Capítulo 36 - Patéticos

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- Uhum. Pra quê tanta modéstia, jovem?

- Realidade, ruiva - Dei de ombros.

- Tá bom - Ela suspirou, dada por vencida.

Após isso, não falamos mais nada. Estávamos apenas olhando para o céu, escutando o rio, e a respiração um do outro.

Logo sinto um toque, algo que me deixa momentaneamente surpreso. Meereen havia entrelaçado nossas mãos. Seu dedo polegar começou a acarinhar minha mão.

A olhei, e pela primeira vez na noite senti algo de diferente. Antes não havia dado tanta atenção a isso, mas notei como ela estava próxima. Suas sardas abaixo dos olhos, a boca carnuda. Seu rosto sobre o luar. Meereen estava com um olhar voltado para o céu, mas mantinha um pequeno sorriso no rosto.

- Qual o problema? Gosto de segurar a mão de garotos aleatórios na margem de um rio sobre o luar - Disse, de forma meiga, mas carregando um leve tom irônico na voz. 

- Então você trás vários garotos aqui? - Perguntei, voltando minha atenção para o céu.

Não mexi em minha mão. Deixei lá, entrelaçada com a dela. Não quis parecer rude, ou deixá-la desconfortável se retirasse. Apesar desse toque ter me causado um choque nervoso momentâneo, agora estava relaxado novamente. 

- Sim, é aqui que eu trago os garotos quando quero seduzi-los - Respondeu, com o tom sarcástico de sempre. 

- Hmm, então você quer me seduzir?

- Não sei, quer que eu te seduza? - Deu de ombros, voltando sua atenção para mim. 

No momento fiquei estático, ela parecia ter falado tão sério. E vocês sabem, ás vezes não sei lidar muito bem com mulheres que tem atitude. 

- Tô brincando - Disse ela, logo dando um breve riso. 

- Ata - Sorri nervoso. 

- Você é muito fofo - Comentou. 

- Poxa, obrigado. Com certeza não me faz ficar mais sem graça do que já estou. 

- Desculpa - Pediu, esboçando um sorriso. 

- Tudo bem - Disse, com um sorriso fechado. 

- Então... Provavelmente você não quer falar disso, mas sobre a garota do outro dia, como está se sentindo?

Involuntariamente o peso que eu não estava sentindo mais, voltou.

- Triste, porém motivado a esquece-la de vez.

- Sei que começamos a nos falar há poucos dias, mas você pode contar comigo para desabafar quando se sentir a vontade - Falou, dando um leve aperto na minha mão, do tipo "estou aqui".

- Obrigado - Agradeci. Meereen ficou calada por alguns segundos, como se estivesse esperando meu desabafo, mas definitivamente era algo que eu não queria pensar, e falar no momento. Até porque eu estava me sentindo muito bem, então porque estragar pensando nisso. 

- Mudando de assunto. Tem certeza que você não quer dar um mergulho? - Perguntou, se sentando na grama, e tirando meu moletom. 

- Não - Disse obvio - Essa água deve estar congelando. 

- Com certeza está. Mas ás vezes preciso de algo assim para me sentir viva. 

- Um banho no chuveiro da sua casa não serve? 

- Não tem o mesmo impacto. 

- Claro, no chuveiro da sua casa você não morre de hipotermia - Retruquei, em um tom obvio.

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