Seu corpo é como um instrumento.
Os mais belos sons.
Os mais belos acordes.
As mais belas curvas.
A cada música nova
Eu descubro algo novo.
Seu gemido é música para meus ouvidos.
Uma música inconstante.
Sempre mudando.
Mas eu não me importo.
Eu poderia ouvir essa música
Por toda a minha mísera vida.
Percorrer este instrumento.
Com meus dedos.
Com minha boca.
Com meu corpo.
Esse sim é um presente divino.
Tem dias que te toco como um violino.
E você ama a pressão.
Outros como uma harpa.
E você a delicadeza.
Muitas vezes como uma flauta, das mais doces possíveis.
E você ama a articulação.
Alguns dias te toco como um tambor.
E você ama a força.
Infelizmente, eu não te possuo.
Não é somente meu este instrumento.
Outros tocam.
E isso me causa ódio.
Imaginar eles te tocando.
De qualquer forma.
Com aquelas mãos
Que nunca pegaram um instrumento.
Tão raro.
Tão delicado.
Ouvindo os sons que faz.
Ora lembram um coral de anjos.
Ora lembram uma orquestra.
Tão encantador.
Tão divino.
Você diz que eu sou a única
Que sabe te afinar
Que sabe te tocar
Que sabe te admirar
Deixe eu percorrer seu corpo.
Com carinho.
Com a boca.
Com agilidade.
Com os dedos.
Com as mãos.
Com força.
Com devoção.
Com o coração.
Deixa eu fazer música em você.
Com você.
Com a alma.
Com amor.
