A descoberta

205 20 7
                                    

Já era noite quando resolvi assistir a um filme de terror, Fernanda preparava as pipocas enquanto eu dava um longo boa noite para Tiago pelo telefone, já havia passado uma semana desde o dia em que nos beijamos. Assim que desliguei o telefone sentei no sofá e logo Fernanda apareceu toda empolgada com uma vasilha enorme cheia de pipoca na mão.

: - É impressão minha ou Carla nunca mais falou com a gente? - Fernanda falava enquanto pegava o controle da televisão.

: - Você acha que aconteceu alguma coisa?

: - Não sei, mas desde a noite do churrasco ela mal manda mensagem para mim.

: - É, nem para mim.

: - Estranho, ela sempre gostou de estar presente em tudo.

Realmente, Carla tinha sumido, não falava mais com a gente, parecia que ela estava nos evitando, o que será que tinha acontecido?

: - Ah! - Fernanda gritou pois se assustou com uma cena do filme derrubando praticamente toda a pipoca.

: - Seus gritos me assustam mais que o filme. - Falei entre risadas vendo Fernanda me olhar colocando a língua para fora fazendo uma careta.

Quando o filme acabou eu já estava cochilando no sofá, percebi Fernanda sentada olhando os créditos passarem na televisão.

: - Está assistindo os créditos? - Perguntei.

: - Na verdade eu ainda estou tentando entender o filme. - Franziu o cenho catando os últimos vestígios de pipoca na vasilha. - Aconteceu tudo aquilo para o personagem principal morrer?

: - Basicamente. - Falei divertida.

Fernanda levantou do sofá resmungando que nunca mais assistiria filmes de terror, eu ria dela levantando também logo em seguida para arrumar a bagunça que fizemos.

: - Quando acordarmos eu quero aquele sorvete que fica perto da faculdade, adoro aquele sorvete - Fernanda choramingou se espreguiçando na cama.

: - Sorvete no café da manhã?

: - Sim. - Ela falou empolgada num tom quase infantil.

Era engraçado como Fernanda passava de uma mãe resmungona para uma total criança fofa sem noção.

: - Tá bom. - Joguei as mão em sinal de rendição. - Só porque gosto muito de você.

Peguei o celular e me deparei com uma mensagem de Beatriz, ela era aquela colega da faculdade que eu mencionei uma vez, aquela colega que eu não lembrava o nome, aquela que eu disse que eu não gostava muito, aquela que eu vivia sonhando, aquela que fazia eu me sentir estranha, não sei porque, ela sempre tentava se aproximar de mim e eu nunca dava bola, ontem ela praticamente implorou pelo número do meu celular, acabei dando e desde então, para o meu azar, ela não parava de me chamar para sair ou blá blá blá.

"Luísa! O que você vai fazer amanhã? A gente podia ir no bar o que você acha?"

"Não sei, vou naquela sorveteria perto da faculdade logo pela manhã com Fernanda e o resto do dia tenho compromisso, vou estar cansada a noite."

"Ah, tudo bem então, fica para a próxima."

Coloquei o celular na cômoda ao lado, fiquei por um tempo pensando em coisas banais, até o momento em que percebi que o sono já me dominava.

***

: - Acorda bela adormecida, você prometeu que iríamos tomar sorvete. - Fernanda me balançava na tentativa de me acordar.

: - Não, é domingo, deixa eu dormir mais um pouco. - Falei roucamente por causa do sono.

: - Mas você prometeu.

Segredos EstranhosOnde histórias criam vida. Descubra agora