Piloto

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POV'S BABI
   Para os meus pais a minha vida deveria ser voltada apenas para os estudos e eu não os critiquei por isso até porque passei a acreditar que o futuro está em estudar para ser aquilo que, ou que servirá para lhes dar muito dinheiro, ou algo que te dará prazer em exercer. A maioria dos meus amigos costumavam dizer que eu era muito sortuda por receber um certo empurrãozinho dos meus pais, por eles se importarem com o meu futuro já que os pais deles nem sequer olhava o seu boletim no final do ano. As vezes eu queria estar no lugar deles para não receber tamanha atenção. O peso ainda fica maior justamente por ser filha única, então para eles sou a única esperança de que a nossa família continuará com o legado como já existente: a advocacia. No começo eu me aperfeiçoei a essa profissão e assim como eles resolvi segui-la. A minha melhor amiga, Atena, acha que eu deveria me especializar em algo que eu goste e não naquilo que meus pais desejavam.
            Em 2017, quando eu tinha quinze anos, a Atena me mostrou um jogo o qual estava recebendo muitos downloads justamente por aparentar ser um jogo diferenciado do que aquele que costumávamos jogar. Desde aquele dia jogávamos sempre, iniciando  meu nick (nome dado a minha conta) como Coelhinha. Desde então se passaram três anos e continuei me aperfeiçoando a esse jogo. Chegou um tempo em que passei a jogar mais do que estudar é isso estava afetando não só os meus estudos mas os meus pais que foram os primeiros a perceberem isso.   Nos meados de 2018 iniciei uma conta no Instagram postando apenas os meus vídeos jogando na mesma. Mantive aquilo durante o ano inteiro, consegui passar no vestibular e entrei em uma universidade de advocacia de São Paulo. No início de abril de 2019 muitas pessoas começaram a marcar um perfil no Instagram nos comentários dos meus vídeos. Uma  nova guilda denominada LOUD, a qual tinha sido criada pelo PlayHard, um grande jogar do ramo. Em 15 de Abril de 2019 recebi um convite pelo e-mail, me convidando para participar de uma das maiores guildas do país referente ao Free Fire. De imediato eu quis aceitar porém não pude esquecer dos meus pais e sobre o que eles iriam pensar de mim em abandonar o sonho deles para viver o meu.
      Era um final de tarde quando desci as escadas da minha casa, já que havia me retirado do quarto, ainda eufórica pelo convite recebido já que eu conhecia não só o dono mas toda a guilda. O meu pai está sentado sobre a cadeira a frente da mesa, juntamente a minha mãe que estava ao seu lado.

           ─── Mãe, pai, precisamos conversar. ─── Me aproximei daquela mesa, me sentando ao lado do meu pai para ter a atenção dos dois. ─── Eu recebi um convite para participar de uma guilda muito importante de Free Fire. ─── A reação da minha mãe fora a melhor para mim pois ela demonstrava uma felicidade sincera para a notícia, diferente do meu pai que me olhava como se eu tivesse acabado de cometer um crime.

            ─── Fico feliz por você, Babi. Você merece. ─── Minha mãe, Flaviana, apertou a minha mão e só então percebi que realmente era verdadeiro.

          ─── É, só que existem um porém. ─── Cruzei ambas as sobrancelhas, levando meus olhos ao meu pai que parecia estar preparado para a próxima bomba. ─── Eles me convidaram para entrar para a guilda se eu aceitar largar tudo e viajar para o Rio de Janeiro, morar em uma mansão. Irei receber um salário muito melhor do que recebo trabalhando aqui como estagiária. Vocês mesmos disseram que eu deveria fazer algo que eu gostasse e nunca escondi que esse era o meu desejo. Mas só irei se vocês me apoiarem.

            ─── Eu já sabia que isso iria acontecer, Barbara. A minha vontade era que você fosse advogada assim como a sua mãe e eu, mas se te faz feliz então eu aceito. Nós aceitamos. ─── Ele segurou a mão da minha mãe, o que me fez levantar de imediato daquela cadeira e abraçar os dois, me colocando entre ambos.

            ─── Eu amo vocês, muito... ─── Depositei um beijo contra a bochecha da minha mãe. ─── Muito! ─── E um outro na bochecha do meu pai. ─── Eu irei falar com o PH. O meu vôo é dia dezoitos. Já irei fazer as minhas malas. Cara, eu não acredito! ─── A animação estava tomando conta do meu corpo. Subi as escadas de imediato, alcançando o meu quarto. Para ser sincera eu já estava fazendo a minha mala, só que bem devagar pois se eles negassem o meu pedido, teria de colocar tudo no guarda-roupa de novo. Segurei o meu celular e mandei a mensagem para o PH, afirmando que estarei no aeroporto no horário proposto por ele.

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