Vozes

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POV Hiccup

É verdade. Eu realmente sentia-me estranho. O meu calor corporal aumentou. Os meus olhos ficaram mais verdes. Ficaram mais brilhantes.

Eu nem estava a imaginar que isto aconteceu... Quer dizer, isto é de loucos!

Olá Hiccup...

Oh não... Isto eram os meus poderes a falarem comigo? O melhor remédio é ignorá-los?

- Mérida, não há muito por falar... Tu és ótima com aquilo que tu fazes: ser uma arqueira. Impresta-me o teu arco, se faz favor.- disse o Norte e ela deu-lho

Norte colocou, com um conta gotas, um líquido que fazia o meu arco e flecha estar mais evoluído em certas situações.

- Porque estamos a fazer isto exatamente?- perguntou o Jack

- Porque vocês vão lutar.- disse ele

- O quê?- perguntamos todos incrédulos em uníssono

- O que vocês ouviram. Vão ter que lutar contra um homem, um guardião como eu, mas das trevas. Algum de vocês já ouviu falar do Breu?- perguntou ele

Todos nós nos entreolhamos.

- Acho que respondo por todos, e é um não.- disse a Rapunzel

- O Breu em tempos foi guardião tal como eu. Eu e os outros guardiões tinhamos mais popularidade, então muitas pessoas não acreditavam ele. Não acreditando, é como se alguém passasse por vocês e vocês fossem transparentes. A cada dia que passa, o Breu torna-se mais forte, então é cada vez mais difícil para nós vencer. Por isso é que recorremos ao plano B: vocês.

- Onde estão os outros guardiões?- perguntei

- A dar aulas. Eles depois vão se encontrar com vocês no treino.- disse ele

- Treino, a sério?- perguntou o Jack

- Nem vale a pena responder a essas perguntas. Vão embora, está quase a tocar. Deixo-vos algum tempo para processar a informação. Amanhã á treino depois das aulas.- disse ele

- Adeus, professor Norte.- disse a Mérida ironizando

Saímos todos e minutos depois tocou para os alunos saírem das salas. Eu e o Jack fomos para os dormitórios. A meninas também foram connosco.

- O vosso quarto está todo desarrumado.- disse a Mérida

- Toda a roupa que encontrares espalhada, é o Jack. Toda a roupa que encontrares arrumada é minha.- disse

Que estás a fazer? Não sejas simpático com elas! Dá fogo nesta situação!

- Pois, dá para ver.- disse a Rapunzel revirando os olhos

- Deixem-me lá experimentar esta coisa.- disse a Mérida tirando o seu arco das costas

Tirou uma flecha da saca e arqueou-a no arco. Ela largou a flecha e foi contra a porta.

- Continuo a ser boa nisto.- disse ela com um ar convencido

- E tu Rapunzel, já decoraste a letra da música?- perguntou o Jack

- Quase. Faltam-me uma estrofe.- disse ela

Até eu já decorei... Hiccup inventei uma para ti: O Hiccup vai morrer de tanta agonia, depressão e desilusão. E de desilusão. As pessoas ao seu redor estão prontas para o tramar; Gostaste? Foi o que eu escrevi até agora.

- Hiccup? Está tudo bem?- perguntou a Rapunzel

- Eu preciso de apanhar ar.- disse e fui-me embora

Fui para fora da escola e bebi através do bebedouro. Andei ás voltas para processar isto tudo.

- Hiccup, o que fazes aqui?- perguntou a minha irmã vindo na minha direção

- Eu estou, eu estou só a apanhar um pouco de ar.- disse desesperado

- Estás stressado. O que se passa?- perguntou ela vindo até mim

- Nada.- disse tentando não manter contacto visual com ela

- Okay. Já agora, eu sempre soube que ias ficar mais ruivo.- disse ela mexendo no meu cabelo e foi-se embora

Atira-lhe uma bola de fogo! Ela merece! Ninguém pode tocar em ti! Tu és o Deus do fogo!

Senti que uma bola de fogo estava a acumular-se na minha mão. Eu fiz-la desaparecer.

Que raio de pessoa é que eu estou a ser?

POV Mérida

Mais tarde, quase hora do jantar, fui para o pátio, atrás de uma casa de banho. Sentei-me e acendi o isqueiro.

Era lá todos os anos onde eu costumava fumar ganza. Ainda fumo, mas agora sozinha.

Os meus amigos do 10 ano, na altura, eram todos uns paneleiros. Fizeram queixa à direção que eu andava a fumar na escola, sabendo que eles pediram-me para experimentar e que era confidencial.

Só tenho uma verdadeira amiga, a Moana, e aqueles outros três... é só mesmo porque temos um segredo em comum.

O mundo está cheio de pessoas sem bondade com o outro. O ser humano faz de tudo para sobreviver, é claro, mesmo se abdicasse o seu mais íntimo.

Eu me movimentei um pouco para o lado e senti algo no meu rabo. Regressei onde estava e olhei para baixo. Encontrei um frasco pequeno e já um bocadinho rachado devido ao meu peso.

Peguei nele e observei bem. Eram daqueles frascos que lá dentro contiam a vacina contra alguma doença.

Bem, eu estou num curso profissional de desporto, por isso eu parei com ciências desde o 9 ano, mas do que eu me lembro, acho que os rótulos não são assim.

Eu tirei o papel de conservação (prateado), que estava picotado, ou seja, aquilo já foi usado, e coloquei o meu dedo dentro do frasco e levei o líquido até à minha boca.

Aquilo não sabia mal, porque eu sei o que é: droga. Alguém da escola anda a se injetar com droga. Não pretendo saber quem é, mas vou estar atenta.

Sai do pátio e voltei para dentro da escola. Quase ninguém estava nos corredores. Acho que hoje é o dia das almôndegas fritas, então toda a gente come cá. É a especialidade da escola.

Fui para a fila do jantar e passado 30 minutos já estava numa das mesas a jantar.

Sinceramente, eu sou a que me sinto mais excluída dos guardiões. Não tenho nenhum poder, só a habilidade de ser uma boa arqueira que acerta sempre no alvo.

Também a Rapunzel não faz grande coisa. Só cura? Só rejuvenece? Onde isso vai ser útil num campo de batalha, além de colocar as pessoas num melhor estado?

Olhei ao redor e não vi ninguém que eu conhecesse, por isso eu só despachei-me a comer e sai da cantina. É que eu cheguei a uma hora razoavelmente tarde e mesmo assim estava uma fila enorme.

Deviam ser por volta das 23hrs e já não havia ninguém nos corredores, exceto um rapaz moreno a beijar uma albina. Podia jurar que eram o Flynn Rider e a Elsa Snow. Não sei.

Estava super cansada e só entrei no dormitório com esperanças de que a Rapunzel estivesse a dormir. Foda-se, não estava.

- Finalmente chegaste. Onde estiveste?- perguntou ela da minha cama, ou seja, lá de cima

Ela desceu para baixo de uma forma super esquisita: o cabelo dela estava preso à cama e desceu aquilo como se fosse um corrimão.

- Incrível... isso não te dói?- perguntei desconfortável

- Não. O meu cabelo é indestrutível. É mágico.- disse ela e sentou-se na sua cama.- Mas não respondeste à minha pergunta.

- Na fila. Hoje era o dia de almôndegas fritas.- disse e ela riu-se

- Quem me dera ter estado lá.- disse ela saboreando-se.- Eu vou já dormir, por favor, faz pouco barulho.

- Não prometo nada.- disse e fui-me trocar para a casa de banho

Habilidades de um guardiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora