O barulho de pés sendo arrastados pelo chão ecoavam pelo corredor. Jeonghan parou em frente à porta de seu minúsculo apartamento, abrindo-a de maneira demorada, errando algumas vezes a fechadura ao colocar a chave. Entrou finalmente, tateando ainda sonolento o interruptor a fim de um pouco de luminosidade no local, impedindo que tropeçasse nos móveis e acabasse se machucando.
Precisava dormir, sentia seu corpo todo pesar, mas não conseguiria apagar enquanto não tomasse banho. Dirigiu-se ao banheiro e olhando-se ao espelho, completamente nu, notou as pequenas marcas que Seungcheol havia deixado em si e fechou os olhos lentamente enquanto as tocava com os dedos. Revivia em sua mente a loucura que fizera, mas não gostaria que fosse diferente.
Quando a água quente molhou sua pele, sua mente começou a se esvaziar pouco a pouco, mas uma única coisa permanecia, o sorriso apaixonado que Seungcheol lançava para si sempre que se encontravam. E o garoto temia aquilo, se sentia incapaz de corresponder da mesma forma os sentimentos alheios, e estava a cada momento mais e mais confuso com tudo o que vinha acontecendo de maneira tão rápida em sua vida.
Jogado em sua cama, Jeonghan agora se encontrava com roupas mais confortáveis e pronto para dormir. Porém seu telefone tocou, revelando o nome de seu amigo na tela. Cogitou não atender, mas sabia que seria muito pior caso fizesse isso, então apenas arrastou o dedo e ouviu a voz já conhecida soar do outro lado da linha.
― O que houve? ― a voz soou preocupada. Já estavam conversando por bastante tempo e mesmo que o cansaço estivesse mais evidente em Jeonghan e o mesmo se forçasse a ficar acordado, ele ainda assim sabia que aquilo tudo não era apenas cansaço.
― Nada...
― Jeonghan você não me engana. ― uma longa pausa se deu e o chinês pode ouvir um suspiro longo e cansado vindo de Jeonghan.
― Seungcheol está me confundindo todo.
― Em que sentido?
― Eu não sei... ele mexe com as minhas incertezas, brinca comigo sorrindo daquela força e me tratando tão bem, que eu só... não estou acostumado.
― Jeonghan...
― Eu sei o que vai dizer Jun! Sei que já se passou muito tempo, sei que deveria ter superado, mas eu não consigo... ― algumas gotas solitárias escorreram por seu rosto, notando somente naquele instante o quanto o assunto ainda doía e o aterrorizava.
― Eu sei que consegue. O Cheol não parece alguém babaca a ponto de brincar com você Hannie. Ele tá bobo por ti, não sei como não percebe.
― Mas eu percebo, e é exatamente isso que me assusta.
― Te assusta alguém gostar de você?
― Sim...
Ambos ficaram em silêncio diante da verdade contida naquela simples palavra.
― O que eu faço? ― Jeonghan perguntou incerto se queria mesmo saber a resposta do amigo.
― Você gosta dele?
― Sim... eu acho que sim. ― deu uma leve pausa ― Amo a companhia dele, os momentos em que a gente está juntos... O Cheol sempre me deixa mais feliz.
― Eu notei, você sorri que nem bobo quando vê ele.
― Ei! ― Jeonghan riu anasalado.
― Você sabe que é verdade. ― Junhui rebateu com convicção.
― Então o que eu faço?
― Fique com ele Hannie, se de uma chance de experimentar algo novo. Ele te faz bem, apesar de te fazer quebrar alguma regras e te pôr em risco de perder o emprego. ― havia um tom de malicia na fala de Jun que fez o outro corar, enterrando a cabeça em um travesseiro, a fim de que ninguém o visse daquele jeito, o que era meio impossível já que morava sozinho.
― Eu te odeio!
― Odeia por quê? Quem dera eu tivesse assim com o Minghao que eu gosto.
― Junhui! ― gritou indignado se permitindo rir junto ao amigo.
― Hannie, o que você está esperando pra ficar logo com esse cara? Se mergulhe nesse relacionamento, mesmo com medos, se permita a ficar com alguém que goste de você e que você claramente gosta. Se te deixa tão assustado assim, peça para irem mais devagar.
― Eu não sei... ― disse vago enquanto olhava o teto, agora já mais calmo.
― Pensa direitinho. Eu sei que vocês formariam um belo casal.
― Obrigado. Eu não sei o que seria sem você.
― Um homem desempregado, mas bem comido.
― Junhui! ― o repreendeu novamente ― Eu não sei é como ainda to falando com você, seu depravado!
E foi assim que Jeonghan desligou, soltando um gritinho ao se lembrar do quanto seu corpo ainda parecia sentir os toque de Choi em si. Queria bater em Jun por o conhecer tão bem, mas abraçá-lo por ter o feito pensar melhor em tudo. Somente precisava pensar um pouco, e talvez a resposta para suas incertezas viriam em breve.
Sorrindo e ainda pensando em tudo o que acontecera em tão pouco tempo, virou-se para o lado, se deitando da maneira mais confortável possível em sua cama, deixando os olhos carregados de sono se fecharem lentamente e por fim, poder finalmente descansar.
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Before our Spring
FanfictionSeungcheol e Jeonghan pareciam ter o destino à seu favor. Envoltos de puro sentimento e perdidos em seus mundos e problemas, perceberam que a tempestade sempre chega para destruir o que está sendo construído, com a mesma intensidade que o amor surge...