Parte 9

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Foluke levou Jorge para o ginásio. Apenas falou depois que ambos pararam em frente ao altar das espadas.

—Não foi exatamente por saudades de mim que o senhor veio, né, pai?

Jorge ficou sem reação. As palavras da garota foram como faca na sua ferida já aberta.

—Não... foi por algo ainda maior...

Não era a intenção de Foluke criar caso ou ter uma crise de filha rejeitada.

Ela sabia muito bem qual era a situação que sua família impôs a Jorge, e compreendia as dificuldades dele.

Ela apenas precisava de uma introdução para o que iria revelar a ele.

Virou-se e despiu o casaco de moletom, estendendo a ele o pulso direito.

—Me diz o que o senhor vê.

Jorge não precisou de esforço para enxergar a marca no braço de Foluke, o Ponto Riscado  energeticamente, formando a figura de uma espada, a principal arma de Ogum.

Ele segurou o braço da filha e delineou a imagem com as pontas dos dedos.

— Isso não é tudo, pai... há outra coisa... consigo ver só uma parte e quando tento usar o espelho, nada aparece nele...

Foluke virou-se de costas. Ela vestira, propositalmente, um top frente-única, deixando as costas nuas.

E nelas, nitidamente marcadas em brasa no corpo espiritual da menina, os sete instrumentos de Ogum.

Foi com horror e fascínio que Jorge percorreu com os olhos as sete figuras unidas sobre um meio círculo e abertas como um leque:

alavanca,
machado,
pá,
enxada,
picareta,
espada
e facão.

—Meu Pai! Isso já estava determinado! Quando aconteceu, Foluke?!

A garota virou-se, vestindo novamente o casaco:

— Há três dias, durante um sonho. E desde então, quando durmo, venho recebendo instruções. Vamos enfrentar coisa pesada, sabia, pai?

—Será uma batalha espiritual, mas você não estará sozinha!

Foluke pegou sua katana, desembainhou-a, mostrando a lâmina ao pai.

— Sabia que sou ótima em kenjutsu? Poderia até participar de campeonatos, poderia estar na seleção nacional, se eu quisesse!Também tenho várias condecorações nas olimpíadas das escolas. Sempre tirei o primeiro lugar em todas que participei. Eu que nunca quis ir além disso.

A garota embainhou novamente a espada.

Na cabeça de Jorge passavam mil coisas nas quais ele se via como uma criança ingênua, que não foi capaz de enxergar a grandeza da missão que aguardava a todos.

— Pai... eu sempre senti muita falta do senhor, mas... se não tivéssemos sido separados e eu não tivesse vivido com meu avô, hoje não estaria preparada para enfrentar os Quiumbas.

Jorge puxou a filha para seus braços, agora compreendendo o porquê de tudo ter acontecido como aconteceu.

Filhos não são propriedades dos pais. Filhos são missões.

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