Josh Matews
A fumaça da minha xícara de café trilhava no ar um caminho infinito até o céu enquanto eu permanecia escorado na entrada da mecânica como no dia anterior.
A noite passada ainda reverberava em meu interior. Mal conseguia acreditar que tinha mesmo cantado para uma garota que até então não passava de uma total estranha.
O pior daquilo tudo era que eu tinha amado a sensação. Algo quente tomou meu peito quando vi o brilho que surgiu em seus olhos junto com aquela canção. Era o tipo de coisa que fazia qualquer esforço valer a pena, até mesmo cantar para uma desconhecida. E era em busca daquele olhar arredio que eu estava ali, em uma manhã que, se não fosse a vontade de vê-la novamente, eu ficaria escondido sob duas camadas de cobertas bem quentes pelo menos uma hora a mais do que meu horário permitia.
— Vamos no Teat hoje? — Taylor se aproximou repentinamente, arrastando-me para a realidade, convidando-me para o rock bar mais animado da cidade.
Na verdade, o único rock bar da região.
— Talvez. — A falta de ânimo em minha voz era palpável.
— Qual é... — Ele reclamou cruzando os braços. — Você não fez porra nenhuma ontem à noite e não vai fazer nada hoje também?
— Você não...
— Quer virar uma múmia velha e fedorenta? Ou pior, ficar igual a mãe do Jake vendo aquelas séries antigas e rindo como se aquilo ao menos fizesse sentido? — Não tive a chance de me explicar. — Gatos, cara. Em breve você terá quarenta gatos e uma bengala e não aproveitou a vida direito. — Taylor ergueu as mãos ao ar, exagerado como sempre.
— Eu nem gosto de gatos, vai se foder! — Dei uma risada levando a xícara aos lábios.
— Deveria gostar, em breve serão suas únicas companhias. — Suspirou como se tomasse uma decisão muito séria. — Não vamos deixar. — Ele balançou o dedo em riste em minha direção. — Ou vai por bem, ou eu arrasto essa sua bundinha até lá.
— Josh quer ficar em casa de novo? — Olhei por cima do ombro e Jake caminhava em nossa direção com o andar pacato e arrastado de sempre.
— Eu não pretendo ficar em casa. — Meus olhos não desgrudavam da casa da minha vizinha. — Tenho planos diferentes.
— E desde quando você esconde alguma merda da gente? — Jake reclamou parando a minha direita.
Ele mal havia fechado a boca quando a porta de madeira da casa da frente se abriu. Meu corpo retesou, minhas costas endireitaram como se alguém as alinhasse. Prendi a respiração quando ela desceu os três degraus da varanda e sorriu em minha direção.
Seus cabelos estavam soltos, livres pelo vento da manhã, negros como a noite mais escura, ainda assim, traziam um brilho diferente. Ela brilhava. Percebi que sorria feito um tolo quando Anny entrou em seu carro, saindo da minha visão e Jake deu uma gargalhada.
— Tá pegando a vizinha? — Taylor apoiou o braço no meu ombro.
— Claro que está. — Jake ainda ria.
— Não! — Escorracei Taylor do apoio do meu ombro.
— Tá pegando sim, filho da puta. Olha pra sua cara.— Taylor deu um soco no meu ombro. — Nem falou nada. A garota chegou não tem nem uma semana e você já marcou a merda do território.
— Não existe nada entre nós. — Admiti nervoso, ainda que não gostasse daquela realidade. — Parece que somos amigos. Ontem acabamos... — Pensei sobre o que deveria contar ou não. Aquilo viraria um inferno na minha vida.
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Black Bird - A Luz do Amor - DEGUSTAÇÃO
RomanceApós um grande trauma que quase custou sua vida, Anny Thompson deixou tudo para trás em busca de um recomeço bem longe da cidade que vivia. Fênix Hill é uma cidade conhecida pela calmaria e tranquilidade. Ao menos era o que Anny pensava quando chego...