Parte 3

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Em meio à mata virgem, havia uma clareira dourada de onde se elevavam flocos de luz, mesclando-se aos que caiam do céu.

As cores eram em alto contraste e brilhantes.

O céu de azul profundo era riscado, vez ou outra, por aves brancas que passavam deixando um rastro de poeira brilhante atrás de si.

O frescor úmido provinha das cachoeiras que se camuflavam na densa vegetação do entorno.

Havia muitas Entidades naquela clareira: caboclos, índios, ciganos e exus.

No centro, trajando roupas brancas e simples, lenços xadrezes e colares de sementes, estavam os dois representantes dos Orixás: um casal negro e idoso, com seus cabelos alvos a fazerem contraste com suas peles.
Estavam taciturnos, com a expressão de grave preocupação.

O guerreiro Exu e o Zé Pelintra vieram das sombras do arvoredo para a claridade dourada, parando frente ao casal de Pretos Velhos, fazendo-lhes leve mesura e os cumprimentos adequados.

"Abença, Pai! Abença, Vó!" – As duas Entidades falaram em uníssono, sendo prontamente correspondidos pelos Pretos Velhos.

"A situação é de calamidade, Pai Francisco! Os pensamentos e as ações tão negativos dos Encarnados conseguiram trazer para o Plano deles todo tipo de monstro umbralino. Acabamos de presenciar um em ação, e nada pudemos fazer pela vítima, que vibrava na mesma faixa de sintonia que a dele, formando uma simbiose!"

"Vó Quitéria, Pai Chico... os Exus pouco podem fazer agora quanto a esses monstros incorporados. Apenas podemos reforçar a segurança nos pontos de devassidão, de onde surgem os portais entre os Planos. Mas, para deter os monstros no Plano dos Encarnados, somente um guerreiro revestido da matéria densa para embater-se contra eles! Enquanto o corpo da criatura for destruído, os Exus poderão fazer a captura dela em sua forma espiritual."

A Preta Velha baixou a cabeça, pensativa.

"É o final de uma Era... Isso já havia acontecido dois milênios atrás. É quando começa a seleção das almas, para escolher as que ficam e as que serão enviadas para orbes inferiores. É lamentável que haja tantos com sentimentos tão negativos. A impressão que temos é que eles nunca aprendem... Então, devemos mesmo interferir de forma intensiva, inclusive materialmente, ferindo a Lei de Não Matar?"

Os lideres das Falanges presentes – Caboclos, Pretos-Velhos, Boiadeiros, Êres , Exus, Marinheiros, Ciganos e alguns da Linha Oriente, como Japoneses, Hindus e Romanos – murmuraram entre eles, ponderando sobre a solução apontada por Vó Quitéria.

Eles atuavam como Guias, Protetores e Conselheiros, mas tomar atitudes drásticas, interferindo deliberada e diretamente no mundo dos Encarnados, violava a Lei do Livre-Arbítrio.

Mas a situação era drástica!
A grande maioria dos líderes concordou com a solução proposta pela representante dos Orixás  e pelo guerreiro Exu, e expuseram isso ao demais.

Pai Francisco, concordando com todos os outros líderes de Falanges ali presentes, dá o seu veredicto.

"Faremos um alerta em todos os Centros e Terreiros. Enquanto uns buscarão os guerreiros encarnados, outros passaram a mesma mensagem que lhes ditarei. É necessário que seja transmitida simultaneamente, para que os nossos irmãos encarnados dêem devido crédito. Somente um guerreiro incorporado poderá lutar em pé de igualdade contra esses monstros do Umbral ."

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