Sempre ouvi que os olhos são a janela da alma.
Mas se isso for real, sua alma é mistura.
Dos sentimentos mais puros aos mais devassos.Janelas marcaram nossa história.
A do meu quarto, no apartamento creme.
A forma como você se apoiava nela e se empinava.
Você queria dar um show.
Para mim.
Para os vizinhos.
Não importava, com tanto que fosse vista.A do meu quarto, na casa de meus pais.
Aquela tinha grades, e como você as adorava.
Lembro dos seus sussurros tão manhosos e tão sujos, me pedindo para amarra-lá nela.A do carro, voltando do cinema.
Em como você chorou enquanto olhava para a rua.
E eu vi dor nos seus olhos.A do meu quarto, no apartamento creme.
A forma como se empinou e deixou o rosto para fora.
Você chorava baixo para não me acordar, mas eu ouvi.A janela do banheiro, da casa de um amigo.
Nos trancamos no banheiro.
E eu te dedilhei como um músico experiente.
A janela aberta, passando pessoas por ela.
E como aquilo te deixou eufórica.A do ônibus, quando voltava pra sua casa.
Essa teve momentos marcantes.
A primeira vez que nos vimos.
O primeiro encontro.
O primeiro beijo.
O primeiro toque.Mas não só momentos bons ela presenciou.
A última vez nos vimos.
O último encontro.
A última briga.
As últimas lágrimas.As janelas marcaram nossa história.
Mas seus olhos, eles marcaram minha vida.Quando percebo você me olhando
Um frio percorre minha espinha
Uma mistura de sentimentos
Dos mais puros, como os de um adolescente apaixonado.
Aos mais sujos, como um viciado que vê sua droga.Eu vi a felicidade nos seus olhos.
Eu vi a tristeza nos seus olhos.
Eu vi a luxúria.
Eu vi o desejo.Mas o que me marcou foi ver
O ódio
E
O amor
Na mesma medida.
Na mesma intensidade.Seus olhos são a janela da alma.
E minha eterna perdição.
