Eram meados de julho, quase agosto,
mulheres a parte, o mundo e a Empresa
não poderiam esperar que eu me resolvesse.
A Liliana chegou a desistir.
Entregou as chaves do apartamento onde eu estava
e mesmo assim, o mundo não acabou.Cheguei a dormir por uma semana no chão,
numa das salas do escritório – que também ele,
ia ser desocupado e entregue.
Higiene pessoal? As escondidas no banheiro
do próprio escritório, mas sem “banho de verdade”.
Isso eventualmente fazia na casa da Liliana.Deixo-lhes bem claro:
ela fez de tudo por mim.
Tudo o que estava a seu alcance.
Alimentação, asseio, inclusive vestuário,
e mais de uma vez, até mesmo
a cama de seu filho me ofereceu para dormir.Tempos e dias amargos.
Era difícil sorrir e encarar
com “esperança” a realidade
e o dias vindouros.
Produzir? Faturar? Cá entre nós,
era um milagre qualquer “resultado”...E não sei bem como e quando
certa feita o tal Martins
- que eu já conhecia da B & F,
resolveu criar uma estrutura própria
de escritórios de telecomunicações.
Uma “alternativa” à B & F.Primeiro com Genoveva Ribeiro, em Setúbal.
A seguir despachando Armênio, de Fafe
Para a cidade de Bocage, e oferecendo
À Genoveva o escritório da Amadora.
Depois com Paula Abreu em Odivelas
E com o judas José Costa no seio de Guimarães.Sendo Liliana cunhada de Paula Abreu,
Não nos surpreendeu, que na calada da noite
Todas elas aderissem à alternativa de Martins.
Mas não ficaríamos mais a trabalhar em Vila do Conde.
Teríamos que ir para Vila Nova de Famalicão.Com a equipa “reduzida” a
Eu, Sílvia-Meimei, Sílvia G, João
E a própria Liliana, não havia mais o que pensar.
Promessas foram feitas, e a luz ressurgia.
Já não estávamos tão sós...Arranjaram a minha situação
- que era a mais humilhante e visível
E logo, a de Sílvia-Meimei,
Alugando-nos um apartamento
Sob severas e trabalhistas condições,Que infelizmente, por mais que eu tentasse,
Não seriam cumpridas!
Houve lógico, um período inicial de alegria,
De prazer, de “alívio” e, obviamente,
De resultados satisfactórios.Que, entretanto, já devem imaginar,
Não escondiam a realidade:
Não estávamos a altura do desafio.
Faltava-nos o preparo, a confiança
E o comando necessário...
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"11 Ais lusitanos" (2003/05)
PoésiePoesia relatando as incertezas de um jovem trabalhador brasileiro em Portugal, seus romances, seus questionamentos, seus desafios, suas alegrias. Visualmente não sei se agradará a leitura, pois não estou conseguindo postar na maneira original, em Ô...