Parte 1

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Com excesso de álcool e drogas no sangue, Margarida andava pelas ruas sujas e escuras do Centro do Rio, como uma verdadeira flor do campo que tremula pela brisa e tenta se esquivar do assédio da borboleta, mas, por estar presa firme ao solo, não consegue resistir por muito tempo, acabando por ser possuída e penetrada por uma língua voraz.

Margarida não tinha nada de floral além do nome.

E as ruelas desertas por onde cambaleava, absolutamente nada tinham de campestre.

Ela, malabaristicamente, se equilibrava nos enormes saltos, ora se agarrando aos muros encardidos e pichados, ora tropeçando nos inúmeros buracos e outras irregularidades que existia aos montes no centro da segunda cidade mais importante do país.

Uma vergonha que merece ser pisada apenas pelos decrépitos como a nossa flor do campo, que acabava de ser expulsa do prostíbulo que paga o seu pão e teto.

Como todo estabelecimento que se preza, não pode admitir que seus funcionários venham trabalhar nas condições deploráveis que a nossa desgraçada infeliz se encontrava.

Portanto, entre tonteiras, delírios e tropeções, Margarida se arrastava pelas ruas em busca de algum cliente.

Qualquer um.

Qualquer tipo.

O que ela não poderia é chegar à comunidade em que morava sem o dinheiro que devia para o traficante.

Ela não tinha medo da morte e nenhum apreço por sua vida, mas nem por isso gostaria de ser desmembrada e incinerada nos famosos micro-ondas.

Pobre Margarida.

Ela não sabia que havia morte pior do que essa.

E não sabia que tal morte a aguardava, quando cambaleou e tropeçou uma última vez, caindo aos braços de um cliente em potencial.

Braços fortes e másculos a salvaram de uma queda feia, e Margarida sorriu debilmente para aquele que, em sua alucinação, era o homem mais lindo que já vira.

"Cuidado, moça! Não quer quebrar uma perna, não é?"

Margarida estava tão doida que não conseguia articular palavra.

Apenas ficava com aquele sorriso idiota na cara.

O homem, belo como o pecado, abraçou-a pela cintura, ajudando-a a caminhar, conduzindo-a para um lugar mais reservado.

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