Capítulo 5

17 12 0
                                    

Era o Dia de Marte e neste dia se completava um mês do fim da jornada para a liberdade.

Não houve nenhuma baixa.

Não houve a luta que o grupo acreditava que enfrentaria com os militares na fronteira, tanto que alguns homens do grupo carregavam desde revólveres até pás e picaretas para servirem de armas.

Naquela noite, estranhamente, não havia soldados no posto, pelo menos não na hora em que chegaram, numa fria madrugada de fins de Outono.

A única dificuldade ficou mesmo pela travessia a nado pelo canal que separava a Cidade Vermelha da Cidade de Luz.

Mas o canal era raso, não chegava a cobrir o tórax de um homem.

Naga quis carregar a filha nos ombros, mas ela se recusou, afinal ali estava o seu Elemento e nadar ela sabia muito bem.

Apesar do cansaço e da correnteza que estava um pouco forte, conseguiu vencer a distância de uma margem a outra.

E agora ela depositava uma oferenda diante da imagem de Seiryû Huang-ti, no belíssimo Templo do Fogo da Cidade de Luz:

uma tigela de terracota com especiarias picantes e frutas vermelhas, uma vela de cera vermelha e uma vareta de incenso de sândalo.

Era o seu agradecimento, pois sabia que tudo apenas correra bem porque o Deus-Dragão do Fogo cuidou e protegeu a todos até o fim, estando eles próximos dos domínios daquela Divindade.

Entretanto, Izaya não se esqueceu de seu próprio Deus.

Ainda sentia-se indigna de lhe dirigir até os pensamentos, mas não deixou de prestar sua homenagem a Wu-ki.

Pela manhã bem cedo, quando o Sol ainda estava baixo e a Lua Cheia visível, a sacerdotisa foi até as margens do rio Kwan-yin fazer sua oferenda de agradecimento.

Era quase noite e o Templo cerrava suas portas ao pôr-do-sol.

Não havia mais nenhum devoto àquela hora além de Izaya, pois era costume daquele povo orar no Templo ao nascer do Sol e ao meio-dia.

Izaya levantou-se após permanecer de joelhos pelo tempo que durou em arrumar sua oferenda e fazer a sua oração diante da bela e imponente imagem esculpida em rocha ígnea, de cinco metros só na altura, do dragão-serpente vermelho e dourado que representava Seiryû Huang-ti, Deus-Dragão do Fogo e Patrono dos Ferreiros, Alquimistas e Taoístas.

A moça se dobrou numa mesura antes de se retirar.

Ao andar alguns passos em direção à saída, estanca ao sentir uma eletricidade subir por sua coluna.

Virou-se por sobre o ombro, surpreendendo-se.

Diante da imagem do Deus-Dragão, onde antes ela estava de joelhos, havia um homem alto, de ombros largos, com postura militar.

Ele envergava uma linda armadura trabalhada em lâminas que lembravam escamas, com detalhes esmaltados em escarlate, portando um medalhão de rubi no centro da couraça, e o elmo com um pequeno dragão adornando.

Izaya ficou presa àquela figura que não parecia real diante da escultura do dragão e envolta pelas luzes bruxuleantes das velas e das brumas dos incensos.

Continuou olhando fascinada, imaginando que pudesse ser o próprio Huang-ti!

Sobressaltou-se quando o homem deu um passo à frente, saindo da penumbra para a fraca claridade do dia que se findava.

Era um homem lindo, como jamais vira antes, de pele bronzeada e cabelos vermelhos como fogo.

Izaya só saiu do estupor quando ele lhe dirigiu a palavra com voz profunda e calma.

"Agradeço a oferenda, senhorita. O Templo de Seiryû Huang-ti é o seu segundo lar, se assim desejar."

Izaya ruborizou e baixou a vista, tentando reprimir uma risada nervosa.

O que ela estava imaginando, afinal?

O rapaz era um dos soldados-guardiões do Templo, certamente. Sentindo que seu embaraço estava sob controle, a moça fez uma leve mesura, respondeu ao soldado e saiu apressada.

"Grata por suas palavras, senhor! Que o Fogo de Seiryû sempre o ilumine!"

O rapaz sorriu com satisfação, vendo Izaya correr para fora do Templo, flanando os longos cabelos negros e a túnica vaporosa.

"Estou sempre iluminado, minha Pequena Lótus."

Virou-se, desaparecendo na penumbra, diante das chamas brilhantes das velas e das fumaças perfumadas dos incensos.

Na tigela de terracota ofertada por Izaya, onde antes estavam especiarias e frutas, agora estavam apenas cinzas.

Huang-ti aceitou a oferenda...

•°•°•°•°•°•°•N/A: Se estiver gostando da história, clica na estrelinha e deixe o seu voto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•°•°•°•°•°•°•
N/A: Se estiver gostando da história, clica na estrelinha e deixe o seu voto. Isso ajuda na divulgação, fazendo com que se destaque nesse oceano de livros do Wattpad. Obrigada✌🏻😁

K'ien Onde histórias criam vida. Descubra agora