Parte 4

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Em diversos Centros Espíritas espalhados pelo Rio e demais cidades do país, mensagens dos Orixás, Espíritos e Guias diversos chegavam através das psicografias  e incorporações diversas.

Mas poucos foram os dirigentes que levaram a sério as mensagens.

Apesar do conhecimento e fé que possuíam, a ideia de monstros infernais devoradores de humanos era fantasiosa demais, e o absurdo da informação estava acima da fé da maioria.

Mas destes poucos que deram crédito, alguns ficaram severamente preocupados.

Jorge, após a reunião com os outros trabalhadores do Terreiro, recolheu-se à meia-água que havia nos fundos do casarão, onde ele pernoitava nas noites de giras .

Sentou-se no catre simples, em meditação profunda.

Não demorou muito e logo sentiu a mudança de atmosfera, e o ar à sua volta ficou carregado de energia radiante.

Apesar de ser um médium capaz de ver, ouvir e receber impressões mentais, Jorge não esperava pela manifestação que se seguiu, principalmente depois de ter encerrado os trabalhos da noite, e foi com sobressalto que presenciou a aparição.

Era uma Pombogira , uma mulher bela, de longos cabelos escuros formando cachos e porte distinto, trajando um vestido longo, vermelho e vasto.

Babalaô  Jorge, você deverá relegar suas obrigações no Templo e aproximar-se de sua filha.

Você precisa estar junto a ela pelos dias que virão.

Jorge ficou algum tempo apenas olhando pasmado a Entidade.

Só conseguiu se pronunciar depois que seu cérebro decodificou a mensagem dada à queima-roupa.

Balbuciou, ainda incerto de ter compreendido, desconfiando se tal Espírito era mesmo confiável.

Ele jamais vira aquela Pombogira.

"Isso é... impossível. Não vejo minha filha há anos e a família dela conseguiu impedir minha aproximação através da Justiça. De mim querem apenas o dinheiro da pensão!"

A Pombogira empinou ainda mais o queixo, impaciente.

"Não estou aqui para ouvir seus dramas familiares. Estou lhe passando as instruções a que deve se submeter e amanhã, logo cedo, deverá resolver todas as pendências em relação à Casa Espírita. Partirá para Cambará e trará a menina para o Rio."

Não houve tempo sequer para Jorge expor suas dúvidas.

A Pombogira desvaneceu, mesclando-se à penumbra do quartinho até desaparecer.

Instante depois, o Babalaô foi acometido por um sono violento e mal pode retirar os sapatos e enfiar-se sob a colcha de retalhos.

Assim que encostou a cabeça no travesseiro, adormeceu instantânea e profundamente.

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