Izaya revirava-se febril sobre a esteira de palha em que dormia num casebre de madeira que dividia com o pai, localizado nos fundos do terreno da casa do irmão mais velho de Naga, que lhes deu acolhida até que pudessem prover a si próprios.
Não era a febre de alguma doença, mas um fogo que lhe queimava dentro do peito, sobre o Chakra Cardíaco.
O encontro com o soldado no templo a perturbara de tal forma que a figura bela e imponente dele invadia até os sonhos da jovem!
Ela conseguiu despertar, ofegante e suada.
O futon com que se cobria estava jogado fora do tablado onde ficava a esteira, mostrando o quanto ela havia se remexido!
Ouviu a respiração profunda do pai, que dormia ao lado, tendo como divisão de privacidade apenas uma cortina de bambu entre eles.
Agradeceu por ele ter o sono tão pesado!
O rosto bronzeado e anguloso do rapaz, iluminado por olhos dourados, veio novamente à memória de Izaya: era quase como se o visse à sua frente!
Desesperada, chacoalhou a cabeça e oprimiu o choro, pulando do tablado e indo até a cômoda, puxando uma pequena gaveta e de lá retirando uma vareta de incenso e fósforos, correndo para fora do casebre e indo para o quintal repleto de plantas, ficando num pequeno descampado onde melhor incidia a luz da Lua Cheia.
Trêmula, acendeu com dificuldade o incenso, fixando-o na terra de um vaso.
Ajoelhada, Izaya curvou-se, deitando a testa sobre a terra úmida, regando-a com suas lágrimas que se derramavam dolorosas.
Ela ainda não se perdoou por aquilo que não fora capaz de impedir: as mortes dos trabalhadores do templo; a destruição do Templo de Seiryû Wu-ki; o seu corpo maculado.
O que mais doía era ter permitido que seu corpo e sua alma fossem conspurcados, sem ter feito nada para impedir, sem ter resistido o suficiente ou mesmo dado um fim naquilo, dando um fim à própria vida.
Bastaram alguns tapas para quebrar sua resistência e inundá-la de medo. Fora fraca e covarde, e isso jamais poderia ser perdoado!
E agora, como se não tivesse se feito suficientemente indigna, manchando a honra de um dia ter sido uma Noiva de Seiryû, ela se suja mais uma vez, pensando com tanto ardor num homem que apenas viu por minutos!
Sem compreender que o seu coração ainda permanecia puro, mesmo depois de toda humilhação, Izaya se mantinha fechada às influências da Deusa-Dragão da Água, Seiryû Wu-ki, e não ouvia os apelos e consolos de sua madrinha...
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K'ien
Fantasy💥 Completa 💥 Conto de Ficção Fantástica sobre Dragões. História completa. Será postado em capítulos curtos conforme a demanda de leitura. Izaya, a sacerdotisa da Deusa-Dragão Wu-Ki, falha em sua missão de proteger a Cidade das Águas, e um golpe...