"O CAOS" (04/09/05)

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O período de trevas, o desespero e angústia,
a impotência diante dos acontecimentos;
Quando Liliana finalmente
realizava seu sonho (abrir o escritório,
ser “gerente”, “chefa”...),

não imaginava o que viria pela frente.
Segui-a, como se deve seguir ao “líder”,
ainda que, por momentos,
cheguei a cogitar pedir transferência para Setúbal.
Enfim, o desafio de abrir o escritório
em Vila do Conde, falou mais alto.

Verão de 2004.
Temperaturas acima dos 30 °C todos os dias.
Alegria por toda a parte.
Euforia tomava conta de Portugal.
A realização do Euro-2004, o Rock’n’Rio – Lisboa,
a Presidência da Comissão Européia nas mãos
de um português (José Manuel Durão Barroso).

Aqui e ali, festivais de teatro, música,
cinema (Vila do Conde organizou de formaexcepcional um deles), artes.
Na Europa e na MTV (Nelly Furtado
- uma linda e talentosa canadiano-lusitana),
Portugal estava “de moda”.

Mas todo esse vento a favor,
longe de nos favorecer, nos prejudicou,
já que muitas pessoas estavam em “clima de férias”,
e numa localidade literária e turística como Vila do Conde,
não era uma boa ocasião para “vendermos” o nosso “peixe”.
Mas isso não é desculpa para o “fiasco” meu, profissional...

O facto é que tínhamos uma equipa bem desunida.
Muitos falastrões, um estrangeiro e sem ser machista,
mas para uma mulher liderar esse “bando”
tem que ter sim muitos talentos
E eu em particular, sofria com o calor,
com o fim de meu namoro e vivia em pé de guerra,

comigo, com os colegas, a “chefa” e o mundo.
Na verdade faltavam mulheres no escritório,
e eu sou movido e estimulado pelo trabalho
em parceria, do contrário não “rendo”, não “produzo”.
Até que tentei, mas estava “pirando”...

Entrei em depressão, me escondi e, nada.
Nem o sexo às escondidas com as colegas de trabalho, não!
Nada me devolvia o “tesão” e a alegria de viver.
Estava enlouquecendo. Não me reconhecia.
Queria sair na “porrada” (nos tapas) com todo mundo.

Nessas horas: ou fugia para Espanha,
onde me refugiava sempre até acalmar-me;
ou ficava trancafiado em casa dias inteiros.
Estava sem grana, correndo o risco de ser
despejado do apartamento, auto-isolado de todos e sem ganhar dinheiro...

Não via boas perspectivas.
E salvo o carinho de Helena (Abelá, Ptgal),
nada me inspirava a seguir.
Estava quase desistindo de tudo.
Mas Deus sempre esteve comigo...

E quando menos imaginava,
como uma fênix, eu ressurgia das cinzas,
e de forma particular, dava a volta por cima.
Mas sempre por detrás disso, sem surpresa,
havia a presença de uma bela mulher... 



"11 Ais lusitanos" (2003/05)Onde histórias criam vida. Descubra agora