Primeiro dia (part 1.)

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POV Jack

Acordei num dia normal como os outros. O sol a bater na minha cara,o ar fresco a entrar no meu quarto e com boa disposição.

Pena que isso só aconteceu no verão.

As aulas começam hoje e eu não estou com disposição nenhuma para me levantar da cama ás sete da manhã. E que não era só isso.

Toda a gente goza com o meu problema genérico. Eu nasci albino, e então? Sou igual a toda a gente.

Só de pensar que vou estar sem ver a minha família por um tempo... Dá-me pena. A escola só permite que estejamos com os nossos familiares aos fins de semana. Eu digo "por algum tempo" porque não irei estar com eles todos os fins de semana, por causa dos testes, e acho que os outros alunos farão o mesmo que eu.

Sai da cama, tomei um duche e vesti-me. Vesti uma roupa clássica: camisa de flanela aberta e t-shirt branca por dentro; calças pretas e tenis rasos. Eu não sou skatista, mas gosto de me vestir assim.

A minha mochila e a minha mala de viagem estavam feitas desde ontem á noite, por isso foi só descer as escadas.

- Bom dia.- disse

- Bom dia, filho.- disseram os meus pais

A minha irmã saiu da mesa e veio abraçar-me. Ela é a Emma. Super fofa, ás vezes.

- Vou ter imensas saudades tuas.- disse ela choramingando

- Nós também. Porta-te bem e tenta tirar boas notas para entrares na faculdade. Não quero conflitos na escola!- disse o meu pai

- Vá pai, também te adoro.- disse indo abraçá-lo

- Graxa não resolve tudo meu menino.- disse a minha mãe

- Vá, também gosto muito de ti.- disse abraçando-a e depois peguei nas minhas coisas para ir embora.

- Precisas de boleia?- perguntou o meu pai

- Não, a Elsa já me vai dar. Adeus, adoro-vos!- disse e sai de casa

Ouvi uma buzina e era a Elsa no seu carro mini e moderno. Dava só para duas pessoas, mas era o suficiente para ela. Coloquei as minhas malas na bagageira e sentei-me á frente.

- Bom dia.- disse dando-lhe um beijo e depois acenei lá para fora, porque a minha irmã estava a fazer um último adeus.

- Bom dia. A despedida? Como foi?- perguntou ela

- Calma. A minha irmã vai ter muitas saudades minhas. Já tu... Tens a tua irmã na escola.- disse olhando para ela.

- Infelizmente.- disse ela

- Onde ela está?- perguntei

- Foi com uma amiga para a escola.- disse ela

- Ok. E como foi a tua despedida?- perguntei curioso

- A minha despedida foi indiferente. Os meus pais nunca estão em casa, estão sempre a viajar em negócios por isso...- disse ela um pouco triste

- Tinha me esquecido desse pormenor. Lamento Elsa.- disse cabisbaixo

- Não, está tudo bem.- disse ela e sorriu para mim

Chegámos á escola e só se viam pais a despedirem-se dos filhos e a chorarem desesperadamente. Por amor de Deus, isto é deprimente.

Eu e a Elsa tiramos as coisas da bagageira e levamos para dentro da escola. Enquanto subiamos as escadas, haviam pessoas que estavam a gozar com o meu cabelo, dizendo que não estavamos no Carnaval. Eu só lhes mandei o dedo do meio. Entramos na escola e vimos uma fila enorme só para ir buscar a chave do quarto.

- Ficamos na fila?- perguntou a Elsa

- Tem de ser.- disse mesmo não querendo

POV Rapunzel

Acordei ás seis da manhã com boa disposição. Nem toda a gente acorda assim, mas eu já estou habituada, pois eu vou correr pelo bairro até ás sete da manhã.

Depois de correr, tomo um duche e visto uma saia, uma blusa e umas botas. Usei algumas pulseiras que estavam expostas por ai e que me tinha esquecido de pôr na mala. Usei um colar muito significante para mim. Era da minha falecida avó.

Desci as escadas com a mala da escola e com a mala de viagem já feita. Os meus pais estavam a tomar o pequeno almoço em silêncio.

- Bom dia. Dormiram bem?- perguntei

- Bom dia filha. Eu dormi, já a tua mãe...- disse ele

- Eu dormi com ansiedade.- disse ela e veio abraçar-me.

- Mãe, não é assim tão mau. Vamos ter muito tempo para estarmos juntas... no Natal!- disse

- Eu sei, eu sei, mas desde que voltaste a casa que me sinto insegura em deixar-te ir a certos sítios.- disse ela

- Mãe, é só uma escola! Ninguém vai me raptar lá!- disse rindo.- Aliás, a mulher já está a pagar bem caro por isso na cadeia.

- Espero bem. Que te corra bem este ano filha.- disse o meu pai vindo abraçar-me

- Obrigado. Bem, eu tenho que ir andando, pois a fila para ir buscar uma chave deve encher daqui a meia hora. Adoro-vos!- disse abraçando-os

Sai de casa e liguei o meu carro pequeno e amarelo. Dava para cinco pessoas. Abri a bagageira do carro e coloquei a minha mala

Entrei no carro e comecei a pôr a máquina a trabalhar. Acenei aos meus pais enquanto ia embora.

Eu tinha sido raptada á nascença, porque os meus pais são ricos. Pediram resgate e em troca três mil dólares. Os meus pais deram o dinheiro á raptora mas isso foi o suficiente para ela fugir do país comigo. Ninguém soube nada sobre mim até aos meus 15 anos, que me localizaram e fizeram um resgate com as autoridades. A mulher que me raptou foi presa e eu voltei para a minha família.

Desde ai, os meus pais têm me dado tudo, mas eu sou independente, é a única coisa que eles não entendem.

Eu podia ser uma cigana loira, porque tenho o cabelo até á cintura, mas eu não o quero cortar, porque reza a lenda, da minha família, que se alguma vez eu cortar acima da cintura, nunca mais terei sorte na vida. E é verdade. Aconteceu isso com a minha avó.

Cheguei a casa da Anna e buzinei. Ela saiu de casa e colocou as coisas na bagageira do meu carro. Depois sentou-se á frente.

- Então Rapunzel, como é que é?- perguntou ela e demos dois beijos em cada bocecha.

- Tá tudo bem, e contigo?- perguntei

- Tudo. Ansiosa para o primeiro dia de aulas?- perguntou ela

- Se queres que te seja sincera, não. É tudo sempre a mesma coisa. Por isso é que hoje te fiz acordar mais cedo, para buscarmos as nossas chaves do quarto e não apanharmos uma grande fila.- disse concentrada na estrada

- Ok, estás desculpada. O problema, é que na escola, não vendem nutella.- disse ela

- Quem disse? Eu, este ano, sou responsável pela associação de estudantes e muitos alunos, no ano passado, pediram para colocar alimentos extras. Um deles, era nutella.- disse

- A sério? E colocaste?- perguntou ela feliz e com esperanças

- Sim, coloquei.- disse e ela pulou de alegria no banco do carro

- Obrigado Punzie! És a melhor.- disse ela

- Eu sei.- disse

Chegámos á escola e as portas ainda estavam fechadas. Coloquei o carro no parque de estacionamento e fui para a escola.

Eu e a Anna ficamos ali á espera que os portões da escola abrissem. Passaram cinco minutos e abriram. Havia muita gente a correr por causa da fila, então nós também corremos. Quer dizer, a Anna correu, eu não conseguia correr de botas.

Mesmo assim, conseguimos ficar num dos primeiros lugares da fila.

Habilidades de um guardiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora