Escuro. Água. Força. Não existe nada. O nada existe realmente. Luz, só do fundo. Fundo inimaginável. Se é perto ou longe, se é longe ou perto. Nesse mundo não há entendimento.
Vozes. São lamentos? Chamadas? Avisos? Gritos... de guerra!? Não. Não sabe a nada, ele não sabe nada. Não há nada. Não existe nada. Por isso, ele não vê nada, não ouve nada, não sente nada, não fala nada, e não sabe nada. Porque não existe nada e ele é o nada. Ele não existe.
Valsa, a mulher com asas de anjo, cabelos brancos compridos, pele que parece a de um bebê. Sem falar na beleza incomparável dela. Aproximou-se.
Estranho, ela ter o mesmo nome que o rio em que habita!
Para não confundir as coisas, Valsa como pessoa é o que foi explicado acima. Já o rio é o curso de água permanente que desagua no mar.
Os aldeiões do maior rio de Valência dizem sempre que quando se atira o corpo de um homem morto nele... O corpo é levado até onde o rio desagua. Mas se for uma alma culpada... Valsa aparece e leva-o consigo.
Há certas ocasiões do ano, em que o rio acende, com luz própria, principalmente no fim do ano. O que simboliza a passagem de um ano para o outro.
– Blá, blá, blá – Disse Valsa depois de ter cantado uma maravilhosa música aos ouvidos de Claude – Histórias, histórias, histórias e mais histórias. Tudo relacionado à mim, são só histórias
Valsa segurou o rosto de Claude, que estava completamente inativo. Ele parecia observar tudo mas não saber de nada, dentro do rio.
– Ah, Claude. Meu menino. O que fizeram com você! – Valsa analisou-o, encostou seu rosto no dele, deu-lhe um beijo na boca.
– Ainda não chegou a tua hora! – Disse-lhe admirada – Todos precisam de você Claude. Por isso, você vai voltar. Vai e sê o que tu és. Salva tudo e todos
Enquanto Valsa falava, Claude permanecia imóvel que nem uma estátua. Valsa cantou uma última canção para ele, enquanto seus cabelos brilhavam e ela o levava tão rapidamente quanto a velocidade de um avião, seguindo a correnteza dentro do rio. Valsa, enquanto o abraçava, fez uma manobra como se fosse um parafuso. Tudo brilhava dentro do rio e de um segundo para outro tudo abaçanou.
Nos confins das terras, nos confins do mundo. O local mais distante da maior floresta de todo o reino de Salém, a parte mais distante da floresta Kaduk.
Bem vindos á nobre saída, onde a lua nua apresenta-se como a criança mais adulta, num lento e rápido correr do vento, ao que designamos tempo.
É aqui onde habitava o grande Vorad. É aqui onde é escondido o maior tesouro do reino inteiro. Jóias, pedras preciosas, moedas de todo o tipo (ouro, prata, bronze etc), é aqui que surge todos os problemas de Salém.
– E o que podemos fazer à não ser esperar que ele acorde? – Era a voz de uma mulher.
– Eu não sei. Já não sei o que dizer ou fazer. Estou de rastos – Dessa vez, ouviu-se uma voz masculina. Eles estavam numa discussão, estavam desesperados.
Claude abriu os olhos, avistou o teto meio sem força para mantê-los aberto. Com o passar dos minutos, ele passou a recuperar todos os sentidos enquanto ouvia as pessoas do outro lado a falarem. Sentiu que estava numa cama. Com toda a sua força de espírito se virou para sair daí, visto que as outras pessoas estavam noutro lado da casa e ele não conseguia falar nada.
– Tuc
As pessoas pararam de falar de repente, depois de ouvirem o barulho que Claude causou ao cair da cama ao tapete. Ele arrastava-se devagar para chegar a porta.
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Clássico (Concluído)
Science FictionTudo começou quando eu acordei no palácio. Eu não sei como lá fui e nem porquê, mas de uma coisa eu tenho a certeza. Foi aquilo e naquele dia que a minha vida mudou.