Just for a day

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Jeonghan sabia que não deveria se torturar daquela maneira, mas continuou pegando o mesmo ônibus que sempre dividia com Seungcheol. Contudo, apenas o observava de longe. Queria conversar com ele, ao mesmo tempo que queria que o garoto sumisse de sua frente e parasse de o atormentar.

Odiava as lembranças que lhe vinham como uma tsunami, levando consigo sua máscara de "está tudo bem", deixando apenas a tristeza e a angústia que o fazia soluçar nos braços do amigo, se culpando por tudo.

Junhui já não aguentava o ver daquela forma, mesmo depois de ter feito com que tirasse uma semana de férias e cuidado para que o amigo se sentisse pelo menos um pouco melhor depois de tudo o que aconteceu.

Prometeu ao mais velho que não se meteria, mas não deixou de falar sobre o quando Jeonghan foi imaturo de não ter perguntado e conversado direito com o outro, e o quanto Seungcheol foi idiota de não ter ao menos explicado tudo antes que chegasse a esse ponto.

Aquilo somente virava uma bola de neve ainda maior conforme os dias passavam.

Jeonghan apenas queria deixar aquilo no passado e continuar vivendo sua vida. Repetia isso para si mesmo todos os dias, numa tentativa falha de acreditar que estava tudo terminado e que era passado, mas tinham plena consciência que não o esqueceria tão fácil assim.

Com o Natal se aproximando, decidiu que iria passá-lo com sua família, pois era melhor do que ficar sozinho, já que seu amigo iria estar com a família dele também, e por mais que tenha lhe convidado, se sentia deslocado demais lá.

Durante o caminho até sua cidade, olhar a paisagem o distraiu um pouco, o clima natalino sempre lhe foi algo bom e o remetia a lembranças gostosas de sua infância. Como quando brincava na neve com sua irmã e primos, enquanto as mulheres da família preparavam a ceia, e os homens colocavam o papo em dia.

Contudo, foi quando sentiu o abraço de sua mãe lhe envolver, que todo o tempo que tentou ser forte e não chorar, se desfez, deixando que as lágrimas transbordassem por seus olhos.

Preocupada, passou a mão sobre os cabelos do filho, o confortando, e apenas esperou que se acalmasse e lhe contasse o que tanto o fazia chorar. Mas Jeonghan mentiu. Disse que era apenas saudade de casa, o que não deixava de ser uma verdade, mas não era o motivo principal de estar naquele estado.

Na véspera de Natal, enquanto permanecia lá fora, no frio, olhando a neve cair, sentiu os braços de sua mãe o envolver e apenas continuaram em silêncio. Quando ele finalmente foi quebrado pelo suspiro do garoto, suas falas fizeram o coração de sua mãe apertar.

― Me torna alguém ruim querer que ele morra? ― disse com um riso fraco, mas ele não queria de verdade, ambos sabiam disso ― Dói sabe?! Dói, porque eu não estou mais no presente dele, porque não podemos mais cumprir o plano de passar essa merda de dia juntos, e nem sei se ainda vai existir um "juntos" entre a gente.

― Filho... ― sua mãe lhe chamou de maneira calma.

― Mãe, nem tente... ― suspirou deixando uma lágrima solitária escorrer por seu rosto.

― Jeonghan, olhe para mim e me escute ― assim ele fez ― Você não quer admitir que o ama, e que ele conseguiu ultrapassar todas as barreiras que você construiu para afastar as pessoas. Por isso o afastou de si, por isso sentiu tanto medo.

― Eu... ― ela balançou sua mão o fazendo se calar.

― Nem comece negar, eu te conheço. ― ele apenas desviou o olhar dela focando no chão a sua frente ― Se por apenas um dia você pensar em você mesmo, pelo menos um pouquinho, e se achar que vale a pena nem que seja conversar para se desculpar. Faça! Não importa o que aconteceu no passado, é o presente que importa filho, e em seu presente você está deplorável!

Aquele comentário fez ambos soltarem uma risadinha, por ser a maior verdade já dita. Jeonghan não estava na melhor das aparências.

― Eu não tenho coragem...

― Nem ele pelo visto! ― ele sorriu novamente ― Por Deus! Um dos dois precisa ceder e deixar esse orgulho de lado.

― Mas...

― No seu tempo, Han, no seu tempo. Mas eu sei que vai fazer o que é certo para você e independente do que escolher, seja ficar ao lado dele ou tentar esquecê-lo, saiba que estarei aqui para te apoiar.

Jeonghan a abraçou forte, sentindo seu coração se apertar, e sua cabeça ficar ainda mais confusa com o que ela disse. Porém, a agradecia, e muito, por sempre o confortar.

― Te amo, mãe.

― Eu sei, agora vamos entrar antes que nós dois ficamos doentes ― disse o puxando para dentro de casa, o fazendo rir ― também te amo, filho ― pronunciou já no calor de casa, deixando um beijo em sua testa.

Sua mãe torcia para que tudo acabasse bem, e que esse bem fosse com o seu filho feliz, com ou sem o outro garoto.

Before our SpringOnde histórias criam vida. Descubra agora