Capítulo 8

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Dois dias se passaram sem que Izaya se animasse a sair do casebre.

Recusou-se a voltar à cachoeira de Kwan-yin, pois poderia encontrar novamente aquele homem que tanto perturbara suas ideias.

Tentava se ocupar com pequenos afazeres domésticos.

Quando não tinha mais nada a fazer, preparava ervas para chás, saches e defumadores, um meio que encontrou para ganhar algum dinheiro.

Não era muito, mas ao menos ajudava com a alimentação.

Naga acabava de chegar depois de passar o dia inteiro fora, fazendo um ou outro serviço.

Com a economia que possuía, comprou uma carrocinha que ele próprio puxava, fazendo fretes, desde compras feitas no mercado municipal até retiradas de entulhos.

Ele ainda era vigoroso para a idade, mas o trabalho era por demais pesado.

Estava exausto e demonstrava isso em seu semblante, por mais que quisesse ocultar.

Izaya correu ao pai, ajudando-o a sentar-se num banquinho e preparando um copo de chá que amenizaria o cansaço dele.

Somente depois de beber todo o primeiro copo de chá, sentindo-se um pouco melhor, que Naga dirigiu seu olhar cansado, com uma tristeza velada, à filha.

Izaya encheu novamente o copo de cerâmica do pai e ele então começou a relatar o seu dia.

--Hoje trabalhei o dia todo no mercado... e ouvi algumas histórias... sobre nossos conterrâneos.

O coração de Izaya se comprimiu, sentindo-o arder sobre o Chakra, levando as mãos ao peito.

Só em se lembrar das pessoas de seu povo, que sempre tiveram uma vida árdua e agora sofriam terrivelmente nas mãos dos militares, os olhos azuis da moça se marejavam pela tristeza.

--Como temos pouco acesso aos noticiários, e que estes também pouco falam sobre o problema da nossa terra, quase nada sabemos o que tem acontecido por lá.

Naga tornou a relatar o que escutou no mercado, depois de bebericar do seu chá.

--Quase dez mil pessoas tentaram atravessar a fronteira neste último mês... mais da metade ou foi presa e enviada de volta ou morreu na tentativa! Acreditam que esse número ainda multiplicará até o final do ano, se a política dos militares não mudar! Mais uma vez penso que os Deuses-Dragões guiaram a nossa jornada! Se tivéssemos nos atrasado em mais uma semana, seríamos um desses que foram presos ou mortos na tentativa!

Sentada sobre as pernas e com as mãos apoiadas no chão de madeira, Izaya lutava para não chorar diante do pai, pela sorte de seu povo, e absorver mais uma fração da culpa que não pertencia a ela, mas que sentia ser responsável por não ter feito o melhor que sabia fazer e para o qual existia:

oferecer proteção ao povo de Seiryû Wu-ki através de suas orações e trabalhos magísticos.

Em mais de uma centena de gerações de Noivas de Seiryû, uma desgraça como essa jamais se abateu sobre o Reino de Wu-ki. Izaya sentia todo o peso de sua falência.

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