O segredo de Avery

Cap 4. Ansioso

POV YUGYEOM

Eu não sei mais como responder a tantas perguntas, essa talvez esteja sendo o pior jantar em família que eu já passei.

Faz três dias que ela não acorda, e conseguimos trazê-la pra casa com a desculpa de transferência de hospital, o que foi tão fácil que me espantei com o que dinheiro e influência podem fazer. Estávamos recebendo uma parte da família de minha mãe que veio de longe, incluindo uma das irmãs dela que havia casado na Rússia.

Era interessante os traços que a mistura européia e asiática fizeram nos filhos dela, todos com os cabelos tão loiros que pareciam quase brancos.  Um deles, o mais novo, conversava animadamente comigo em um coreano de sotaque carregado, me mostrando o protótipo do robô que havia desenvolvido.

- Andrey, não importune seu primo com essas bobagens! Porque você não brinca com brinquedos normais como as outras crianças da sua idade? - minha tia ralhou do outro lado da mesa.

- Está tudo bem, de verdade. Você tem muito talento, Andrey! É realmente impressionante seu robô, o que acha de darmos um nome pra ele depois?

A criança assente, levemente envergonhada. Encaro a mãe dele, mas ela já estava conversando com a minha de novo, ignorando completamente o filho. Nada me irrita mais do que grosseria com criança, já que eu me lembro muito bem como me sentia toda vez que minha mãe entrava no quarto gritando comigo ou me envergonhava na frente dos nobres.

- O que a diferença de criação não faz, né? Você nasceu pra ser um príncipe mesmo, tem a educação de um - uma voz feminina soa a meu lado.

- Se eu não tivesse, seria capaz de ser deserdado, Moonbyul - era ri, tomando outro gole de vodka.

- Não que isso seja totalmente ruim no seu caso - murmura antes de se levantar. Sempre admirei a mulher que ela se tornou, sem se importar com as conveniências que nos exigiam, talvez por isso ela, minha irmã e minha prima por parte de pai se dêem tão bem desde sempre. A loira ajeita seu terno e segue para fora do salão, e se eu a conheço bem, sei que ela foi fumar escondida em algum lugar.

Sinto uma mão pequena puxar a barra do meu casaco.

- Posso ir brincar com o Beethoven? - Andrey se encontrava abaixado, se escondendo da mãe que estava do outro lado da mesa.

- Claro! Vamos, eu te levo.

Ele estende os braços pra mim e eu sigo com ele no colo, antes que minha tia possa dizer algo, ele fecha os olhos como se estivesse dormindo.

Moleque esperto.

[...]

Acho que foi a primeira vez dele montando em um cavalo daquele tamanho, porque ele foi do estado de fingir estar dormindo até o de exaustão. Eu não devia ter deixado ele andar tanto assim, mesmo que devagar. O carrego no colo enquanto voltamos ao castelo, seu corpo pequenino se move suavemente com sua respiração.

Não é difícil achar o quarto onde ele vai se hospedar, eu só sigo o cheiro de cigarro e encontro Moonbyul no segundo andar, escorada na grande janela do corredor. Ela abre a porta pra mim e eu deito Andrey no colchão, me certificando que ele fique bem embrulhado.

Acabamos nem escolhendo um nome pro robô.

Fecho a porta devagar atrás de mim, e minha prima oferece um trago do seu veneno diário.

- Não curto, obrigada - ela dá de ombros - Você vai dormir onde?

- Com ele, ele ainda tem aqueles terrores noturnos, não gosto que ele fique sozinho.