Capítulo 4

176 22 1
                                    

LUANA

Não há melhor sensação que estar de volta a casa depois de uma noite no hospital.  Tudo que quero é um banho morno e deitar na minha cama.  Depois de muito argumentar consegui convencer Beth a não ficar . Ela não saiu do meu lado no hospital e precisa descansar.

- Tens certeza que não queres  que fique contigo esta noite?
- Absoluta. Eu estou bem. A sério.

O celular dela vibrou e eu fiquei feliz pela interrupção. Mas logo a ouço murmurar enquanto lê a mensagem.

- Está tudo bem Beth?
- Sim , sim. Só havia esquecido que havia combinado algo com o Álvaro. Mas posso marcar para outro dia.- Ela diz querendo convencer-me que está tudo bem desmarcar com o namorado para ser minha enfermeira mas, eu a corto no mesmo instante.
- Não. Eu estou bem. Vai namorar que faz bem a pele. Se soubesses o quanto algumas de nós sonha com isso.
- Bom, podes investir no Ricky.

Abri a boca para protestar e Beth cortou-me antes de poder dizer uma palavra sequer.

- Ja sei o que vais dizer. Tens que parar de pensar que tu não vales a pena Luana. Es jovem, independente e linda. E não perdes nada em arriscar.
- Só ganho dores de cabeça e um coração partido. Não , obrigada. E viste bem o Ricky? Aposto que tem uma fila de mulheres que se atiram aos seus pés. Muita areia para o meu pequeníssimo camião.

Ela abana a cabeça e me dá um abraço caloroso. Leva sua bolsa que estava depositada no sofá  desde que entramos no apartamento e caminha até a porta.  Mas antes de sair vira-se para mim.

- O tempo não pára e a vida não espera por ninguem. Não penses demasiado. Eu perdi tempo a fazer o mesmo. Me liga se precisares de alguma coisa.

Eu apenas acenei com a cabeça e ela saiu deixando-me sozinha com meus pensamentos.

RICARDO

Saí do hospital directo para casa do Leo. Preciso falar com alguém antes que faça uma estupidez. Somos amigos desde o secundário , apesar de sermos duas pessoas completamente diferentes.
Caminhei para porta e antes de  bater,  a porta abriu e Leo me olhava preocupado.

- Nunca pediste para conversar, deve ser um assunto muito sério.
- Posso entrar? Não tenho planos de partilhar meus assuntos privados com a vizinhança também.

Ele riu e me deixou passar.  Fui directo ao sofá e praticamente atirei o meu corpo nele. Ele sentou-se na poltrona em frente e me olhou por alguns segundos antes de voltar a falar.

- Então???
- Não sei nem por onde começar.
- Wow, é assim tao sério?

Soltei um longo suspiro e afundei mais no sofá, ficando praticamente deitado.

- Lembras da Luana?
- Uhm...de onde?
- Secundário, fofinha, cara de anjo ...
- Oh essa Luana. Não era por ela que tu tinhas...
- Uma paixão boba. Essa mesmo. Depois de anos nossos caminhos se cruzaram. Bem eu passei por cima dela, literalmente.
- Não entendi.

Suspirei e contei com detalhes o atropelamento, ida ao hospital e a despedida esta manhã.

- E ela não te reconheceu? Lamento muito, deve ter doido neh?
- Nem se eu estivesse igual ao que era no secundário, tenho certeza que ela não me reconheceria.

Nunca tive coragem para lhe dizer o que sentia por ela. E agora , estamos ambos diferentes mas eu reconheceria aquela cara em qualquer lugar.

- E o que pretendes fazer?
- Não sei. Pensei que tivesse esquecido, mas quando a vi céus, me senti aquele adolescente inseguro outra vez. 

Leo soltou uma gargalhada e que só piorou meu estado. Entendo porquê ele acha isto engraçado, nem eu me reconheço. Há anos que não me sentia assim.

- Não é engraçado.- Reclama , irritado.
- Na verdade é. Estás com medo de uma mulher, logo tu? 
- Maldita hora que decidí  falar contigo.
- Hey calma. Assuntos sérios agora.  Vais  tentar alguma coisa?
- Eu quero e não quero. Ja foi dificil antes , não estou preparado para outra rejeição.
- Não vais saber se não tentares.

Nisso meu celular vibra e quando olho para o ecrã meu coração se enche de esperança pela primeira vez em não sei quantos anos.

" Luana:  Oi. Obrigada por tudo. Beth disse-me que pagaste as contas do hospital. Não era necessário. Gostaria de poder fazer alguma coisa para te compensar."

Encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora