CAPÍTULO 6

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GONÇALVES

Acordei de manhã com uma claridade que invadia a janela do meu quarto, lentamente fui abrindo meus olhos me acostumando com a luz intensa que havia no ambiente. Eu sentia meu corpo todo latejando e era como se eu tivesse sido atropelada por um carro. Respirei fundo e logo senti um gosto amargo horrível, meus lábios estavam completamente secos, alguns pensamentos rondavam a minha cabeça e eu sabia que tinha me embriagado noite passada, porém eu estava tendo certeza de algumas coisas.

Peguei meu celular no criado mudo, onde eu pude constatar que minhas redes sociais estavam cheias de notificações e tinha manchetes ao meu respeito em todas as capas e sites de jornais. Coloquei o celular no mesmo local, cobri meu rosto com o lençol e foi quando os momentos vividos na noite passada se voltaram a minha memória.

Flashback

Me lembro que ao sair do local onde estava havendo a cerimonia, fui abordada por vários jornalistas que estavam ali, sei que sou uma figura pública e conceituada na área militar, bem respeitada e famosa entre muitos médicos e pacientes pelo meu talento. Mas tenho que admitir que uma parte da minha pessoa havia partido para um lugar tão distante desta realidade que eu não fazia ideia de como reencontra-la, e nesse momento estou aqui fazendo a maior loucura de amor que alguém pode fazer sem nem mesmo saber se será correspondido.

Sai dos meus devaneios quando senti a mão de Larissa agarrar firmemente meu braço e me dando uma ríspida ordem de entrar no carro, e assim eu fiz. Acatei sua ordem rapidamente e ao me sentar eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Eu estava chocada ou  melhor estática de tanta adrenalina, e simplesmente não sabia o que falar.  Agradecia aos céus por ter a Larissa comigo nesse momento de reviravolta.

Quando chegamos em minha casa , logo eu desci do carro, e já na própria garagem arranquei o vestido de uma só vez e o joguei no chão. Nesse momento meus olhos se enchiam de lágrimas pois eu só queria morrer e não ter que encarar a minha vida daqui pra frente .

Eu sinceramente fiquei pensando como a Lud pode ser tão cruel comigo indo embora? 
Ela não me deixou explicar, ela nem ao menos quis me ouvir. Ela ficou tão preocupada com a tal “cerimônia" que simplesmente esqueceu de tudo que passamos juntas.
Novamente a Larissa me tirou dos meus pensamentos dizendo.

– Amiga, acho que você precisa de uma bebida pra superar e um modão.

Então foi quando respirei fundo e assenti com a cabeça. No mesmo instante ela pegou uma garrafa de Absolut que eu mantinha no bar e começamos com a bebedeira juntamente com um suco de limão sem açúcar.

Liguei na caixinha de som com a minha playlist do spotify, e posso dizer que não foi a melhor decisão que tomei, pois tudo que eu tocava me fazia lembrar daquela mulher que me deixou, que não me deu escolhas e nem a chance de me explicar. Ela simplesmente  foi embora.

Nesse exato momento eu estava no sofá, imagine um bêbado de porta de boteco, que está jogado e que não se aguenta, que chora, baba, tem o nariz escorrendo e que nem mesmo percebe.

Então, essa sou eu nesse exato momento, eu queria uma explicação pra isso porém não conseguia nem raciocinar direito. Eu queria entender a Ludmila e ouvi-la nem que fosse por um segundo.
Eu só queria saber o por que ela simplesmente foi embora sem nem ao menos pensar em mim, pensar em nós.

Nesse momento volto a atenção para Larissa e noto que a mesma está dormindo em meu sofá. Pelo visto o cansaço emocional e físico não era só meu. Seu celular jogado no sofá e é como uma tentação para mim. Eu precisava falar com a Ludmilla nem que fosse por um minuto. Eu só queria ouvir sua voz. Eu precisava me explicar pra ela.

BRUMILLA ANATOMYOnde histórias criam vida. Descubra agora