Grease

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Ambos se encontravam em completo silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos e dúvidas. As taças ainda se encontravam cheias de vinho e a comida mal foi tocada, o som das respirações era apenas o que se ouvia, juntamente com o som da chuva forte que caía lá fora. Não tinham trocado muitas palavras além daquelas cordiais, desde a hora que Seungcheol chegou à casa de Jeonghan.

As conversas com seus amigos ainda ocupavam suas mentes e após duas semana sem se verem, não havia como dizer que estava tudo bem entre eles, porque claramente não estava. O clima estranho e desconfortável pairava sobre eles, e talvez aquele encontro tenha sido um erro enorme, assim como a noite que passaram juntos.

Jeonghan suspirou alto, cansado de tudo aquilo, daquele silêncio que o angustiava ainda mais, talvez fosse impulso seu, mas não aguentava mais.

― Seungcheol... ― o chamou levando sua mão até a dele que estava sobre a mesa, a segurando, sentindo o coração apertar.

― Jeonghan... ― sorriu amarelo.

― Eu acho que tenho que ser verdadeiro com você. ― o outro apenas fechou os olhos, respirou fundo e esperou o pior ― Nos últimos dias eu estive pensando em tudo, te dei teu espaço e me permiti colocar em ordem. Eu quero que saiba que eu tentei, eu realmente tentei. Mas eu simplesmente não consigo. ― se esforçou para olhar nos olhos dele ― Eu não quero te prender a alguém como eu, você não merece isso e eu sei que pensa o mesmo...

― Jeonghan... ― dizer o nome dele parecia doer tanto naquele momento ― Pare de falar bobagens!

― Não são bobagens!

― Então o que são? ― o questionou fazendo o outro se encolher e soltar a mão de Seungcheol.

― Você não entenderia.

― É outra pessoa? ― aquela maldita fofoca veio em sua mente e se odiou muito por isso ― Você apenas cansou de brincar comigo?

― Seungcheol... ― abriu e fechou a boca tentando entender o que ouvia ― Não! Eu não seria capaz de ser tão baixo assim!

― Não é o que dizem. ― levantou-se, precisava caminhar, sair dali talvez.

― Você é capaz de acreditar no que dizem, sem ao menos pedir se é verdade? ― sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos ― Se tem alguém que pode pensar que foi usado, esse alguém sou eu!

― Você está apenas confirmando essa merda, Jeonghan! Você quer que eu pense o que de alguém que quer simplesmente terminar tudo, do nada? ― disse desacreditado, respirando fundo ― Eu não te usei Jeonghan, eu realmente quis tudo o que aconteceu entre a gente. Sempre fui sincero com a porcaria dos meus sentimentos por ti!

― Seungcheol, não é do nada! Você está se afastando. Você nem ao menos falou comigo durante as duas últimas semanas, não foi me ver, e nem adianta dizer que tinha trabalho para fazer, porque eu sei muito bem que não tinha! ― tencionou o maxilar irritado demais com aquilo ― O único mentiroso aqui é você, Choi Seungcheol!

― Você tem certeza que sou eu o único mentiroso? O único que está se afastando? ― virou-se para o olhar ― Você mesmo está me fazendo se arrepender de ter pensado que daríamos certo.

― Seungcheol, onde vai? ― disse indo atrás dele, o vendo sair de seu apartamento, saindo do prédio, mas Jeonghan o seguiu, ignorando o que os vizinhos diriam ― Você não vai sair daqui nessa chuva!

― E desde quando você se importa comigo ou com o que eu sinto? ― uma lágrima teimosa escorreu pelo rosto dele ― Você não pensou quando quis terminar comigo. Então só me deixa em paz, por favor!

Seungcheol apenas saiu porta a fora, sentindo os pingos fortes da chuva o molhar e as lágrimas começarem a escorrer com mais intensidade, se misturando as gotas de chuva. Ele ouviu seu nome ser gritado, mas não parou de caminhar rápido para o mais longe possível do outro.

― Seungcheol, para por favor! Não torna tudo pior!

― Eu tornar algo pior? ― perguntou sarcástico ― Jeonghan me esquece, me deleta da sua vida, finja que nunca passei por ela! Mas só me deixa em paz! ― disse com raiva, vendo que o outro também chorava.

― Eu não posso apenas ignorar o que a gente viveu!

― Você fez isso quando a porcaria da sua insegurança te deixou cego! Você escolheu me deixar livre, então agora eu faço o mesmo com você!

― Seungcheol! ― Jeonghan gritou, mas ele não o ouviu, apenas continuou seu caminho, sentindo seu coração se partir em tantos pedaços que imaginava que jamais poderia consertá-lo novamente.

Jeonghan apenas voltou para casa, e todo o esforço que fez para tentar se acalmar ― enquanto sentia a água da chuva o molhar, em uma tentativa falha de levar embora o que estava sentindo ―, foi totalmente em vão. Ao olhar o casaco do outro ainda sobre o sofá, só se deixou cair no chão e chorar até não sentir mais que tinha lágrimas em si.

― Jun, eu sou um imbecil ― disse ainda entre soluços, assim que o amigo atendeu a ligação, quando finalmente se mexeu apenas para pegar o aparelho próximo de si.

― Jeonghan, o que houve? ― ele apenas recebeu mais soluços em resposta ― Não, não me diga que você desistiu dele! Jeonghan eu... eu estou indo para aí ― e desligou.

Junhui não demorou muito a chegar, e quando entrou na casa do amigo o encontrou todo encharcado encolhido perto do sofá. O ajudou a se levantar em relutância e tentou fazer o melhor para cuidar dele, principalmente pelo fato de ter que tentar o aquecer antes que ficasse doente. Jeonghan demorou a dormir, chorou mais um monte e falou que apenas queria voltar atrás e apagar aquele dia.

Já Seungcheol não se encontrava muito diferente dele, se culpava pelo que disse sem pensar, da maneira como agiu e de como acreditou em tudo aquilo. Doía demais e mesmo que tentasse, não conseguiu dormir um segundo sequer. Ambos estavam despedaçados por terem deixado as suas inseguranças falarem mais alto do que o que sentiam um pelo outro.

Before our SpringOnde histórias criam vida. Descubra agora