capítulo 6

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LUANA

Quando finalmente o sábado chegou, eu estava uma pilha de nervos. Levei mais tempo que o habitual a arrumar-me. Saí de casa e meu quarto estava uma zona de guerra de tantas roupas espalhadas na cama e no chão. Troquei de roupa mais vezes do que uma pessoal normal faria e no fim decidi jorgar pelo seguro, calças de jeans e uma blusa branca com riscas horizontais azuis.

Cheguei a lanchonete e tentei seguir a minha rotina o máximo que pude. Olhava para o relógio de meia em meia hora e parecia que o tempo não passava.  Decidi sair do balcão e fiquei na cozinha para não ficar a olhar para porta toda vez que ela abria.

As pessoaa que trabalham para mim são na sua maioria mais  meus amigos que outra coisa. Passamos tanto tempo juntos que é praticamente impossível não se apegar. A chefe da cozinha tem idade para ser minha mãe e no entanto consegue acompanhar as conversas até das garçonetes mais novinhas.

Encostei num canto da parede e fiquei a ouvir a conversa que se desenrolava bem animada, embora minha mente teimava em voltar a se ocupar com uma certa pessoa que chegaria em instantes.
A porta da cozinha abre e entra uma das garçonetes a chamar por mim

- Luana, tem um homem no balcão procurando por ti.

Os batimentos do meu coração aceleraram e nem conseguia fazer com que minhas pernas se mexessem. Ouvi a voz da Rita, a cozinheira, em meio a risos.

- Um homem...essa é nova. Finalmente Lu decidiu sair do baú?
- Meninas, não ponham a carroça em frente aos bois. Agora se me dão licença preciso receber meu convidado.- Falei já de saída para evitar o interrogatório que tenho certeza que se seguiria.

Atravessei a porta que dava para o balcão e congelei quando meus olhos contemplaram o homem de costas para mim. Não era a única. Ele monopolizava a atenção de todas as mulheres dentro da lanchonete.  Ele virou para mim e sorriu , e que sorriso, daqueles que faz uma mulher inteligente ficar burra e boba. Esforcei- me para recuperar minha sanidade mental e fui ao encontro dele.

- Ricky, bem vindo ao cantinho da Lu.

Estendi meu braço para ele e ele segurou minha mão e deu um leve beijo. Senti como se uma corrente de eletricidade percorresse  meu corpo. Levantou a cabeça sem soltar minha mão e quando falou a voz dele fez meu corpo estremecer.

- É um prazer rever-te Luana. Mais linda do que me recordo...

Acho que suspirei, não tenho certeza. Umas das garçonetes parou ao nosso lado e ficou a olhar para o Ricky com olhos sonhadores e um suspiro a mistura. Passei a mão à frente dos olhos  dela e ela saiu do transe em sobressalto.

- Luana a vossa mesa está pronta.
- Obrigada. Ricky queira me acompanhar.

Sentamos e fizemos os nossos pedidos. Ele olhava em redor curioso com o lugar o que me permitiu poder aprecia-lo sem ser apanhada.

- Gostei do teu cantinho. Muito original.
- Obrigada. É meu orgulho.- Acho até que enchi o peito ao dizer isso.
- Como te sentes?
-Optima e obrigada por tudo.
- Foi um prazer.

A medida que fomos falando eu pude relaxar. Ele é tão agradavel e tão bem disposto que foi facil esquecer do resto do mundo e poder saborear a companhia.  Rimos bastante e ele deu algumas ideas que podia usar na lanchonete. 
Eu não queria que o o nosso encontro terminasse e fiquei triste quando ele disse que tinha que ir embora.

- Gostaria de ver-te novamente, Luana. Sinto que as horas estavam contra nós e passou rápido demais.
- Tens meu numero , sinta-se a vontade para me ligar e marcar.- Disse com um atrevimento que me surpreendeu. 
- Podes ter certeza que o farei. Me acompanhas?

Levantamos e ele colocou a mão nas minhas costas guiando-me para caminhar a frente dele. Era impossível ignorar o calor da mão dele em contacto com o tecido leve da blusa que trazia e o aroma do perfume dele que inundava meu espaço.  Saímos da lanchonete e paramos em frente a mota dele, estacionada em frente a lanchonete.

Ele segurou minha mão e beijou. Estou a ser torturada e ele nem imagina o que  faz comigo.  Abri a boca para falar e a minha voz traiu-me saindo quase ofegante.

- Obrigada por ter vindo Ricky. Foi uma manhã muito agradável.

Vi nos olhos dele que ele percebeu o meu estado. Ele aproximou-se e beijou-me no canto da boca tocando levemente meus lábios. Tive que me conter para manter minhas mãos quietas e não me enrolar nele. Sem se afastar ele murmurou e senti o ar que saia da sua boca  acariciar  meu rosto.

- Não vejo a hora de estar contigo novamente.  Até breve Luana.

Afastou-se e  foi até a moto. Colocou o capacete e ligou o motor. Eu não tinha forças para me mexer, não tive outra opção senão ficar ali a ver-lhe ir embora.

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