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No dia seguinte aquele eu havia dado a ideia de falar com Julian primeiro e avisar sobre o que estávamos prestes a fazer, mas Scott falou que seria melhor que guardassemos aquilo para nós,pois os Glions poderiam facilmente manipular a mente de Julian.

Com o acordo feito, a expectativa aumentava ainda mais. Scott era o que estava mais ansioso, ele nunca tivera contato algum com aquela parte de seu parentesco e apesar do medo ele contava os segundos até o momento em que eles viriam.

Nós tentamos seguir a rotina o mais normalmente possível, tirando o fato de que mal nos falamos. Já estavamos achando que ninguém viria quando o relógio bateu meio dia em ponto.

Um vendo forte tomou toda a casa apesar de não parecer haver vento lá fora. Eu tive que me segurar no primeiro objeto que econtrei pela frente ( a geladeira) para que o vento forte não me jogasse no chão. Scott estava firme em seu lugar, o que era estranho, ele não parecia estar sendo atingido pelo vento exceto pelo o fato de seu cabelo parecer voar.

Inesperadamente da mesma maneira que tudo aquilo começou a ventania cessou e a campanhinha foi tocada.

- Fique parada onde está e a qualquer sinal de luta saia pela porta dos fundos - falou Scott com a voz calma - eu vou abrir a porta.

Ele caminhou lentamente até a porta e aqueles poucos segundos que anteciparam a sua abertura foram os mais longos da minha vida. Todas as perguntas que eu havia ignorado na hora de fazer o acordo vieram a tona. Quanto tempo demoraríamos? eu entrava de férias naquela sexta feira, a escola não sería um problema...mas a minha mãe? avisei que dormiria na casa de Scott, mas se não voltassemos tão cedo assim? E se estivessemos sendo enganados? Julian não poderia nos ajudar, ele não sabia de nada...


Scott pôs a mão na maçaneta e a girou, com um clique a porta se abriu.

Lentamente a mesma figura angelical que havia invadido meus sonhos no dia do "acidente" entrou na sala. Parecia existir uma aura dourada ao seu redor, não parecia ser alguém desse mundo, e ele realmente não era.

Ele estava exatamente igual a como estava em meu sonho, exceto pelas asas, elas não estavam a mostra.

- Você..? - falei.

- Sim, eu - falou ele com um sorriso torto muito semelhante ao de Scott.

Aquilo era estranho, achei que o líder dos Trils fosse algum velho ranzinza, mas não, ali em minha frente estava a figura de alguém que não parecia ter mais de 18 anos de idade.

Scott fechou a porta e se encaminhou para o sofá, o Tril porém permaneceu em pé diante da porta.

- Me chamo Kalel - ele falou e olhou para nós. Sua voz era doce, muito diferente do que eu imaginava que fosse desde a primeira vez que o ví. -Acho que vocês já entenderam como irá ocorrer o nosso acordo.Vocês se juntarão a nós na guerra, suas habilidades serão necessárias. Antes que perguntem, sim, nós iremos defender os humanos, esse aliás e nosso objetivo central, se não fizermos isso como bem sabem, muitos, ou todos morrerão.

- Julian pode nos ajudar... - comecei a falar.

- Não - Kalel interrompeu - ninguém deve ser informado sobre isso, não podemos arriscar.

Com isso eu permaneci calada enquanto ele e Scott conversavam sobre sua origem. Kalel dava explicações sobre Scott ser mestiço,(metade humano metade Tril) Ele explicou que os mestiços não recebiam o dom da imortalidade, mas recebiam outros dons como habilidade com a espada, telepatia, e uso da lógica extrema.

Resolvi a prestar atenção na conversa quando ele começou a falar sobre mim, que eu como mestiça também, mas da parte dos Glions, também não recebia o dom da imortalidade, mas recebia a inteligência exessiva principalmente com a tecnologia (talvez até mais que um Glion comum, pois o meu lado humano me permitia usar a lógica), e a regeneração rápida, o que era útil em uma batalha.

- Então foi por isso que me curei tão rápido depois do acidente! tá vendo Scott? não era culpa do médico...

- Tá tá...

Kalel também falou que não sabia quais outros dons eu poderia ter, já que a minha "quase transformação" em Glion não tinha sido algo natural.

- Estamos atrasados - falou ele depois de algum tempo - precisamos ir. Estão preparados?

- Quanto tempo ficaremos lá? -perguntou Scott.

- Vocês precisam se preparar para lutar - respondeu - presumo que se meus cálculos estiverem certos, até a Guerra são dois meses.

- Dois meses?! - perguntei exasperada - o que irei falar para minha mãe?!

- Não se preocupe com isso - ele falou como se isso não importasse - submeti a família de ambos a uma ilusão mental, eles não saberão que vocês sairam até voltarem.

Se voltassemos...

Olhei para Scott em busca de sua confirmação, ele deu um aceno positivo com a cabeça e eu falei para o Líder dos Trils:

- Estamos prontos.

Ele estendeu as mãos para que nós as segurassemos e assim fizemos. Assim que nossas palmas se tocaram um vento forte nos dominou e a escuridão tomou conta de tudo enquanto Scott, o mestiço, e eu, considerada sua arqui inimiga, íamos ao encontro dos Trils.

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A viajem pareceu demorar menos de cinco minutos, e quando meus pés atingiram terra firme abri meus olhos que até então eu não havia percebido que estavam fechados, e uma mistura de surpresa e deslumbramento me invadiu quando olhei pela primeira vez para o mundo dos Trils.

Toque de RecolherOnde histórias criam vida. Descubra agora