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Chegamos a academia de armas em silêncio, e neste mesmo estado, levei Scott até a parede de armas.

- Deve escolher uma.

- Qualquer uma? - pergunta ele boquiaberto, olhando para as espadas bem ornamentadas.

- Foi o que eu disse. - respondo com certa rispidez, e ele me olha de cara feia.

- Não precisa falar assim comigo, Jen. - diz ele.

Eu percebo a forma como fala meu nome, em nenhum momento desde que o conheci ele havia me chamado assim.

- Claro que não, devo falar com mais formalidade ou carinho, Parker? - digo com irônia.

- Não faça isso comigo Jenny - diz ele com súplica, olhando para mim. - eu posso te explicar tudo...

- Esta é uma discussão que não desejo comprar, Scott. - digo.

Ele fica em silêncio por alguns instantes, e depois começa a falar tudo de uma vez.

- Olha não poderiamos ficar juntos tá legal? eu pertenço a este lugar, você não Jenny, não daria certo. Não posso voltar ao mundo humano, não quero, e por maior que seja o sentimento que eu nutria, ou ainda sinto por você, vai ter que ser abafado. É o meu destino Jenny - ele se aproxima de mim e pega minha mão - não posso mudá- lo de...

Desvencilho sua mão da minha, não acredito no que acabei de ouvir. Scott Parker, o garoto que eu chegara a começar a amar, me dizendo absurdos sem sentido.

- Para seu saber - digo, as lágrimas brilhando nos olhos, eu pisco para afastá-las - eu também tenho um destino. E ele não é incerto como o seu. - observo sua expressão confusa - Estou destinada a servir aqui, a ser alguém deste mundo, e além de tudo, estou destinada a Akira Carter.

- O que.. - ele começa com a raiva e surpresa na voz.

- ESCOLHA A MALDITA ESPADA E VAMOS LOGO COM ISSO SCOTT! - grito exaltada, porém exausta, e ele finalmente se cala e vai em direção as espadas.

As palavras de Scott me afetaram de tal forma que não consigo formular os pensamentos. Se chegássemos a ter algo, seria tão fácil assim para ele trocar tudo por qualquer coisa?

Afasto esses pensamentos. Uma guerra está por vir, Scott é meu menor problema, e posso viver com ele.

Scott sem dúvidas parece mais indeciso que eu quanto a escolher uma espada, ele anda por cerca de dez minutos em silêncio, colocando a mão em algumas e tirando logo em seguida, até que por fim ele para diante de uma, e a mira com um olhar diferente.

- Esta.

A espada era um modelo simples, porém sofisticado. Sua lâmina era negra, com símbolos azuis por sua extensão, o cabo era um tanto comprido e pontuado, mas bem ornamentado. Algo como uma fumaça negra saía da mesma, e percebi que ela emanava poder, benigno ou maligno, eu não sabia.

- Está pertenceu a um velho mestre espião - disse uma voz atrás de mim, que reconheci ser a de Akira, pelo jeito sua missão tinha sido rápida - foi um mestre espião muito poderoso, sua espada retornou magicamente à está academia quando ele morreu. Confesso que quando foi a minha vez de escolher minha espada, fiquei tentado a escolhe-lá, por sua história, mas sabia que não era para mim. Fez uma boa escolha, Parker.

Eu não havia me virado, mas vi que Scott olhava fixamente para Akira quando este apontou a mão para a espada e ela foi até Scot, se encaixando perfeitamente a sua mão já aberta. Mesmo assim, Scott não tirou os olhos de Akira, e eu sabia no que estava pensando, quando o segundo falou.

- Isso não é uma competição Parker - disse, com a voz calma e baixa, e eu me virei para encará-lo. Ele porém ainda olhava para Scott. - isto é destino, isto é Guerra.

- Guarde suas frases de efeito para você, Carter. - disse Scott com ódio estampado em cada palavra, o que me deixou surpresa.

- Vamos ao treinamento - disse Akira simplesmente, com calma gélida na voz, ao mesmo tempo que a garota de cabelos prateados entrou na academia - Vá com ela - disse ele para Scott - eu fico com Jenny. - Scott fica parado olhando para ele, fogo crepitando em seu olhar - Suma da minha frente Parker ! - fala Akira irritado. Scott porém, não se mexe.

Angustia e raiva e medo parecem passear por seus olhos, este cerra os punhos e cruza os braços, como se estivesse disposto a não aceitar ordens de Akira.

- Não vai sair? - pergunta Akira com a voz tão doce que me faz estremesser. A garota permanece a entrada observando tudo com os olhos arregalados, e eu permaneço no lugar, incapaz de me mexer, antecipando um possível confronto. Se Akira atacasse corpo a corpo, Scott não teria a mínima chance. Percebi, logo depois que ele não teria chance de forma alguma, era desprovido de poderes, o que me fez ficar mais tensa.

Scott fica firme, imóvel, a respiração irregular. Até que eu sinto o golpe com a onda de poder ondular a meu meu redor, e se fechar ao redor de Scott como uma bola de ar. Olho para Akira e vejo que não se mexeu, mas logo em seguida percebo seu movimento com a mão, levando aquela bola de ar para fora com um Scott furioso se debatendo dentro. Ele a faz parar a porta da academia, e diz.

- Nunca desobedeça uma ordem séria quando lhe dada, Parker. Sobretudo de um mestre espião, posso usar a espada da próxima vez. - e com um aceno, fecha as portas da academia com um estrondo.

Ele se vira para mim e me concede um sorriso.

- Aguenta mais um pouco de luta?

Rio de sua mudança subta de humor, e pego as espadas.

- Mas é claro.

Pegamos nossas espadas e começamos. A prática me vem fácil, como se tivesse nascido para isso, como se estivesse...destinada.

- Conseguiu o portal? - pergunto acima do barulho das espadas colidindo.

- Sim - diz ele - os que os fazem, devem estar começando a produzi-lo.

Ficamos calados e deixamos que o barulho de luta preencha toda a academia vazia, exeto por nós.

De repente, Akira para de lutar e num salto guarda a espada e cobre a distância entre nós, e para a meros 10 centímetros de meu rosto.

-Hoje a noite, me encontre perto do lago.

Olho para ele, e vejo intensidade em seus olhos, e pela primeira vez, vejo que talvez não fosse só o destino...

Coloco a mão em seu ombro.

- Se isto acontecesse na guerra, você já estaria morto. Lembre de não flertar com ningúem que esteja com uma espada na mão.

Sua gargalhada ressoa pela academia e é acompanhada pela minha, quando voltamos a lutar, desta vez sem tensão em nossos movimentos precisos.

Toque de RecolherOnde histórias criam vida. Descubra agora