Capítulo 9

12 12 0
                                    

O dia seguinte amanheceu nebuloso e o Sol mal era visto sob o espesso nevoeiro.

Ao longe, na direção do mar, densas nuvens de chuva se aglomeravam.

Depois que Naga saiu para o trabalho, Izaya rumou ao rio Kwan-yin.

Mesmo com todos aqueles sentimentos ruins em relação a si mesma, ela sentia a crescente necessidade de tentar se conectar à sua Deusa-Dragão.

Por mais estranho que tal revelação fosse para o conceito que possuía a respeito de Wu-ki, foi com muita naturalidade que acabou aceitando-a como verdade.

Como poderia um simples soldado de templo saber muito mais que um sacerdote?

Ela não sabia como responder a isso, mas a convicção dele realmente a impressionou!

Em menos de uma hora já havia ultrapassado a primeira queda-d’água que formava o rio.

Ela queria ir além, queria subir a montanha de onde se originava o Kwan-yin.

Não levava nenhuma provisão e sequer se preocupava com qualquer outra coisa que não fosse a sua tentativa de remissão diante de Seiryû Wu-ki.

Centrada apenas numa única ideia repetitiva, Izaya não percebia que o tempo fechava cada vez mais e nuvens densas na cor do chumbo se aglomeravam no cume.

A sacerdotisa apenas caminhava acompanhando o rio, mesmo com dificuldade, vencendo os obstáculos.

Ela já ultrapassara a segunda queda-d’água, que apenas formava uma escadaria natural e uma piscina muito convidativa, quando se deparou com a terceira cachoeira:

uma magnífica queda-d’água com quase vinte metros de altura.

Um verdadeiro templo natural, um recôncavo cercado pela exuberante vegetação, cujo verde brilhante fazia contraste com o chumbo do céu.

Sentiu-se animada, como há muito tempo não se sentia.

Pretendia subir mais acima na montanha, mas por ora aquele lugar maravilhoso era aonde queria ficar.

Certamente ali ela poderia se purificar e orar para sua Deusa, sem a interferência de qualquer inconveniente.

Desamarrou a faixa que acinturava seu balandrau, retirando a ele e as pantalonas em seguida, deixando dobrados sobre uma pedra, ficando vestida apenas com a túnica de mangas longas que lhe cobria até quase os joelhos.

Precisava se purificar.

Apesar da altura da queda, não havia um grande volume de água e era seguro se banhar na piscina e até entrar sob a cachoeira pelas laterais, onde incidia menos volume e impacto das águas.

Izaya entrou, sentindo a água deliciosamente quente em relação à temperatura ambiente.

E pelas pontas dos pés, subiu a tão conhecida vibração, pois, apesar de tudo que aconteceu, ela ainda era uma Filha das Águas, então esse elemento causava uma reação energética prazerosa a ela. Caminhou pelo leito, sobre pedras arredondadas.

Quanto mais Izaya andava para dentro das águas borbulhantes, mais ela sentia aquela energia hídrica preenchendo suas células espirituais, sentindo no tato os elétrons do elemento dançando em sua volta, entrando e saindo de seu corpo.

Quando alcançou o ponto mais próximo da cachoeira, sentindo todo o impacto daquelas águas e a energia da queda, posicionou-se ereta, em pé, com as mãos justapostas diante do Chakra Cardíaco, dando início ao seu ritual de purificação.

Mais acima em uns 500 metros, no cume onde se formava o rio Kwan-yin de uma nascente que brotava das entranhas da montanha, as nuvens de chuva se aglomeraram e fecharam sobre o pico, ocultando-o completamente e, somente lá em cima, começou a chuviscar.

Huang-ti estava em sua Egrégora, um tipo de palácio que pairava no Plano Astral sobre a Cidade de Luz, que era de seu domínio.

Apesar dos problemas envolvendo os domínios de Wu-ki, ele – e nenhum outro Deus – poderia deixar de lado as suas próprias responsabilidades.

Assim como todos os outros, ele era um líder e tal qual tinha as suas prioridades para trabalhar.

E foi durante uma pequena reunião, em que instruía alguns subordinados diretos – Deidades menores, líderes de Falanges – que recebeu a visita inesperada de um pequeno Mensageiro, uma criaturinha alada e flamejante que tinha a forma humanóide.

Era o Elemental do Fogo que Huang-ti colocou para vigiar Izaya.

O Elemental comunicou algo que foi apenas de entendimento do Deus-Dragão.

Por um ínfimo instante suas mãos tremeram e o desespero marcou seu semblante normalmente amímico.

Por menos que tenha demonstrado de sua aflição, os Deuses-subordinados perceberam e também se alarmaram.

Huang-ti, porém, nada lhes disse além do que concernia à reunião, dando por encerrado o que já estava resolvido e adiando o restante.

Partiu de sua Egrégora com a velocidade de um raio, rasgando o céu em chamas escarlates, na sua forma de dragão-serpente.

•°•°•°•°•°•°•N/A: Se estiver gostando da história, clica na estrelinha e deixe o seu voto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•°•°•°•°•°•°•
N/A: Se estiver gostando da história, clica na estrelinha e deixe o seu voto. Isso ajuda na divulgação, fazendo com que se destaque nesse oceano de livros do Wattpad. Obrigada✌🏻😁

K'ien Onde histórias criam vida. Descubra agora