Eram 7 horas da manhã e eu estava esticada na cama com o propósito de não ir para a escola. Ninguém merece estudar na segunda-feira, e eu estava decidida que hoje eu não iria. Infelizmente lembrei que tinha prova de química e me obriguei a levantar.
Fui até o banheiro e tomei um banho quente, escovei os dentes e me enfiei na primeira roupa que encontrei no meu armário. Não estava com fome, e de qualquer forma eu estava atrasada demais para tomar café. Peguei a chave de meu carro que havia ganhado em meu aniversário de 16 anos e dirigi até a escola.
Eu estava no segundo ano do ensino médio e não se podia dizer que eu levava uma vida fácil. Meu pai havia falecido quando eu tinha 7 anos e eu morava com a minha mãe em um bairro próximo ao Brooklyn em Nova York. Minha mãe era psicóloga e passava a maior parte do tempo em seu consultório, eu pretendia me ingressar na mesma profissão, mas ainda tinha minhas dúvidas quanto a isso.
Como previsto cheguei atrasada na aula,por sorte a prova era apenas no segundo tempo. Assim que entrei na sala o Professor Lian sempre severo, me deu as boas vindas:
- Como sempre atrasada não é Jenny? - Ele me dirigiu um sorriso como que para mostrar que estava brincando - vamos, sente-se.
Com um aceno com a cabeça sentei ao lado de minha melhor amiga Mirian na segunda fila. Trocamos um "bom dia" desanimado e começamos a fazer as anotações. Meu dia na escola se passou consideralvelmente rápido. Quando sai da aula fui tomar um sorvete com Mirian e conversar um pouco, já que fazia semanas que não dava atenção à minha melhor amiga.
- Então -começou Mirian enquanto eu pedia meu sorvete - como você está?
- Ah Mirian, não posso dizer que totalmente bem ,a morte inusitada de Julian ainda me afeta mesmo depois de tanto tempo.
Ela acenou com a cabeça e continuou a tagarelar, mas dessa vez sobre assuntos banais como roupas, festas e alguma coisa sobre o quarto garoto que ela se apaixonara naquela semana.
Eu era uma garota bastante desanimada para a minha idade. Não gostava muito de sair ou fazer compras, pensando bem, desde a morte de Julian eu não me dedicava a mais nada que não fosse tentar entender como aquilo acontecera. É claro que a policía também investigava com muito afinco o que ocorrera naquele cemitério no ano de 2016, ou melhor, pelo menos no começo. Já haviam se passado 2 anos desde que eu presenciara aquilo, e não pude dar detalhes para ninguém sobre o que realmente aconteceu.Em parte por que eu mesma não sabia muito, em outra por que ninguém acreditaria no que pretendíamos fazer no cemiterio naquela noite.
Eu e Julian eramos melhores amigos e saíamos muito juntos. Em uma tarde enquanto íamos ao cinema, fomos vítimas de um assalto que eu pensara ser algo totalmente desse mundo, algo totalmente normal, mas eu me enganara. Eram 4 assaltantes e eles nos levaram a uma espécie de laboratório, e nos obrigaram a deitar em uma cama cheia de equipamentos, não pude ver mais nada a partir daí porque apaguei. Quando acordei já era noite e pelo visto Julian já havia acordado a algumas horas, me assustei ao perceber que ele estava chorando, ele nunca chorava. De início pensei que fosse apenas medo, mas logo percebi que não. Ele estava diferente, o cabelo antes loiro agora tinha um estranho tom de azul, ele estava mais alto e meio esguio, não estava necessariamente feio mas estava muito, muito diferente. Pela cara dele quando me olhou eu também devia estar diferente, e mais tarde percebi que havia passado pelas mesmas transformações, ou pelo menos parte delas. Desde aquele dia Julian nunca mais foi o mesmo. Se tornou arrogante e possesivo, e eu sofri pois queria o velho Julian de volta. Por isso estudei, pesquisei, devo ter lido metade dos livros da biblioteca local, e um dia encontrei algo e tive esperanças - mesmo que a mais remota possível - de trazer Julian de volta. E era isso que íamos fazer naquela noite, naquela maldita noite, em que tiraram Julian de mim.
🌑
Eu estava em frente ao meu computador em meu quarto pesquisando mais uma vez sobre clarões brancos. Durante os 2 anos após a morte de Julian eu já havia pesquisado sobre mortes inusitadas, acontecimentos sobrenaturais e mais mil e uma outras pesquisas inúteis. Agora eu procurava sobre supostos clarões brancos. Encontrei algo interessante em um site pouco conhecido, era uma matéria feita a pouco tempo sobre um rapaz de 17 anos que tinha ficado inconsciente por aproximadamente 3 horas, e afirmava só se lembrar de um grande clarão branco, e que desmaiara logo depois. Seu nome era Scott Parker, e não sei se por sorte ou coincidência, morava a 3 quarteirões de distância do meu bairro. Não posso negar que fiquei agitada com a notícia, e meu primeiro pensamento foi correr até meu carro e ir a procura desse rapaz, mas logo percebi que estava sendo muito precipitada.
Tomada pela euforia, verifiquei as redes sociais e procurei por Scott Parker. Não foi preciso procurar muito, de acordo com as informações que tinha econtrei um único perfil. Encontrei uma foto e foi preciso conter a respiração : Scott não tinha um perfil atlético mas chegava perto. Era alto, pele clara mas levemente bronzeada, cabelos cor de caramelo e olhos escuros. Seu corpo continha poucos músculos, mas não deixava de chamar atenção para o seu físico.
Alguns minutos depois consegui tirar os olhos da foto e procurei saber o endereço de sua casa. Assim que consegui verifiquei as horas, eram onze horas da noite, estava tarde demais para uma visita, eu esperaria até amanhã. Depois da aula eu não perderia tempo e faria uma visita a Scott, ele era minha única esperança. Senti que estava perto de conseguir uma resposta para minhas inúmeras perguntas. Mal sabia eu, que ainda havia um caminho enorme a ser trilhado...
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Toque de Recolher
Mystery / ThrillerAos 14 anos Jenny perde seu melhor amigo Julian misteriosamente em uma explosão de luz branca sobrenatural. Jenny foi a mais afetada pela morte de Julian e não vai cessar até encontrar uma explicação para o que aconteceu. Dois anos depois, a mesma t...