado. Ele veio em minha direção e passou o braço sobre meus ombros. Estremeci ante seu toque. Xavier, em pessoa, alto, forte e com aquele sorriso contagiante. Mas oque ele pensava que estava fazendo?
O rosto de Samuel se anuviou, uma ruga surgindo em sua testa em resposta ao desagrado.
-Pegou tudo oque precisamos? - Xavier apertou mais o braço ao meu redor como um sinal.
-Ah...sim.- consegui dizer quase engasgando.
-Perdão, mas acho que não nos conhecemos?
Débora parecia pálida.
-Ah, verdade. Que cabeça a minha. - o rapaz estendeu a mão para ela.- Joaquim Xavier, sou o novo namorado dela.
Oque???
Quase engasguei diante das palavras dele que sairam com a maior naturalidade possivel. Que merda aquele garoto acabara de fazer?

De Repente 30Onde histórias criam vida. Descubra agora