Parte 2

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Era um sonho.

Só podia ser!

Deitada sobre uma enorme e aconchegante cama forrada com seda, Margarida experimentava sensações e prazeres em seu corpo como há muito tempo deixara de sentir.

O quarto em que estava era lindo e luxuoso.

Havia cheiro de perfume caro no ar.

Seu corpo parecia flutuar enquanto ela gemia e arfava a cada estocada.

Gemia e dava gritinhos, feito uma adolescente que acabava de descobrir o sexo.

O homem não era só lindo, era a própria personificação da luxúria, e suas mãos enormes estavam em todas as partes do corpo de Margarida, fazendo-a crepitar de prazer.

Mesmo sob imensa onda de gozo e a alteração causada pelas drogas, a mulher não pode deixar de notar a umidade excessiva e quente que empoçava sob ela, e isso a intrigou a ponto de se libertar do abençoado torpor em que se achava.

E como se um raio tivesse caído sobre ela, todo o prazer e deleite que sentia transformaram-se em dores lancinantes.

A cama luxuosa tornou-se o chão imundo de um beco.

O perfume caro que sentia era o cheiro de podridão e sangue.

O homem era enorme e monstruoso.

Copulava com tal violência que arrebentou toda a parte íntima de Margarida, e ela sofria uma hemorragia.

O seu corpo estava todo sulcado por fendas profundas, de onde esvaia mais sangue.

Ela começou a gritar pelo pavor e dor.

Tentou lutar e se desvencilhar do membro descomunal que literalmente a devorava, apenas causando mais dor e sangue.

O monstro de aparência humana percebeu que era chegada a hora de seu orgasmo, indicada pelo desespero de sua vítima.

Baixou a cabeça para o corpo de Margarida, abocanhando o seio com dentes pontiagudos.

Começou a devorá-la.

A cada grito de dor e desespero que ouvia, ele tinha espasmos orgásticos.

Ele era um carnívoro sexual, e só sentia a vida correr em suas veias quando devorava as suas vítimas ainda vivas, copulando e sugando toda a adrenalina de suas carnes.

Penalizado, um guerreiro Exu  assistia a carniceria sem nada mais poder fazer.

Observava os Espíritos de Luz desligarem rapidamente os fios fluídicos que mantinham Margarida ligada ao corpo físico, que era destroçado e devorado com gula.

O monstro era uma aberração espiritual materializada no mundo dos homens, um Quiumba  incorporado, e o Exu nada poderia fazer contra uma criatura tão poderosa materializada.

Um Zé Pelintra , em seu típico terno branco e chapéu panamá, surgiu das sombras, falando no seu tom malandro, que era traído pelo pesar em sua voz jovial.

"Vamos, guerreiro! Por essa não se pode fazer mais nada. Só nos resta relatar aos Orixás o que anda acontecendo por aqui."

O Exu, um homem negro e vigoroso, concordou com um meneio, desvanecendo-se em seguida.

O Zé Pelintra o seguiu logo depois de uma última olhada para a cena tétrica.

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