Segredos Estranhos

As loucuras do amor

Já se passaram dias e Tiago ainda não falou comigo, eu também evitava falar com ele, Carla se afastou e eu me sentia muito mal com toda a situação, eu não queria que a galera se separasse, eu não queria esse clima desagradável entre a gente mas eu não sabia mais o que fazer pois cada vez que eu tentava resolver a situação eu só causava mais problemas.

Enfim, aqui estou eu deitada na minha cama fitando o teto em plena madrugada sem entender direito o que está acontecendo comigo pois depois que Beatriz entrou em minha vida eu estou me sentindo um pouco mais leve, ela faz com que eu me sinta bem quando estou perto dela, ela me faz rir com pequenas coisas, traz sentimentos que nunca senti na vida, o que será que estava acontecendo comigo?

***

6 horas e o despertador me acordou fazendo eu ter um tremendo susto, que porra de despertador escandaloso. Me espreguicei e logo senti uma leve dor de cabeça, acho que não dormi direito a noite.

"Quais os planos para o feriado?"

Essa era uma mensagem de Bruno logo pela manhã.

"Ainda não sei, algo em mente?"

"Vamos acampar?"

"Acampar? Onde?"

"Fiquei sabendo que a uns 300 km daqui tem um lugar muito legal para acampar, por favor vamos? Você vai gostar"

"Quem vai?"

"Enzo e Fernanda já confirmaram, só falta você, vamos? Por favor? Chama Beatriz também, já que vocês só andam grudadas agora"

"Vou pensar e te confirmo."

Mais um dia de aula, o clima estava agradável, mas as pessoas nem tanto. Eu tinha uma grande dúvida entre dormir em cima dos livros ou lutar contra o sono, ao longe vi Beatriz sentada numa cadeira no fundo da sala mascando um chiclete enquanto lia um livro, ela era encantadora, o jeito que franzia o cenho para se concentrar, nem parecia aquela garota doida que fazia o que dava na telha, logo resolvi mandar mensagem para ela.

"O que você vai fazer no feriado?"

Olhei para ela que não desviava a atenção do livro, levantei bufando da cadeira e sai da sala, eu precisava beber um pouco de água. Caminhei sem pressa pelo corredor até o bebedouro e logo depois fui até o banheiro para lavar o rosto, talvez assim o sono dissiparia, mas tudo o que eu queria mesmo era estar na minha cama tomando um bom café.

Estava voltando para sala quando vi Beatriz andando em minha direção.

: - Oi. - Beatriz falou, eu amava o tom da sua voz.

: - Oi, por que saiu da sala?

: - Não sei, talvez eu queria te encontrar. - Falou galante me fazendo arfar.

: - Entendi. - Foi a única coisa que consegui responder.

: - Não vou fazer nada no feriado.

: - Que?

: - Você me perguntou o que eu iria fazer no feriado e eu estou respondendo ué. - Falou divertida me fazendo rir.

: - Ah é verdade. - Falei tímida.

: - Por que a pergunta?

: - A galera quer acampar no feriado, o que acha de ir com a gente?

: - Onde é?

: - Não sei direito, mas Bruno me falou que o lugar é a uns 300 km daqui.

: - Adorei, amo acampar. - Falou empolgada.

: - Isso é um sim?

: - Com certeza.

A felicidade que eu senti naquele momento era extraordinária, dei leves pulinhos enquanto batia palmas, eu estava eufórica por um simples "sim" que recebi de Beatriz, ela me olhava confusa, mas parecia se divertir com a minha felicidade exagerada.

: - Vamos voltar para a sala? - Beatriz falou sorrindo estendendo a mão para que eu a segurasse e ela pudesse me guiar.

: - Vamos. - Segurei a sua mão e aquele gesto fez eu me sentir muito mas muito bem.

Entramos na sala e nos acomodamos nas cadeiras.

"Bruno, avisa para a galera que eu vou sim acampar e que Beatriz vai também."

Não demorou muito para a aula acabar, comecei a colocar minhas coisas na bolsa e logo Beatriz apareceu e sentou numa cadeira a minha frente se virando para mim.

: - Como estão as coisas com Tiago? - Ela perguntou preocupada.

: - Não sei, mas acho que nada bem. - Falei triste, eu não queria que Tiago estivesse magoado pois ele é um cara muito legal.

: - Por que vocês brigaram?

: - Ele me achava fria.

: - E você era? - Beatriz perguntou arqueando uma sobrancelha.

: - Sim, eu não conseguia sentir algo por ele, só conseguia ser amiga dele.

: - Por que?

: - Até hoje me pergunto isso, mas eu sempre fui assim, nunca consegui me apegar a ninguém. - Suspirei em desgosto, eu sempre quis me apaixonar por alguém, é possível descrever a paixão?

: - Mas você já tentou se apaixonar por algum outro cara?

: - Sim, tentei com alguns, tentei também com meu ex, Roberto, mas ainda bem que terminei com ele rápido.

: - Por que? - Beatriz estava realmente curiosa, seus olhos estavam fixos em mim, as vezes até esquecia de mascar o chiclete que estava em sua boca e por falar nisso, que boca perfeita que ela tinha.

: - Pouco tempo depois que terminei com ele fiquei sabendo que ele me traía. - Beatriz arregalou os olhos, pude perceber sua raiva.

: - Nossa que babaca.

: - Pois é.

: - Sabe, é triste o que vou falar mas acho que a moda da sociedade agora é ser idiota e tudo mais o que qualquer pessoa teria pavor em ter como amigo ou companheiro, talvez a sociedade acionou um modo defesa, é como se fosse uma bola de neve, decepções aqui, ali e o ser humano vai se tornando rude, egoísta e acaba descontando em quem está disposto a cuidar do seu coração, às vezes me pergunto se ainda é possível encontrar alguém com coragem o suficiente para demonstrar o que sente verdadeiramente sem medo e sem intenção de ficar por cima de alguma forma, alguém fiel, alguém que compreenda, que respeite, que ame, sim, que ame, talvez essa palavra seja utópica na nossa geração de pessoas arrogantes, mas acho que ainda é o sentimento mais lindo que alguém pode ter, acho que o problema também é que muitos não experimentaram do amor verdadeiro ainda por medo do que vão falar ou por orgulho, porque a moda agora é viver por si, sem se apegar a ninguém e isso é triste. - Beatriz finalmente respirou e eu estava sem palavras, fiquei encantada com a maneira que Beatriz via o mundo.

: - Concordo, a moda agora é ser infiel, parece que as pessoas tem medo de se entregar.

: - Pois é, eu tenho pena dessa sociedade.

: - Por que? - Perguntei curiosa.

: - Porque seria tão bom se as pessoas soubessem como é maravilhoso se entregar as loucuras do amor. - Beatriz suspirou.

: - Eu queria experimentar do amor. - Falei sincera quase em um sussurro.

: - Então se permita, enlouqueça.

*Notas Finais:

Perdoem os erros! Valeu!   :)